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E os nossos Obamas?

Se numa nação muito mais intolerante do ponto de vista racial um negro chegou ao posto de presidente da República por que não é possível entre nós?

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A eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos não foi um milagre caído do céu, mas resultado de grandioso avanço na percepção da sociedade americana em relação à discriminação racial. De Rosa Parks, a costureira negra que, em 1955, se recusou a obedecer à lei de apartheid racial no Alabama, marcando o início da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, até a vitória de Barack Obama muita injustiça foi praticada no país que se vangloria de ser exemplo de democracia para o mundo.

Rosa virou símbolo da luta anti-racista nos EUA porque naquele dia recusou ceder seu banco em um ônibus a um homem branco, o que levou a um boicote em massa dos negros ao transporte público do estado. O protesto levou ao fim da segregação nos transportes públicos e culminou em 1964, com a Lei dos Direitos Civis, que transformou a segregação racial em um ato fora da lei nos Estados Unidos.

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A trajetória de Obama teve um efeito incalculável sobre alguns brasileiros que leram e acompanharam sua vida. Mas o valor da vitória de Barack Obama foi percebido mais nitidamente no Brasil agora com a chegada do presidente americano. A visita foi cercada de euforia e simbolismo que só cresceu com os gestos e a figura popular do presidente americano.

Nas ruas do Rio de Janeiro o que se viu foi que a presença do presidente americano afetou a autoestima, principalmente dos jovens. Uma criança da periferia carioca que viu, mesmo de longe, o presidente negro da nação mais rica e poderosa do mundo passou a ter um referencial.

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A figura de Obama significou para garotos e jovens negros e pobres um exemplo de sonho e esperança a ser seguido. Se numa nação muito mais intolerante do ponto de vista racial um negro chegou ao posto de presidente da República por que não é possível entre nós?

Não se pode negar que a maior potência militar do mundo é também influente no campo das idéias. A visita de Obama além dos acordos bilaterais nos campos econômico, militar e cultural trouxe um outro ingrediente, ainda imperceptível: o de contagiar gerações de brasileiros que se pergunta quando teremos o nosso Obama?

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Mesmo com metade da população sendo de origem africana, eleger um presidente negro no Brasil parece um sonho distante. A percepção é verdadeira. Infelizmente ainda não há uma liderança negra com a capacidade para drenar esse desejo. A conquista é para gerações e passa pela superação plena das desigualdades raciais no Brasil. E uma das razões dessa distância é a resistência obstinada, teimosa e cabeçuda de parte da nossa elite.

A visita de Barack Obama, além da empolgação, pode ajudar a revelar um outro Brasil, este marcado pelo sentimento de fraternidade e igualdade racial. Com isso, o país da música cantada por Jorge Benjor e citada no discurso de Obama no Rio poderia produzir nova página na nossa história e apagar de vez a estrutura excludente e discriminatória com base na cor da pele. Assim, mais rápido do que imaginamos, surgirá o nosso Obama.

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• Fernando Porfírio é jornalista

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