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Ernesto Araújo coloca Brasil contra o mundo, diz professor

As palavras do chanceler Ernesto Araújo, para quem o mundo tem "inveja" do Brasil por sua relação com os EUA, são "desnecessárias" e "prejudiciais" ao país, afirmou para a Sputnik Brasil o professor Pedro Costa Júnior

(Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)
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Sputnik - Em entrevista à Bloomberg, ao comentar a possível nomeação de  Eduardo Bolsonaro à Embaixada brasileira nos Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores afirmou que os outros países do mundo "têm inveja caso venha a se concretizar isso, de o Brasil ter em Washington um embaixador que terá seguramente o nível de acesso que o Eduardo terá".  

Para Costa Júnior, professor de Relações Internacionais das Faculdades Rio Branco e da Faculdade de Campinas (Facamp), a declaração rompe com a tradição de soft power e multilateralismo da diplomacia brasileira.

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"São palavras duras. Na diplomacia, as palavras têm peso, precisam ser bem pensadas. Elas são como pregos. Depois você pode até retirar da madeira, mas elas deixam marcas", diz o professor.

Ele ressalta que o Brasil sempre foi  um país "aberto, amigável, que respeita as normas internacionais e as instituições, aberto ao multilateralismo e à pluralidade de parceiros, que prega a não intervenção em assuntos soberanos de outros países, um país que trabalha pela paz".

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De acordo com Costa Júnior, trata-se de mais uma polêmica  desnecessária do chanceler. "Não é uma posição muito prudente afirmar que todo o mundo tem inveja do Brasil, acaba colocando o país contra o mundo. E a ideia não é colocar o Brasil contra o mundo, mas a favor do mundo", opina o professor.

Ainda segundo Costa Júnior, a política de Araújo pode trazer consequências para a posição do país no sistema internacional. "Ao falar que o mundo tem inveja do país, acaba-se invertendo a posição histórica do Brasil. Isso acaba acarretando problemas para sua posição estratégica no mundo e sua projeção. Não são frases que ficam sem efeito. Há consequências lamentáveis para a posição do Brasil no mundo", argumenta.

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Desde que assumiu o poder, o governo de Jair Bolsonaro tem se aproximado cada vez mais dos Estados Unidos e de Israel. Bolsonaro e o presidente dos EUA, Donald Trump, encontraram-se em Washington em março. Na semana passada, Eduardo Bolsonaro viajou em comitiva, ao lado de Araújo, para mais uma reunião com autoridades americanas, incluindo o republicano.

Na entrevista para a Bloomberg, realizada em seu gabinete em Brasília, o chanceler afirmou: "É raríssimo o presidente dos EUA receber quem não seja presidente ou chefe de Estado. Indica uma posição muito especial da nossa relação. Ficou claro que Eduardo Bolsonaro será muito bem-vindo e terá acesso direto aos círculos mais altos e ao próprio Trump".

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Segundo Costa Júnior, o Brasil deve manter um diálogo sempre aberto com um parceiro estratégico como os EUA, e uma boa relação entre as famílias Bolsonaro e Trump não é necessariamente ruim.

"O problema é quando essas relações indicam favoritismo. As eleições nos EUA acontecem ano que vem e um democrata pode substituir o republicano. É prudente que o Brasil tenha boas relações com os dois partidos. As relações diplomáticas são de estado, não de governo", diz o professor.

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