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Mundo

Declínio da hegemonia mundial: como o BRICS pode substituir os EUA

Até hoje tudo era fácil: o Ocidente coletivo se ocupava da regulação dos processos mundiais. Mas agora tudo é mais complexo. Primeiro, não existe mais o Ocidente coletivo. O enfraquecimento dos EUA cria um vácuo de poder e, como nenhum dos países ocidentais pode substituir os Estados Unidos como "moderador mundial", surgem perspectivas interessantes para os blocos regionais e alianças. Em primeiro lugar, para o grupo BRICS. Reportagem da Sputnik Brasil

Até hoje tudo era fácil: o Ocidente coletivo se ocupava da regulação dos processos mundiais. Mas agora tudo é mais complexo. Primeiro, não existe mais o Ocidente coletivo. O enfraquecimento dos EUA cria um vácuo de poder e, como nenhum dos países ocidentais pode substituir os Estados Unidos como "moderador mundial", surgem perspectivas interessantes para os blocos regionais e alianças. Em primeiro lugar, para o grupo BRICS. Reportagem da Sputnik Brasil (Foto: Gisele Federicce)
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Sputnik Brasil - Neste domingo, 3 de setembro, na cidade chinesa de Xiamen, começou a nona cúpula do BRICS, um grupo complexo, mesmo amorfo, mas extremamente necessário para o mundo de hoje.

Gevorg Mirzayan, professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Finanças do Governo da Rússia, explica no seu artigo para a Sputnik que importância tem o BRICS para o mundo e que chances terá o bloco de se tornar um regulador mundial.

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O trono está vago?

Até hoje tudo era fácil: o Ocidente coletivo se ocupava da regulação dos processos mundiais. Mas agora tudo é mais complexo. Primeiro, não existe mais o Ocidente coletivo — as divergências nos interesses tanto nacionais como internacionais dividiram os EUA e a Europa Ocidental. Segundo, o país-chave do Ocidente, os EUA, se mostrou incapaz de participar da regulação mundial.

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O enfraquecimento dos EUA cria um vácuo de poder e, como nenhum dos países ocidentais pode substituir os Estados Unidos como "moderador mundial", surgem perspectivas interessantes para os blocos regionais e alianças. Em primeiro lugar, para o grupo BRICS.

 
O analista russo admite que o BRICS é um bloco que une países muito diferentes, com visões distintas em vários assuntos. Por exemplo, a Rússia e China são contra as reformas da ONU, enquanto a Índia, o Brasil e a África do Sul apoiam esta ideia. Outra divergência é o controlo por parte dos EUA sobre o sistema político e financeiro mundial: Moscou e Pequim não admitem esse controlo, mas outros países do bloco se sentem bem com isso. Para além disso, há um conflito sério entre dois membros do BRICS. Trata-se do conflito territorial entre a Índia e a China.

Parceria de soberanias

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No entanto, continua Mirzayan, apesar de todas as dificuldades, de toda a heterogeneidade do bloco, o BRICS, na realidade é o principal pretendente a ser o centro alternativo de regulação mundial. Porquê? Em primeiro lugar porque é composto dos países em desenvolvimento mais poderosos do mundo. Em segundo lugar, porque não tem um líder nesta organização: todos os países são caracterizados pela sua independência e soberania, o que faz com que eles respeitem a soberania dos outros e não tenham intenção de disputá-la.

"No BRICS ninguém impõe nada a ninguém. Quando as abordagens se distinguem começa um trabalho paciente e escrupuloso de aproximação", diz o presidente russo, Vladimir Putin. Assim surge um protótipo de sistema de governo no mundo multipolar.

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A luta contra o terrorismo, a corrupção e o tráfico de drogas são assuntos muito importantes para discutir na cúpula deste ano, consideram os dirigentes russos. Moscou acredita que, tomando em consideração a situação atual, a tônica tem que estar no tema do combate ao terrorismo. Como a Rússia perdeu todas as esperanças de negociar este tema com o Ocidente, pois já faz tempo que os EUA dividem os terroristas em "seus" e "alheios", e a Europa se mostra incapaz de tomar decisões próprias, os países do BRICS, especialmente a China e a Índia, estão interessados em vencer o terrorismo. Mas, aponta Mirzayan, o problema é fazer participar estes países na frente antiterrorista não apenas no Afeganistão, mas também no Oriente Médio em geral.

Além do combate ao terrorismo mundial, Moscou tenta usar o BRICS para avançar a proposta russo-chinesa sobre a regulação da crise que atingiu a Península da Coreia. O plano prevê diminuir a tensão na área, mas também, sublinha o analista, pode reduzir significativamente a influência e presença dos EUA no Leste Asiático e, se a Rússia e China conseguirem convencer os parceiros do BRICS a apoiar este plano, será um golpe sério nas posições de Washington na região.

Assuntos econômicos

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Em termos econômicos, o BRICS terá que se tornar uma plataforma para construir institutos financeiros globais, de maneira a poder concorrer com os dos EUA, que os usam nos interesses americanos e não internacionais. Vladimir Putin destaca que a Rússia está preocupada com a arquitetura do sistema financeiro e econômico global, que não leva em consideração a crescente influência econômica dos países em desenvolvimento.

"A Rússia e o BRICS vão procurar alcançar a redução do domínio de algumas moedas…O mundo multipolar não combina com o domínio do dólar" destacou o senador russo Aleksei Pushkov.

Os países do bloco já acordaram realizar parcialmente o comércio nas suas moedas nacionais, mas, como frisa Mirzayan, para isso os BRICS têm que aumentar o volume mútuo de negócios e trocas comerciais, que, falando francamente, é bem pequeno.

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Afinal de contas, resume o analista, a cúpula dos BRICS, especialmente neste ano, sai dos limites do próprio bloco: em 2017 a reunião de líderes em Xiamen contará com a presença de países terceiros (o chamado formato BRICS+, proposto pela parte chinesa) como a Tailândia, o Egito, o Tajiquistão, o México e a Guiné.

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