Singer: o ciclo que destruiu a Constituição de 1988 começa agora
O cientista político Andre Singer chama a atenção para os ciclos políticos que se encerram e que começam; para Singer, a crise política se iniciou em 2016, com o impeachment sem crime, e concluiu-se em 2018, com a vitória de um fundamentalista para a presidência da república; o cientista político afirma que essas etapas correspondem à tentativa bem sucedida de destruir o modelo da Constituição de 1988
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247 - O cientista político Andre Singer chama a atenção para os ciclos políticos que se encerram e que começam. Para Singer, a crise política se iniciou em 2016, com o impeachment sem crime, e concluiu-se em 2018, com a vitória de um fundamentalista para a presidência da república. Para Singer, essas etapas correspondem à tentativa bem sucedida de destruir o modelo da Constituição de 1988.
Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, Singer destaca que "o sistema anterior, que era também socioeconômico, foi varrido pela combinação de piora material com profusão de escândalos. Nas duas dimensões, o campo popular, comandado por Lula, não deu as respostas necessárias para manter a maioria conquistada em 2002. Os sobreviventes do terremoto —como é o caso do lulismo —podem até dar a volta por cima, mas terão que atuar em condições transformadas."
Segundo o cientista político, "o espectro ocupado pelo centro e pela direita, por sua vez, deixou-se levar pela tentação do golpe parlamentar e foi tragado pelo candidato que encarnava o verdadeiro espírito golpista."
Ele adverte: "agora não adianta chorar sobre o leite derramado: um novo ciclo se abre. A extrema direita ganhou o direito de implementar o seu modelo por pelo menos quatro anos."
Sem deixar de usar de ironia para caracterizar o momento político: "um misto improvisado, bizarro e lúgubre de trumpismo, pinochetismo e olavismo de carvalho está no ar. O anverso propositivo da Lava Jato inaugura-se em 1º de janeiro e o seu perfil ainda é difícil de entender."
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