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'Principal dificuldade da Argentina é a pobreza', diz Margarita Olivera

Especialista avaliou o resultado das eleições legislativas, falando sobre o agravamento da economia no país provocado pela pandemia

Margarita Olivera (Foto: Divulgação)
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS INTERNACIONAL desta quinta-feira (18/11), o jornalista Breno Altman entrevistou a economista argentina e professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro Margarita Olivera sobre a situação política e econômica de seu país.

Olivera começou avaliando o resultado das eleições legislativas, realizadas no último domingo (14/11), em que todos os partidos comemoraram os resultados que obtiveram. A coalizão do presidente Alberto Fernández, Frente de Todos, apesar de ter perdido a maioria no Senado, esperava um resultado negativo, “por isso comemoraram, mesmo perdendo, alegam que com os aliados não vão perder governabilidade”. 

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A direita e a extrema direita foram os grandes vencedores da noite, com o Juntos pela Mudança, partido do ex-presidente Mauricio Macri, levando a capital, Buenos Aires. Mas a esquerda também celebrou seu melhor resultado da história: a Frente de Esquerda dos Trabalhadores e Unidade obteve 6% dos votos a nível nacional.

Para Olivera, o resultado das eleições demonstrou que o discurso de Fernández, focado em políticas sociais, não é mais o suficiente para a população. Ela reconheceu os diversos avanços que seu governo promoveu, por exemplo de formalização das empregadas domésticas, inserção das mulheres no mercado de trabalho e cotas para a população transexual, “mas agora as pessoas estão se endividando para garantir consumos correntes, para ter o que comer”. 

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Ela apontou para as taxas de crescimento da pobreza no país, que subiu em dez pontos percentuais durante a pandemia, indo de 32% a 42% e agora estabilizando-se em 40%.

"A Argentina teve uma política muito restritiva durante a pandemia. Alberto Fernández priorizou o confinamento forte para cuidar da saúde das pessoas, tendo uma política econômica menos radical, e isso gerou um baque forte na economia. A inflação era alta já e com o aumento do desemprego, não foi possível reaquecer a economia. Então agora, mais do que a inflação, que é um problema histórico que temos, a pobreza é o nosso principal problema", argumentou a economista.

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‘Dívida externa é o principal garrote econômico’

Entrando em maior detalhe na situação econômica, Olivera lembrou que a Argentina conta com diversas taxas de câmbio, já que o país não tem acesso livre ao dólar. Além disso, o país está sujeito a um grave problema de restrição externa, o que prejudica sua acumulação econômica, resultado de sua dívida externa, contraída na gestão Macri, que hoje consome 90% do PIB argentino. 

“A dívida externa voltou a ser o grande garrote econômico do país. A Cristina Kirchner tinha conseguido reduzi-la bastante depois do calote de 2001, mas Macri contraiu a maior dívida externa da nossa história”, enfatizou.

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A economista vê com certo otimismo as negociações de Fernández com o Fundo Monetário Internacional de renegociação da dívida e afirmou que dar outro calote não seria boa ideia, “não podemos nos dar ao luxo de ser banidos do mercado internacional”.

Por outro lado, existe a “linha fina”: “A negociação nos dá um pouco de oxigênio, mas é um equilíbrio instável, porque o FMI exige uma série de reajustes fiscais e diminuição dos gastos públicos, e quem vai sofrer com isso é a população mais vulnerável”.

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Olivera ponderou, contudo, que o ideal seria a realização de grandes reformas estruturais para, por exemplo, gerar emprego e não realizar um acordo com o FMI. Por outro lado, ela admitiu que, diante de um contexto de estrangeirização da produção e financeirização da economia mundial, não existem as condições necessárias para realizar as mudanças que ela acredita que a Argentina precisa.

“E o aumento do preço dos commodities, principalmente carne e grãos, que é o que a Argentina exporta, não chega nem a aliviar um pouco a situação, porque há um alinhamento dos preços internos com os externos. Os grandes produtores querem cobrar do mercado interno o mesmo que cobram de fora”, lamentou.

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Peronismo

Depois do resultado das eleições legislativas, para Olivera, ficou claro que a agenda de direitos humanos e civis de Fernández não é o suficiente para manter a coerência nem na base, nem dentro da coalizão peronista. Ela destacou as dissidências de Cristina Kirchner com o atual presidente, mais conservador do ponto de vista econômico. “Cristina sempre privilegiou políticas mais progressistas, de luta contra a pobreza, mais radicais”, agregou.

Justamente por isso, a economista vê como improvável que Kirchner lance uma candidatura própria. Sua postura mais radical não lhe garante os apoios necessários dentro do bloco peronista para se candidatar.

"O peronismo não é um movimento único e monolítico. Vai da esquerda à direita. Não são todos dentro do peronismo que estão felizes com as reformas sociais que Fernández fez, por exemplo. A população tinha voltado a apostar no peronismo porque Macri não só não conseguiu resolver o problema da inflação, que era sua grande promessa, como deixou que aumentasse e os salários não acompanharam, que pelo menos era uma coisa que a Kirchner conseguiu garantir nos seus mandatos. Ainda há um grau de consciência política elevado na população, mas há um descontentamento porque as pessoas querem chegar no final do mês com dinheiro no bolso", refletiu.

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