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Mídia

Tijolaço: ‘aberração como Bolsonaro não cresce sozinha’

Jornalista Fernando Brito comenta a polêmica em torno do convite e o posterior "desconvite" para palestra do deputado Jari Bolsonaro (PSC) no clube Hebraica de São Paulo; "Os promotores de Bolsonaro são outros e muitos deles se dizem, inclusive, chocados com a brutalidade do nosso caricato “Rambo” da extrema direita. Bolsonaro é filho da mídia que sempre estimulou a selvageria, primeiro nas suas periferias “popularescas” e, de alguns anos para cá, nos espaços mais nobres de sua orientação política"

Jornalista Fernando Brito comenta a polêmica em torno do convite e o posterior "desconvite" para palestra do deputado Jari Bolsonaro (PSC) no clube Hebraica de São Paulo; "Os promotores de Bolsonaro são outros e muitos deles se dizem, inclusive, chocados com a brutalidade do nosso caricato “Rambo” da extrema direita. Bolsonaro é filho da mídia que sempre estimulou a selvageria, primeiro nas suas periferias “popularescas” e, de alguns anos para cá, nos espaços mais nobres de sua orientação política" (Foto: Aquiles Lins)
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Por Fernando Brito, do Tijolaço - Bolsonaro foi convidado e depois “desconvidado” para falar na Hebraica de São Paulo, noticia a Folha.

Mais chocante que o “desconvite” é o convite, partido de um endinheirado empresário, Alexandre Nigri, que entre outras ideias, acha que um dos problemas da cinema brasileiro é que somos, entre os Brics, o único povo a não possuir fenótipo definido. ”Brasileiro tem cara de japonês, de italiano, de português… não é como os demais povos dos Brics”.

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Mas não sejamos injustos contra este amante da identidade brasileira, que tem uma imobiliária que preferiu batizar como MCP Realty, em lugar de um prosaico “Imóveis”, e que critica o cinema brasileiro por que, diz ele, “possui por suas lentes a visão única da miserável pobreza.”

Há gente muito maior, e também muito mais gente neste embrulho.

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Os promotores de Bolsonaro são outros e muitos deles se dizem, inclusive, chocados com a brutalidade do nosso caricato “Rambo” da extrema direita.

Bolsonaro é filho da mídia que sempre estimulou a selvageria, primeiro nas suas periferias “popularescas” e, de alguns anos para cá, nos espaços mais nobres de sua orientação política.

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A mídia, voz das classes dominantes e elites negociais  brasileiras, não transferiu para a política, com seus jabores, mervais, noblats e outros, o mesmo discurso intolerantes, criminalizantes, excludentes, moralistas  que, no noticiário policial, cabia aos Datena, aos Ratinho, aos Wagner Montes?

Bolsonaro existe politicamente há 25 anos e não ia além de representar famílias de militares, por defender causas corporativas e de viúvos e viúvas da ditadura,  um deputado de 100 mil votos. Por que passou a quase meio milhão em 2014, sem ser nenhuma “novidade”?

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Do bruto nasce o bruto e a brutalidade é o estrume onde tipos assim acabam por vicejar.

Adubaram Bolsonaro, agora com a ajuda da internet, que tirou o pudor dos odiadores, dos autoritários,  dos violentos. Que, como se sabe, só alcançam em turba o ápice de seus desejos selvagens.

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Como disse Leandro Karnal em uma palestra recente : classificar Bolsonaro como fascista é entrar na bipolaridade que marca o debate.

-Se Bolsonaro for fascista, protofascista, criptofascista, nada muda o fato de que quase meio milhão de fluminenses deram seu voto a ele, e não deram o seu voto porque ele escondeu suas opiniões, mas  porque , exatamente, ele disse com clareza essa opinião.

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Aquela, que num estalo, diz que os problemas de uma sociedade vão ser resolvidos com moral, decência, cadeia, penas ou, mais rapidamente, tiros.

Também lhe demos nossa “mãozinha” a este processo de brutalização.

Afinal, não nos tornamos, nós próprios, em parte da esquerda, arautos do certo e do errado, fiscais de turbantes e de marchinhas? Não aceitamos, como método,  o tal “escracho” parido pelos sujeitos de baixa extração do sensacionalismo policial?

Se alguma lição ficou do que nos faltou nos 13 anos de governo progressista não é o fato de que este governo falhou em muita coisa e em tantas outras foi ingênuo. É, sobretudo, a de não ter entendido que, para se contrapor ao sistema do colonialismo-atraso- exclusão que nos é secularmente imposto é preciso política, articulação e, sobretudo, transformar a tolerância num bem social.

Aquele que nos permite conviver como sociedade e que – mais lentamente, por vezes, do que é justo e é nosso desejo –  possa mudar as referências que não deixam imensos contingentes serem cooptados pelo obscurantismo.

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