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Mundo

Cenas de um dia na Bananalândia: Temer, o íntimo de Putin

Em artigo publicado no jornal GGN, Luis Nassif ironiza o suposto interesse do presidente russo, Vladimir Putin, pela PEC 241 que congela os gastos públicos no Brasil; Nassif lembra que Temer foi o único chefe de estado não recebido por Putin numa audiência bilateral em Goa, na Índia

Goa - Índia, 16/10/2016. Presidente Michel Temer, posa para foto oficial com os Chefes de Estado e de Governo do BRICS e do BIMSTEC. Foto: Isac Nóbrega/PR (Foto: Leonardo Attuch)
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Por Luis Nassif, no jornal GGN

Cena 1 - Temer, o íntimo de Putin

Enviado especial do Estadão ao encontro dos BRICS na Índia, o repórter Andrei Neto constatou que Michel Temer foi o único representante dos Brics a não ser recebido por Putin na Índia (goo.gl/P56npo).

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Como explica Andrei, "em diplomacia, a reunião bilateral é uma deferência política ou um gesto de proximidade e, não raro, de simpatia entre dois dirigentes políticos. O russo se reuniu em Goa com o presidente da China, Xi Jinping, com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com Jacob Zuma, presidente da África do Sul, mas não concedeu seu tempo a Temer durante os dias de permanência dos dois líderes na cidade indiana".

Continua ele: “Segundo o canal de informação Russia Today, espécie de NBR da Rússia, a escolha seria por não se aproximar do presidente brasileiro após a "mudança brusca", como se referiram ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Segundo o canal, os líderes dos Brics prestam "muita atenção" em Temer para tentar entender quais serão os rumos políticos do Brasil a partir de agora”.

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E tudo não passaria de um caso de desconfiança dos parceiros em relação a um presidente não eleito, não fossem as cenas que precederam a revelação: Temer arrotando intimidade com Putin, como um fã deslumbrado pela proximidade com a celebridade.

Diz o repórter:

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"Em seu primeiro pronunciamento aos jornalistas brasileiros, Temer não se referiu à falta de encontro com Putin, mas insinuou, ao contrário, uma certa aproximação com o líder russo. Ao ser questionado sobre como os líderes estrangeiros haviam reagido em relação à aproximação da PEC sobre o limite de gastos do orçamento, Temer afirmou: "Não só o ministro indiano se interessou, como durante um almoço o ministro Putin… o presidente Putin se interessou vivamente, tanto que eu dei explicações as mais variadas sobre o nosso projeto", disse ele. Instantes depois o presidente brasileiro se referiu ao almoço como "um jantar". Sem ser questionado, Temer prosseguiu falando de Rússia: "Há uma identidade muito grande de questões econômicas entre a Rússia e o Brasil". 

Prosseguiu Temer apontando como pontos comuns, entre Brasil e Rússia, uma dívida bruta de quase 70% do PIB e um déficit anual de R$ 170 bilhões. E esse déficit criou, de imediato, uma identificação entre ambos. "De modo que, como havia essa identidade, nós conversamos muito sobre o teto dos gastos públicos. Percebo que ele se interessou. Agora não sei o que ele fará.", disse Temer 

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Não ficou nisso o interesse de Putin por Temer. "Eu fiquei de mandar a documentação da proposta da PEC dos gastos públicos para ele e até para os demais integrantes dos Brics", explicou. 

E Temer aproveitou para contar prosa de sua suposta estratégia diplomática. Ao contrário de Lula e Dilma, ele abrirá todas as portas, em vez de se limitar a uma diplomacia direcionada.

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Mais, o repórter não disse. Mas consta que, ao seu lado, a primeira dama assentiu com a cabeça em tom grave, de quem entendeu tudo.

Cena 2 - o chanceler que fala em Copom

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No encontro do mais importante evento geopolítico de décadas - os BRICS - o chanceler José Serra entrou mudo e saiu calado. Ou melhor, falou sobre a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) anunciando que poderá reduzir os juros, devido à queda da inflação.

Sabendo-se da blindagem do Banco Central a opiniões de fora, a declaração de Serra teve a mesma relevância de qualquer palpiteiro. Mas como Serra e a comitiva não conseguiram gerar uma notícia diplomática sequer, os enviados especiais não tiveram outra alternativa senão a de dar destaque ao palpite . O que gerou manchetes, constrangendo o Copom na sua próxima reunião.

Se baixam os juros, se poderá alegar que se curvaram a Serra. Assim, a declaração de Serra será um argumento a mais para o Copom não mexer nos juros.

De resto, não se ficou sabendo se Serra aprendeu o significado dos BRICS e se decorou os países que compõem a sigla.

Cena 3 - o Ministro celebridade

Enquanto Temer se deslumbrava com o centro do mundo, seu Ministro da Justiça anunciava o novo Plano Nacional de Segurança correndo, com receio de que o próprio presidente viesse disputar os holofotes com ele. E os apaniguados do Palácio apressam-se em informar os repórteres que Temer não gostou da mais nova impertinência de Moraes, e pretende demiti-lo em breve.

Cena 4 - o Ministro da Educação e suas prioridades

 Na sua praia, o Ministro da Educação Mendonça Filho define o mais prioritário: colocar o FIES em dia. A dívida do FIES é com grandes grupos educacionais. Eles tiveram prioridade sobre todas as demais áreas.

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