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“Relação Lula-Biden pode ser muito pragmática e positiva”, diz Celso Amorim

O ex-chanceler dos governos Lula vê que uma eventual vitória do petista em 2022 alinharia de certo modo a política externa brasileira com a estadunidense. No entanto, alerta: “não queremos ser dominados por A ou B, queremos ser independentes, estar presentes nesse mundo multipolar. E isso é uma coisa muito difícil de se absorver nos EUA”. Assista

(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters | Ricardo Stuckert)
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247 - O ex-chanceler dos governos Lula, Celso Amorim, avaliou em entrevista à TV 247 o quadro geopolítico da América Latina e do Brasil especificamente, pontuando que uma eventual vitória de Lula em 2022 alinharia de certo modo interesses nacionais com interesses estadunidenses.

“Acredito que a relação seria pragmática, como foi com o Bush. Se o Brasil tinha uma relação pragmática naquela época, com mais razão terá com o Biden, que é uma pessoa que possui uma identificação com a classe trabalhadora norte-americana e que tem procurado melhorar a situação dos pobres nos Estados Unidos. Os ‘seis pontos’ do seu discurso de posse são muito bons, combatendo a desigualdade, a pandemia, o racismo… Todas essas questões são muito positivas. Teria até uma base para fazer o verdadeiro multilateralismo”, disse. 

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No entanto, Amorim alerta para um “erro de percepção” por parte dos Estados Unidos, que, segundo ele, acreditam em um multilateralismo apenas através de organismos controlados e dominados por eles mesmos, como a OTAN e o G7:

“Os Estados Unidos estão com um erro de percepção. É verdade que quem saiu do multilateralismo foi o Trump, mas a mudança no mundo já estava ocorrendo, se acentuou e se acelerou ainda mais com a pandemia. Então, quando eles ‘voltaram para o mundo’, assim dizendo, para uma relação multilateral, o mundo já tinha mudado. A Europa não quer mais saber de agressão com a China. Há um documento recente que eu vi referência em uma notícia de militares franceses dizendo, diante de uma tentativa do secretário-geral da OTAN de fazer com que o grupo de alguma maneira se ligue aos problemas da China, que eles não têm nada contra o país. E a Alemanha quer continuar com seu suprimento de gás pela Rússia. Então, o mundo mudou, avançou nesse período, e eles não perceberam bem. Estão achando que voltar ao multilateralismo é voltar todo mundo debaixo do guarda-chuva da OTAN e do G7, que eles controlam e dominam. Não é mais assim”.

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Para o ex-chanceler, o verdadeiro multilateralismo é aquele que preza a verdadeira independência dos povos: “O mundo está mudando. Queiram ou não, a América Latina vai caminhar para uma maior independência. Claro que o Brasil tem nisso um peso fundamental. México e Argentina formam uma vertente muito importante de cooperação democrática e progressista. A Bolívia entra nisso e provavelmente o Equador vai na mesma direção. Não se pode impedir que a América Latina coopere com a China se ela tem muito mais disponibilidade para investir que os Estados Unidos. É um fato real, não queremos ser dominados por A ou B, queremos ser independentes, e queremos estar presentes nesse mundo multipolar. E isso é uma coisa muito difícil de se absorver nos Estados Unidos”.

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