Bolívia tem o direito de punir golpistas, diz analista internacional
Vitória nas urnas é só o começo. Para restaurar a democracia, após um ano de terror de Estado, país precisará reformar a Polícia e as Forças Armadas, punir criminosos e reconstruir a soberania nacional, longe de interferências da OEA, afirma o comentarista internacional Almir Felitte
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247 - "As eleições bolivianas parecem caminhar para um desfecho mais do que previsto: a vitória de Luis Arce, do MAS, mesmo partido do ex-Presidente Evo Morales, já em primeiro turno. Mesmo antes do fim da apuração, até a atual presidente golpista, Jeanine Áñez, e o principal adversário do vitorioso, Carlos Mesa, já reconheceram a acachapante derrota.
Se tudo correr bem, será o triunfal retorno da esquerda ao poder boliviano apenas um ano após o violento golpe militarizado que a direita liberal deu no país", escreve Almir Felitte no Outras Palavras.
"O resultado das urnas também deve ser visto como uma grande resposta às dúvidas falsamente levantadas no pleito de 2019. Dúvidas que sequer deveriam existir, é verdade, já que o relatório da OEA que apontava fraudes na vitória de Evo já havia sido desmascarado tempos atrás como mentiroso e com objetivos de favorecer a direita boliviana. Provavelmente com mais de 50% dos votos na eleição do último fim de semana, o MAS parece ter conseguido ampliar ainda mais a vantagem sobre os rivais. Basicamente, o povo boliviano acaba de mostrar ao mundo que Evo Morales fora a verdadeira vítima do golpe de 2019".
"Mas, se estas eleições trouxeram muitas respostas, também é certo que deixam o país com uma série de novas dúvidas. Primeiro porque, após um ano sob um regime militarizado extremamente violento, é difícil crer que a volta do MAS será aceita de forma pacífica pelos setores mais radicais da direita. Vale lembrar que as forças de segurança pública e as Forças Armadas do país desempenharam um papel fundamental no golpe do ano passado".
"Resta a pergunta: o Governo Boliviano poderá exercer seu legítimo direito de punir assassinos, torturadores e golpistas sem que a OEA e grandes potências o acusem de autoritarismo?"
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