Puros e mortos
"O Estadão dedica a sua manchete, hoje, a algo que os “vigilantes ideológicos” gostam de fazer sempre", diz o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço; "Louvável a pureza ideológica do jornal dos Mesquita, no diapasão que seguem outros jornais que, claro, também apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff. Quem sabe publicariam nas suas capas: 'Este jornal apoiou a entrega do governo a Michel Temer'?", questiona
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Por Fernando Brito, do Tijolaço - O Estadão dedica a sua manchete, hoje, a algo que os “vigilantes ideológicos” gostam de fazer sempre.
“PT faz alianças com siglas que apoiaram o impeachment “.
“O PT se aliou em 15 Estados a partidos que apoiaram o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e integraram o governo Michel Temer. O PT será cabeça de chapa ao governo de seis Estados em coligações com siglas classificadas por militantes e dirigentes petistas de “golpistas”. Na mão inversa, outros nove candidatos a governador de partidos que votaram pelo afastamento de Dilma vão ter o apoio do PT. Desses nove, há filiados ao MDB, PSD, PTB, PR e Rede.”
Louvável a pureza ideológica do jornal dos Mesquita, no diapasão que seguem outros jornais que, claro, também apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff.
Quem sabe publicariam nas suas capas: “Este jornal apoiou a entrega do governo a Michel Temer”?
Sabe-se desde antes de minha bisavó que, quando faltam virtudes a algum cidadão, seu primeira providência é invocar os “pecados” alheios.
Nada surpreendente, pois, como não é surpresa que, também à esquerda surjam, aqui e ali, posturas semelhantes.
Gente cujo objetivo principal é permanecer “pura e casta” no jogo da política, pouco importando que, com isso, o país seja retalhado, vendido e o seu povo mergulhe na miséria extrema e no desespero.
Bem vemos, por Marina Silva, onde acabam indo parar.
Isso nada tem a ver com honradez pessoal e honestidade na gestão pública, mas com uma noção de “superioridade moral” que, no fundo, só traduz o elitismo de quem age assim.
Engraçado é que, à direita e à esquerda, estes mesmos sujeitos reclamem da insistência de Lula e do PT em manterem a sua real posição hegemônica no campo popular. Real, sim, porque não há nem de longe quem possa representá-lo como o ex-presidente.
Aí, ceder o comando a quem não tem voto é “bonito”, é “desprendimento” e “comportamento democrático”.
Tratam a política com ares “religiosos”, como “bons e maus” e, em nome da pureza não vacilam em entregar os postos de governo aos maus.
Estes, quando fazem suas alianças, são “hábeis”, “democráticos”, “agregadores”.
Sejamos claros, este não é um concurso para ver quem, entre nós, é o mais puro e virtuoso.
É uma luta de vida ou morte para a democracia e para, no horizonte próximo, retomar-se o caminho para a inclusão, para a justiça social, para a nossa própria existência como Nação.
Há um homem numa cela por ter pensado e agido assim.
Mas isto não vem ao caso, o importante é que fiquemos sempre limpinhos, cheirosos e falando apenas entre nós.
Enquanto eles, os donos do mundo, chafurdam no sangue e nas vísceras de um país e de seu povo.
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