Feliz ano velho na Espanha

247 – A crise econômica na Espanha, que já é uma das mais graves de todos os tempos, com desemprego acima de 21%, tem tudo para se acentuar. No último dia do ano, o governo recém-formado pelo novo primeiro-ministro Mariano Rajoy anunciou o maior corte orçamentário já feito pelo país num regime democrático: 8,9 bilhões de euros. Além disso, o governo de Rajoy também elevou impostos em uma série de setores.

Com um rombo fiscal de 8% do PIB, estagnação econômica, crise de confiança e bancos em crise, a Espanha espera sair do buraco apresentando uma maior solidez fiscal aos investidores. Mas essa é uma aposta de risco, que já foi testada – e fracassou – na América Latina. Medidas de arrocho, quando aplicadas em ambientes já recessivos, apenas aprofundam as recessões e criam uma espiral negativa na economia, com menos consumo, menos confiança e mais recessão. Na Espanha, vários bancos têm enfrentado dificuldades com a situação atual, que apresenta os menores volumes de tomada de crédito em décadas. O Santander, por exemplo, tem sido forçado a vender ativos para se recapitalizar no seu país de origem.

O aumento tributário na Espanha irá atingir em cheio aqueles que ganham mais de 300 mil euros por ano, que estarão submetidos a alíquotas de Imposto de Renda de até 55% – o teto anterior era de 42%. Além disso, o setor público espanhol sofrerá um brutal encolhimento. O governo de Rajoy pretende antecipar as aposentadorias de milhões de servidores, cujas vagas não serão repostas.

Eleito pelo partido conservador PP, que sempre adotou uma postura liberal e negou aumentos de impostos, Mariano Rajoy praticamente rasgou o programa de sua legenda. Pobre Espanha!