Presidente de Taiwan tem encontro com líder da Câmara dos EUA mesmo após alertas da China
A China se opôs fortemente ao encontro entre Tsai Ing-wen e Kevin McCarthy, número três na hierarquia de liderança dos EUA
247 - A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, reuniu-se nesta quarta-feira (5) com o presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, e outros legisladores, em Los Angeles, Califórnia. Com isso, ela se tornou o primeiro presidente da ilha a se reunir com um oficial estadunidense no solo daquele país.
McCarthy, número três na hierarquia de liderança dos EUA, deu as boas-vindas a Tsai na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan em Simi Valley.
No início de uma reunião que incluía outros legisladores republicanos e democratas, o republicano chamou Tsai de "uma grande amiga da América" e acrescentou: "Estou otimista de que continuaremos a encontrar maneiras de o povo da América e de Taiwan trabalharem juntos para promover a liberdade econômica, democracia, paz e estabilidade".
Tsai agradeceu a McCarthy por sua hospitalidade, chamando-a de quente como o sol da Califórnia, e também agradeceu ao restante da delegação do Congresso, dizendo: "Estou muito satisfeita".
Após a reunião, Tsai disse que as conversas serviram para reforçar o compromisso de Taiwan com a defesa do status quo de paz, segundo a agência Sputnik.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse nesta terça-feira (4) que Pequim se opõe firmemente à reunião, que acredita contradizer o princípio de Uma Só China e minar a soberania do país.
A China impedirá resolutamente os atos de separatismo e interferência, buscando salvaguardar sua soberania e integridade territorial, disse a porta-voz.
O secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken, rejeitou a declaração da chancelaria chinesa, afirmando que "trânsitos" através dos EUA por altos funcionários taiwaneses não são novos, e o trânsito atual da presidente Tsai não deve ser usado pela China para alimentar tensões e alterar o status quo.
Pouco antes do encontro, o Exército de Libertação Popular lançou patrulhas militares em duas áreas do Estreito de Taiwan em uma aparente resposta à reunião na Califórnia.
"A operação conjunta especial de patrulha e inspeção começou hoje nas partes central e norte do Estreito de Taiwan", disse o governo na rede social chinesa WeChat.
A administração também anexou uma imagem à mensagem mostrando as áreas de patrulha, localizadas muito perto de Taiwan.
Pequim advertiu repetidamente contra encontros de Tsai com autoridades estrangeiras. Em agosto do ano passado, uma visita da então representante da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taipei, levou as Forças Armadas da China a lançar exercícios militares sem precedentes no entorno da ilha.
"Com relação ao trânsito da presidente Tsai nos Estados Unidos, acho que a primeira coisa a enfatizar é que esses trânsitos das autoridades taiwanesas de alto nível não são novidade. Eles são privados, não são oficiais, mas estão acontecendo por anos e a presidente Tsai e seus predecessores fizeram a mesma coisa", disse Blinken. "Na verdade, todo presidente de Taiwan já passou pelos Estados Unidos em um ponto ou outro".
Os EUA, que oficialmente aderem à 'política de Uma China', intensificaram as interações com Taipei nos últimos anos à medida que Washington vem tentando cercar a China. Os EUA argumentam que o apoio à ilha é baseado em uma lei que obriga o fornecimento dos meios para o território se defender.
Taiwan é governada de forma independente da China continental desde 1949. Pequim considera a ilha como sua província, enquanto Taiwan - um território com seu próprio governo eleito - mantém que é um país autônomo, mas não declara independência. Pequim considera a soberania chinesa sobre a ilha como indiscutível e não descarta usar a força militar para conter o separatismo.