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Lula: mundo precisa depender menos 'da arrogância de alguns governos norte-americanos'

Em entrevista ao site Opera Mundi, o ex-presidente disse identificar nos Estados Unidos, hoje especialmente, sob o governo Trump, um fator especial de desestabilização política. Defendendo que a saída para a crise de 2008 era o fortalecimento do comércio internacional, Lula acredita que, com Trump, o mundo voltou a se fechar, “numa guerra fratricida”

(Foto: Felipe L. Gonçalves/247)
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Haroldo Ceravolo Sereza, do Opera Mundi - O 529º (quingentésimo vigésimo nono) dia da prisão de Lula começou quente. Mas não muito diferente dos outros 528 dias que o antecederam: os militantes do acampamento Lula Livre, que fica em frente à sede da Polícia Federal no bairro de Santa Cândida, na região norte de Curitiba, em que Luiz Inácio Lula da Silva está encarcerado, fizeram a tradicional saudação de bom dia ao ex-presidente.

Fazia calor na quarta-feira, dia 18 de setembro (a temperatura máxima chegou a 27º C), em que Lula tinha duas horas de entrevista. Elas começaram às 10h – uma hora para Opera Mundi e uma hora para a Revista Fórum. Opera Mundi pretendia fazer uma entrevista centrada em assuntos internacionais e diplomacia, enquanto a Fórum optara por uma pauta mais nacional. O tempo, dividido em uma hora para cada veículo, é contado e a conversa é acompanhada pelo chefe da carceragem da PF, Jorge Chastallo Filho.

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Durante essa hora de entrevista, Lula, usando uma camisa branca de algodão chamada de guayabera, tradicional em muitos países latino-americanos, falou sobre diversos temas: a tensão crescente entre China e Estados Unidos, o impacto destrutivo da eleição de Donald Trump no cenário internacional e a resistência de EUA e da Europa às iniciativas dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na busca de soluções para a crise de 2008.

Lula também tratou longamente de um de seus temas prediletos: o petróleo e o impacto dele na geopolítica mundial. Da sua descoberta, em 1859, a 2019, “o petróleo sempre determinou a política mundial. O petróleo causou mais guerra do que paz”, afirmou Lula. “E sempre na cabeça disso está quem? Os Estados Unidos”. Lula relacionou, ainda, a questão do petróleo à Operação Lava-Jato e ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

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Para ele, o país deveria destinar “uma boa parcela do recurso do pré-sal investindo em educação, tecnologia e saúde, e, ao mesmo tempo, criar uma forte indústria petroleira no Brasil. Uma indústria de gás, óleo, indústria naval...” Isso levou os norte-americanos a não aceitarem a Lei da Partilha de 2010, disse Lula. “Era preciso tirar o PT”.

O ex-presidente identifica nos Estados Unidos, hoje especialmente, sob o governo Trump, um fator especial de desestabilização política. Defendendo que a saída para a crise de 2008 era o fortalecimento do comércio internacional, o ex-presidente acredita que, com Trump, o mundo voltou a se fechar, “numa guerra fratricida”: “Porque, nesse instante em que a humanidade vive, em que ainda você tem quase um bilhão de pessoas passando fome, pessoas que não têm calorias e proteínas para viver decentemente, o mundo estava precisando de mais progresso, de mais desenvolvimento, de mais crescimento e de mais acessibilidade de alimentos às pessoas pobres. E isso significa que os países ricos teriam que mudar seu comportamento, coisa que não mudam”.

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Outro tema bastante discutido por Lula durante a entrevista foi o papel da esquerda e dos conflitos e acordos entre os países sul-americanos. Lula narrou, com detalhes, como foi a negociação com Evo Morales sobre as refinarias da Petrobras, nacionalizadas pela Bolívia em 1º de maio 2006, no início do mandato do presidente boliviano.

Entre outros temas, Lula falou sobre o Foro de São Paulo. Fez uma espécie de autocrítica, ao afirmar que o fato de, durante a presidência, não ter participado dos encontros do grupo, assim como também se ausentaram os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Néstor Kirchner, da Argentina, impediu que o agrupamento de partidos políticos progressistas latino-americanos fosse mais forte. “O Foro de São Paulo pode ser uma coisa muito importante para a reorganização política de setores de esquerda da América Latina”, disse. Sobre os ataques que o grupo recebe da direita, afirmou: “O Foro de São Paulo é atacado da forma mais imbecil”. Para Lula, “essa gente nunca participou de nada que fosse plural. E o Foro de São Paulo é uma coisa plural”.

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Lula tratou ainda da presença brasileira no Haiti durante seu governo, com tropas comandadas por militares que hoje estão na linha de frente do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Ao ser questionado sobre o assunto, afirmou que os militares que querem participar da política deveriam tirar a farda e ainda atacou a política subserviente do Brasil atual diante dos Estados Unidos: “Isso não faz bem para o Brasil. Não faz bem para o Bolsonaro, se você quer saber. Ninguém gosta de quem não se respeita, ninguém gosta de lambe-botas. Ninguém gosta de lambe-botas”, repetiu.

A hora destinada a Opera Mundi foi, como se pode ver, longa e curta ao mesmo tempo. O constrangimento de tempo obrigou a uma limitação de temas e perguntas. Algumas questões ficaram de fora, e alguns temas que surgiram durante entrevista não puderam ser aprofundados. Ficam para a próxima entrevista – quem sabe, já fora da prisão.

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Leia e assista a íntegra da entrevista no Opera Mundi.

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