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Tijolaço: FHC entra na onda de estancar a sangria da Lava Jato

"No seu artigo de hoje no Estadão, para bom entendedor, Fernando Henrique junta-se ao grupo do “é preciso estancar esta sangria” da Operação Lava Jato", diz Fernando Brito, editor do Tijolaço; "Mas, espere aí, Fernando Henrique… Agora que se derrubou o governo eleito, é 'hora para a busca de convergência'? Que cara de pau!"

SÃO PAULO, SP - 20.05.2013: FHC/PALESTRA/EXECUTIVOS/SP - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dá palestra para executivos da Thomson Reuters no hotel Unique, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, na zona sul da capital paulista, nesta segunda-feira. (F (Foto: Leonardo Attuch)
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Por Fernando Brito, editor do Tijolaço

No seu artigo de hoje no Estadão, para bom entendedor, Fernando Henrique junta-se ao grupo do “é preciso estancar esta sangria” da Operação Lava Jato.

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Digo há tempos que o sistema político atual (eleitoral e partidário) está “bichado”. Sou defensor das ações da Lava Jato e sei que sem elas seria mais difícil melhorar as coisas. Mas não nos iludamos: sem alguma forma de instituição política e sem políticos que a manejem, não será suficiente botar corruptos na cadeia para purgar erros de condução da economia e da política. Que se ponha na cadeia quem for responsável, mas não se confunda tudo: nem todos os políticos basearam sua trajetória na transgressão nem todos os que financiaram a política, bem como os que receberam ajuda financeira, foram doadores ou receptores de “propinas”. Se não se distinguir o que foi doação eleitoral dentro da lei do que foi “caixa 2”, e este do que foi arranjo criminoso entre governo, partidos, funcionários e empresários, faremos o jogo de que “todos são iguais”.

Se fossem, que saída haveria? Está na hora de juntar as forças descomprometidas com o crime – e elas existem nos vários setores do espectro político – para que o bom senso volte a imperar e para que possamos recriar as instituições, entendendo que no mundo contemporâneo a transparência não é uma virtude, mas um imperativo e, por outro lado, que se não houver meios institucionais para decidir e legitimar o que queremos não sairemos da desilusão e da perplexidade.

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Não é hora só para acusações, é hora também para a busca de convergências.

Mas, espere aí, Fernando Henrique…Não era esse o discurso que se fazia e que era acusado de ser cobertura para um desejo de “parar a Lava Jato”? Quando se dizia que as coisas estavam sendo conduzidas de maneira que quebraria a economia brasileira, faria paralisar o país e explodiria o emprego, não se era acusado de “cúmplice” das empreiteiras?

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Agora que se derrubou o governo eleito, é “hora para a busca de convergência”?

O senhor acha que é possível “juntar as forças descomprometidas com o crime” com a cassação justamente daquela a quem não se acusa de crime algum, senão de “pedalada fiscais” que já se desmoralizaram com a perícia e com vagas alegações de que decretos orçamentários estariam em desacordo com a meta fiscal, o que, no insuspeito dizer de Elio Gaspari, “derrubaria todos os governantes, de Michel Temer a Tomé de Sousa”?

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E é de supor que o senhor pretenda que dentro destas forças esteja o PSDB, cujo o presidente nacional, seu pupilo Aécio Neves, sobre o qual pesam já mais de uma dezena de acusações de delatores, que vão de Furnas às obras do centro administrativo de Minas Gerais.

Como é possível crer na honestidade em quem aponta o dedo para os outros – “Há responsáveis, mas não vem ao caso acusar. Provavelmente alguns deles, se forem intelectualmente honestos, estão se perguntando: por que não vi antes que endividar irresponsavelmente o País, mesmo que a pretexto de aumentar momentaneamente o bem-estar do povo e criar ilusões de crescimento econômico, é algo ruinoso, que as gerações futuras pagarão?” – se o seu próprio governo fez isso em escala estratosférica e elevou a dívida pública, que era de 28,4% em 1995 para a 55,9% no final de 2002?

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Que cara de pau!

É por isso que Fernando Henrique é desmontado por Mehdi Hasan, jornalista inglês da Al Jazeera, numa entrevista que, infelizmente, ainda não está legendada na rede. Mas você pode ver o desastre acompanhando o vídeo (ao final do post) e lendo a tradução comentada feita por Pablo Villaça no Facebook. É uma saia-justa a um incoerente quase que do princípio ao fim.

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Habituado a entrevistas com jornalistas brasileiros, que se limitam a levantar a bola para que ele corte em movimentos ensaiados, FHC teve suas posições confrontadas por um âncora da Al Jazeera (…)

No espaço de apenas dez minutos. o ex-presidente se embaraça repetidas vezes, chegando a contradizer a narrativa que seus comparsas golpistas vêm insistindo ao falar do “impeachment”.

Aliás, FHC já abre a entrevista admitindo que Dilma NÃO cometeu crime “no sentido penal”. E completou “ela cometeu um crime POLÍTICO”. O que não deixa de ser interessante, já que não há nada na Constituição que defina “crime político” ou o impeachment como pena.

Aí o entrevistador aponta que FHC pedalava 300 milhões POR ANO, inspirando a seguinte e inacreditável resposta: “No meu caso, foi diferente. Estávamos nos ajustando”.

Em seguida, o âncora aponta como Cunha, Temer e demais cúmplices são acusados de corrupção e pergunta se FHC não vê ironia no fato destes liderarem o “impeachment”. O ex-presidente começa a gaguejar, murmura algo sobre “foi o ‘povo’ que liderou” e diz que talvez Temer/Cunha sejam oportunistas. É então que o entrevistador o interrompe e diz: “Ok, então você aceita oportunismo” e muda de assunto.

TOIM.

O que vem a seguir é a melhor isca. “O senhor disse que o impeachment foi por causa do povo. 58% do povo quer que Temer saia. Você apoia o impeachment de Temer, então?”

FHC começa a gaguejar e tenta mentir sobre a pesquisa. Entrevistador o corta e o corrige. O seguinte diálogo é travado:

FHC: “Eu não conheço essa pesquisa”.

“Estou te informando agora.”

“Você precisa ter mais informações.”

“O SENHOR é que não conhecia a pesquisa!”

Mas o melhor momento: o jornalista aponta que a Lavajato revelou corrupção na Petrobrás na época do governo FHC e este enlouquece:

“No, no, no. I protest!” E diz que foi denúncia “política”.

E dá um piti que vocês não imaginam. Têm que ver pra crer.

A seguir, entrevistador fala da gravação de Jucá dizendo que precisam tirar Dilma e colocar Temer pra parar o sangramento da Lavajato. FHC primeiro tenta mudar de assunto; entrevistador insiste. O político então diz (juro): “Qual foi o resultado (da conversa)? Zero.”

“ZERO”?! O resultado foi EXATAMENTE O QUE ELES DISCUTIAM NA GRAVAÇÃO!

Para finalizar, o entrevistador menciona a investigação sobre a denúncia de que FHC usou a Brasif pra pagar mensalmente a ex-amante na França.

FHC: “É mentira.”

“Então por que está havendo investigação?”

“Porque o PMDB pressionou politicamente o MINISTÉRIO DA JUSTIÇA!”

Em outras palavras: o cérebro de FHC para de funcionar sob a pressão.

Que entrevista DESASTROSA. Em resumo: admitiu que não há razão criminal pro impeachment; que a questão é só política; …que todas as denúncias contra Dilma são reais, mas contra ele são motivadas politicamente e ainda gaguejou, deu piti e não soube responder.”

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