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As mentiras nucleares do secretário geral da Otan

Manlio Dinucci, analista italiano sobre questões militares, colunista do jornal italiano Il Manifesto e do site Resistência, adverte para os perigos da corrida armamentista nuclear que os Estados Unidos promovem na Europa, com finalidades anti-Rússia

As mentiras nucleares do secretário geral da Otan (Foto: YVES HERMAN)
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247, com Resistência, por Manlio Dinucci - "Os mísseis russos são um perigo" - lança o alarme o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em entrevista ao jornal "Corriere della Sera", com o jornalista Maurizio Caprara, três dias antes do "incidente" do Mar de Azov que joga gasolina na incandescente tensão com a Rússia. "Não há novos mísseis na Europa, mas mísseis russos sim", declara Stoltenberg, omitindo dois fatos.

Primeiro: a partir de março de 2020, os Estados Unidos começarão a instalar na Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda (para onde já foram deslocadas as bombas nucleares B-61), e provavelmente em outros países europeus, a primeira bomba nuclear do seu arsenal guiada com precisão, a B61-12, com finalidade principalmente anti-Rússia. A nova bomba é dotada de capacidade penetrante para explodir debaixo da terra, o que permite destruir os bunkers dos centros de comando em um primeiro ataque.

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Como reagiriam os Estados Unidos se a Rússia deslocasse bombas nucleares ao México, logo ao lado do seu território?

A Itália e outros países, violando o Tratado de não-proliferação, colocam à disposição dos EUA bases, pilotos e aviões para o deslocamento de armas nucleares, deixando a Europa exposta a maiores riscos como a primeira linha do crescente confronto com a Rússia.

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Segundo: um novo sistema de mísseis estadunidenses foi instalado em 2016 na Romênia, e um semelhante está para ser instalado na Polônia. Esse mesmo sistema de mísseis está instalado sobre quatro navios de guerra que, deslocados pela U.S. Navy para a base espanhola de Rota, se cruzam no Mar Negro e no Mar Báltico nas proximidades do território russo.

Sejam as instalações terrestres, sejam as navais, todas são dotadas de lançadores verticais MK 41 da Lockheed Martin, os quais – especifica a própria empresa construtora - podem lançar "mísseis para todas as missões: seja o SM-3 para defesa contra os mísseis balísticos, seja os Tomahawk de longo alcance para ataque a objetivos terrestres". Estes últimos podem ser armados também com ogivas nucleares.

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Não podendo verificar quais são os mísseis que estão realmente nos lançadores instalados nas proximidades do território russo, Moscou dá como certo que são os mísseis de ataque nuclear, o que viola o Tratado INF que proíbe a instalação de mísseis de curto e médio com base em terra.

Por seu turno, Stoltenberg acusa a Rússia de violar o Tratado INF, lançando a advertência: "não podemos aceitar que os tratados sejam violados impunemente". Em 2014, a administração Obama acusou a Rússia, sem apresentar provas, de ter experimentado um míssil de cruzeiro (SSC-8) de categoria proibida pelo Tratado, anunciando que "os Estados Unidos estão considerando o deslocamento para a Europa de mísseis com base em terra", ou seja, o abandono do Tratado INF.

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O plano, mantido pelos aliados europeus da Otan, foi confirmado pela administração Trump: no ano fiscal de 2018 o Congresso autorizou o financiamento de um programa de pesquisa e desenvolvimento de um míssil de cruzeiro lançado de terra a partir de uma plataforma móvel.

Mísseis nucleares do tipo dos euromísseis, deslocados pelos EUA para a Europa nos anos 1980 e eliminados pelo Tratado INF, estão em condições de golpear a Rússia, enquanto os semelhantes mísseis nucleares instalados na Rússia podem golpear a Europa mas não os EUA. O próprio Stoltenberg, referindo-se aos SSC-8 que a Rússia tinha instalado em seu território, declara que estão "em condições de atingir grande parte da Europa, mas não os Estados Unidos". É assim que os Estados Unidos defendem a Europa.

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É grotesca, enfim, a afirmação de Stoltenberg que, atribuindo à Rússia "a ideia muito perigosa de conflitos nucleares limitados", adverte: "Todas as armas atômicas são perigosas, mas as que podem diminuir o limiar para o seu uso são particularmente perigosas".

É exatamente a advertência lançada por experts militares e cientistas estadunidenses a propósito dos B61-12 que estão por ser instalados na Europa: "Armas nucleares de menor potência e mais precisas aumentam a tentação de usá-las, e mesmo de ser o primeiro a usá-las, em vez de na condição de represália".

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Por que o "Corriere" não os entrevista?

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Manlio Dinucci, é jornalista e geógrafo. Publicado originalmente em Il Manifesto; traduzido por José Reinaldo Carvalho para o Resistência.

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