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Estados Unidos e UE concordam em iniciar negociações sobre minerais críticos em meio a tensões comerciais

A administração Biden buscou abordar as preocupações europeias ao mesmo tempo em que mantém os principais pontos da lei

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontra com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Salão Oval da Casa Branca em Washington, D.C., EUA, em 10 de março de 2023. (Foto: REUTERS/Sarah Silbiger)

WASHINGTON, 10 de março (Reuters) - Em meio às tensões comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia, o presidente Joe Biden e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, concordaram na sexta-feira que os dois lados lançarão conversas sobre minerais críticos usados em veículos elétricos.

Biden e von der Leyen se encontraram na Casa Branca em meio a reclamações europeias de que os subsídios de energia limpa na Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês) e em outras leis estadunidenses desviarão investimentos da Europa e prejudicarão suas economias. A guerra na Ucrânia também foi um dos principais temas da agenda.

O IRA de Biden, uma lei de US$ 430 bilhões que oferece subsídios massivos para produtos fabricados nos EUA e tem como objetivo abordar a crise climática e promover energia renovável, provocou raiva na Europa. Autoridades da UE dizem que os aliados devem se unir e formar uma frente comum contra ameaças maiores da China. 

A administração Biden buscou abordar as preocupações europeias ao mesmo tempo em que mantém os principais pontos da lei, que representou uma grande vitória política doméstica para Biden após sua aprovação.

Em uma declaração conjunta após a reunião, os dois líderes disseram que pretendem "começar imediatamente as negociações sobre um acordo específico de minerais críticos" para garantir que os minerais extraídos ou processados na UE contem para créditos fiscais de veículos limpos sob a lei IRA.

"Esse tipo de acordo promoveria ainda mais nossos objetivos comuns de impulsionar nossa produção e processamento de minerais e expandir o acesso a fontes de minerais críticos que sejam sustentáveis, confiáveis e livres de abusos trabalhistas", disseram na declaração. "A cooperação também é necessária para reduzir dependências estratégicas indesejadas nessas cadeias de suprimentos e garantir que elas sejam diversificadas e desenvolvidas com parceiros confiáveis".

Falando no Salão Oval no início da reunião, tanto Biden quanto von der Leyen destacaram a força de sua parceria e o apoio unificado à Ucrânia e aos esforços para responsabilizar a Rússia pela invasão.

"Nós não somos apenas parceiros, a União Europeia e os Estados Unidos são bons amigos", disse von der Leyen, destacando o apoio dos EUA à Europa na busca por fontes de energia alternativas para que os membros da UE possam reduzir sua dependência de suprimentos russos.

"Nós apoiamos a segurança energética da Europa", disse Biden. "E, ao mesmo tempo, estamos impulsionando novos investimentos para criar indústrias e empregos de energia limpa e garantir que tenhamos cadeias de suprimentos disponíveis para ambos... nossos continentes". 

No mês passado, a Comissão Europeia apresentou seu Plano Industrial do Pacto Verde em resposta à lei IRA dos EUA, com níveis aumentados de ajuda estatal para ajudar a Europa a competir como um centro de fabricação de produtos de tecnologia limpa.

Biden disse que a ideia de impulsionar investimentos e garantir cadeias de suprimentos sustentou ambas as medidas.

Jake Colvin, presidente do Conselho Nacional de Comércio Exterior, um grupo de lobby corporativo, instou a Casa Branca a levar à discussão as preocupações da indústria dos EUA sobre o que ele chamou de uma "agenda discriminatória de soberania digital", que seria destinada a minar as empresas dos EUA.

"Um campo de jogo transatlântico equilibrado é fundamental, mas isso tem que ir nas duas direções", disse ele. "A Casa Branca precisa intensificar e destacar a necessidade de as empresas estadunidenses serem regulamentadas da mesma maneira que suas contrapartes europeias ao operar do outro lado do Atlântico". 

Durante uma visita em dezembro do presidente francês Emmanuel Macron à Casa Branca, Biden disse que projetos de lei destinados a impulsionar a energia renovável e a indústria de semicondutores dos EUA têm "falhas" que podem ser corrigidas.