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Analistas divergem sobre contágio da crise turca

Há duas visões radicalmente distintas sobre a repercussão da grave crise da moeda turca sobre os países emergentes; a lira caiu 21% na semana passada e outras moedas emergentes tiveram perdas; há analistas que apostam num vendaval similar ao de 2013 e outros que descartam tal possibilidade pela posição sólida da conta corrente de importantes países desse grupo; em torno das avaliações, há enormes operações especulativas dos bancos globais

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247 - Há duas visões radicalmente distintas sobre a repercussão da grave crise da moeda turca sobre os países emergentes.  A lira caiu 21% apenas na semana passada e outras moedas emergentes tiveram perdas, com um índice amplo dessas divisas praticamente zerando os ganhos de todo o ano passado. Há analistas que apostam num vendaval similar ao de 2013 e outros que descartam tal possibilidade pela posição sólida da conta corrente de importantes países desse grupo. Em torno das avaliações, há enormes operações especulativas dos bancos globais.

De fato, a possibilidade de um contágio imediato dos problemas turcos a outros emergentes é justamente a situação de conta corrente de importantes países desse grupo. O Brasil, por exemplo, acumula déficit de apenas 0,70% do PIB em 12 meses até junho. Ao fim de 2013, o rombo estava em 3,03%, indo a 4,44% em abril de 2015. O déficit da África do Sul deve fechar este ano em 2,9% do PIB, bem abaixo dos 5,9% de 2013. E a Indonésia reduzirá seu déficit em 2018 para 1,9% do PIB, de 3,2% em 2013, conforme estimativas do FMI.

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Antes de uma contaminação mais ampla a emergentes, é preciso observar a Europa, diz Saad Siddiqui, estrategista do J.P. Morgan para mercados emergentes, segundo relato do jornal Valor Econômico (leia aqui). Segundo ele, a Turquia possui links financeiros e comerciais mais voltados ao continente europeu do que a outras economias emergentes. Citando dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Siddiqui afirma que a dívida turca com bancos da Europa Ocidental supera US$ 130 bilhões, o equivalente a 15% do PIB. "Portanto, um estresse adicional na Turquia provavelmente seria inicialmente transmitido ao setor financeiro europeu em vez de aos mercados emergentes de forma mais ampla", diz o estrategista.

Ilya Gofshteyn, estrategista do Standard Chartered Bank em Nova York, atribui probabilidade ainda menor de um contágio da crise turca ao mundo emergente, embora cite um "pânico de curto prazo" sobre o mercado financeiro do país. "O mundo reage hoje à Turquia, mas no médio e longo prazos os pontos que pesarão mesmo serão China e Estados Unidos", afirma. "A despeito da reação dos preços ativos, estamos até mais construtivos do que um mês atrás, quando acredito que havia até mais pontos de incerteza sobre essas duas economias", diz o estrategista do Standard Chartered.

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O presidente turco, Tayyip Erdogan, tem buscado acalmar a economia turca sem medidas radicais e recusando o receituário neoliberal de enfrentamento da crise cambial com bruscas elevações das taxas de juros, como fez recentemente o presidente argentino, Maurício Macri. "As taxas de juros são uma ferramenta de exploração que torna os ricos mais ricos e os pobres mais pobres", disse Erdogan. "Ninguém deveria tentar nos fazer cair nessa armadilha, não seremos enganados por essa trama" (leia aqui). 

Mesmo com um cenário distinto do de 2013, há analistas de bancos e empresas de gestão de fortunas que apostam na crise: "A história sugere que uma crise em um mercado emergente pode se espalhar para outros com vulnerabilidades similares", diz William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes da consultoria britânica Capital Economics, lembrando o episódio de 2013, quando as moedas dos "Cinco Frágeis" (Brasil, Índia, Indonésia, Turquia e África do Sul), todos com elevados déficits em conta corrente naquele momento, sofreram as maiores quedas.

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Esta semana será decisiva para indicar qual dos lados tem razão sobre o futuro da economia da Turquia e dos países emergentes, com repercussão sobre a economia global.

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