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Lucia Helena Issa: “O ódio aos muçulmanos foi construído desde os tempos das cruzadas”

A jornalista brasileira, que também é colunista internacional do jornal Monitor do Oriente Médio, criticou na TV 247 a islamofobia e o extremismo que costuma ser atribuído aos religiosos muçulmanos. “Os primeiros grupos terroristas do Oriente Médio foram os cristãos e os judeus”, disse. Assista

Lucia Issa (Foto: Editora Brasil 247)
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247 - A população muçulmana no Brasil teve um aumento significativo nas últimas décadas. Segundo o censo realizado pelo IBGE em 2010, estimava-se a presença de cerca de 35.167 seguidores do islã. Porém, segundo estimativa de algumas instituições islâmicas brasileiras, o número de adeptos do islamismo no país já ultrapassa 1,5 milhão de fiéis. O programa “Um Tom de resistência” desta semana, apresentado por Ricardo Nêggo Tom na TV 247, trouxe à pauta a islamofobia e o extremismo cristão e convidou a jornalista e escritora Lucia Helena Issa para debater o tema. De família árabe cristã, ela lembrou que o preconceito contra os muçulmanos “é todo um ódio construído, tijolo por tijolo, desde os tempos das cruzadas. Das três cruzadas, a primeira delas, os cristãos ganharam com extrema violência, além de terem estuprado e matado centenas de milhares de mulheres”.

A jornalista lembra que até mesmo os cronistas cristãos da época ficavam assustados com a letalidade da violência imposta pelos cristãos. “Eles se perguntavam ‘de onde surgiram esses francos?’. Eram os franceses das cruzadas que, ao longo do caminho vindo da antiga França, passando por regiões cristãs árabes, como a parte cristã da Síria e de Constantinopla, iam estuprando mulheres cristãs. E essas mulheres tinham mais medo dos cristãos francos do que dos muçulmanos. E eram os muçulmanos que as protegiam. Muitos livros da época também falam sobre o canibalismo praticado pelos cristãos nas cruzadas, que sentiram muita fome durante a invasão à Palestina, sob o pretexto de tomar as terras que estavam nas mãos ‘daqueles infiéis’. A verdade é que a Europa passava por um momento paupérrimo e já sofria os primeiros impactos da ‘peste negra’, enquanto que o Oriente Médio vivia o seu momento de luz. A invasão à Palestina durante as cruzadas foi um projeto de terror, colonização e roubo de terras”, explica.

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Questionada se o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, poderia dar margem a interpretações violentas através de seus textos, Lucia avalia que “primeiro, é preciso entender todo o contexto em que essas palavras foram escritas. Maomé nasceu na região de Meca, que hoje é a Arábia Saudita, e aquelas pessoas eram politeístas e extremamente cruéis. Quando nascia uma menina que não havia sido desejada pela família, por exemplo, pela religião politeísta da época, eles tinham direito de matar e enterrar viva essa criança. Maomé foi o primeiro a questionar esse e outros absurdos religiosos cultivados pelos coraixitas, mais tarde chamados por ele de idólatras. Inclusive, tendo sido ameaçado de morte por eles em função disso. O que foi escrito naquela época precisa ser colocado dentro daquele contexto. Se formos olhar para os três livros sagrados (Alcorão, Torá e Bíblia) com as lentes de hoje, nós vamos dizer que os três incitavam o ódio e a violência. E das três obras sagradas, o Alcorão é o menos violento, e isso não é dito só por mim, mas por pessoas como a grande estudiosa e ex-freira inglesa Karen Armstrong, por exemplo”.

Lucia Helena lembrou de alguns fatos que comprovam que o extremismo cristão existe e já matou mais do que o chamado radicalismo islâmico. “Podemos falar do cristão terrorista que matou 51 muçulmanos na mesquita Christchurch na Nova Zelândia, um dos maiores ataques do mundo contra muçulmanos inocentes. O Timothy McVeigh, um cristão americano que matou mais de 200 pessoas (na verdade 168, incluindo 19 crianças, e deixando outras 684 feridas) numa explosão à bomba do prédio de Oklahoma City, na década de 1990 - o maior atentado terrorista do mundo até o 11 de setembro, cometido por um cristão, veterano de guerra, completamente desequilibrado e que se dizia um novo ‘cruzado’. Sem falar em Jim Jones, um pastor que se dizia o representante de Cristo na terra e levou quase mil pessoas da sua seita a um suicídio coletivo”.

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