Braço-direito de Passos Coelho renuncia em Portugal
Ministro de Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas é acusado de falsificar diplomas e ameaçar jornalistas; António Capucho, um dos principais dirigentes do conservador PSD, disse que a renúncia é um "alívio" para o primeiro-ministro
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Opera Mundi - Considerado o mais polêmico ministro de Portugal por protagonizar vários escândalos nos últimos dois anos, o titular da pasta de Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, apresentou nesta quinta-feira (04/04) sua renúncia ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
Relvas fez uma declaração aos jornalistas na qual apresentou o que chamou de “conquistas” de sua gestão, mas não quis responder às perguntas sobre uma possível anulação de seu diploma universitário, que teria sido obtido de maneira irregular, e que a imprensa portuguesa relaciona com a renúncia.
Relvas era considerado o braço-direito de Passos Coelho e também o membro mais questionado de seu governo.
Escândalo
O ministro foi o protagonista de um dos mais famosos escândalos do atual governo português pelas circunstâncias anômalas em que obteve a graduação em Política e Relações Internacionais – em apenas um ano (2006-2007), na Universidade Lusófona, uma instituição privada de Lisboa. Ele poderá perder seu título.
Vinculado ao setor empresarial desde jovem, Relvas também foi questionado por sua relação com o antigo responsável pelo serviço secreto português Jorge Silva Carvalho, investigado por atividades suspeitas na relação com empresas privadas., e suas relações com um antigo chefe dos serviços secretos acusado de espionar personalidades e empresas.
Também se envolveu em polêmicas com jornalistas, que o acusam de pressões e ameaças. O jornal Público, um dos mais críticos com Relvas, o acusou de ameaçar uma de suas jornalistas com a divulgação de dados pessoais na internet se publicasse uma notícia que vinculava o ministro com o antigo chefe da espionagem.
O episódio foi analisado pela Entidade Reguladora da Comunicação Social portuguesa, mas nenhum parecer foi emitido contra Relvas..
“Alívio”
Os partidos de esquerda, por diversas ocasiões, pediram sua renúncia no Parlamento. Hoje, avaliaram positivamente sua saída do Executivo.
António Capucho, um dos principais dirigentes do conservador PSD (Partido Social Democrata, de direita), legenda de Passos Coelho e Relvas, disse que a renúncia é um "alívio" para o primeiro-ministro.
Em seu comparecimento diante da imprensa, Relvas defendeu a gestão governamental de Passos Coelho (marcada pela estagnação econômica, desemprego e aplicação das medidas de austeridade fiscal impostas pela Troika) e lembrou seu trabalho com ele no PSD, dois anos antes de chegarem ao governo.
A renúncia foi "por vontade própria", garantiu Relvas, que explicou que tomou a decisão "há várias semanas, conjuntamente com o primeiro-ministro".
"Já não tenho condições psicológicas para continuar", afirmou Relvas, após destacar as “economias e a eficiência” conseguidas para o Estado – destacou o enxugamento das prefeituras, das empresas e da televisão pública RTP, que diminuiu seu orçamento em 22%.
O processo de reestruturação da RTP, que pode levar a demissões de cerca de 620 funcionários de um total de 2.069, também causou uma chuva de críticas a Relvas, cujo propósito inicial de privatizar o canal não chegou a se realizar.
Sua renúncia foi aceita imediatamente, informou o Executivo, que elogiou o demissionário.
Relvas foi também uma das autoridades mais combatidas pelos manifestantes que protestam contra as medidas de austeridade do governo, boicotando seus atos e interrompendo os discursos com o hino da Revolução dos Cravos (1974), “Grândola, Vila Morena”.
A renúncia obrigará Passos Coelho a realizar a primeira remodelação significativa no governo, no qual só havia mudado até agora os secretários de Estado.
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