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Reunião do Brics expõe distanciamento do governo Bolsonaro com a China

Primeira reunião dos Brics após Jair Bolsonaro criticar a vacina chinesa Coronavac por razões ideológicas apontou para uma divisão no bloco, com direito a críticas veladas tanto por parte do Brasil como do presidente chinês, Xi Jinping

Xi Jinping e Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Lisandra Paraguassu, Reuters - A Cúpula dos Brics, nesta terça-feira, foi o primeiro encontro, ainda que virtual, do presidente Jair Bolsonaro com o presidente da China, Xi Jinping, depois que o brasileiro envolveu o país e a vacina chinesa Coronavac em sua briga pessoal com o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), e apontou para uma clara divisão no bloco, com direito a críticas veladas de um lado e do outro.

Ao abrir seu discurso com uma fala de improviso, Bolsonaro citou rapidamente que o Brasil estava “em sintonia” com o restante dos países na busca de uma vacina para a Covid-19 “segura e eficaz”, depois de Xi Jinping ter enfatizado o fato de a China ser um dos países que está à frente na pesquisa pelo medicamento e que estaria disposto a distribuí-lo para os demais países do bloco.

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Para além das farpas, a fala dos dois presidentes marcou claramente as diferenças que cada vez mais tem afastado China e Brasil, apesar do relacionamento comercial intenso --o país asiático é o principal importador do Brasil-- e do próprio Brics --formado por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul.

Multilateralismo, defesa das instituições internacionais como a Organização das Nações Unidas e Organização Mundial da Saúde e controle do aquecimento global foram alguns dos temas citados pelo presidente chinês que caminham em oposição às posições hoje defendidas pelo Brasil.

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“Devemos superar as divisões com a unidade e colocar o máximo esforço para combater o vírus”, disse Xi Jinping, acrescentando que a epidemia não pode ser usada para que barreiras sejam criadas.

“A prática de usar a pandemia para perseguir o fim da globalização prejudica o mundo”, afirmou.

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Falando antes de Bolsonaro, Xi Jinping ainda defendeu que os países mantenham “propósitos e princípios” da Carta das Nações Unidas e um sistema internacional centrado na ONU para evitar hegemonismos e políticas de disputa de poder.

Do seu lado, Bolsonaro foi em direção oposta. Ao mesmo tempo em que afirmava que o Brasil estava aberto a investidores e ao comércio internacional, defendeu mais uma vez que é preciso defender a democracia e as “prerrogativas soberanas dos países.”

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“É preciso ressaltar que a crise mostrou a centralidade das nações para a solução dos problemas que hoje acometem o mundo. Temos que reconhecer a realidade que não foram os organismos internacionais que superaram o desafio, mas sim a coordenação entre os nossos países”, afirmou Bolsonaro.

O presidente ainda defendeu a reforma das Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial do Comércio (OMC), dois pontos em que segue a política do presidente norte-americano, Donald Trump. Em julho o republicano enviou uma carta à OMS dizendo que o país estava se retirando da OMS, em um movimento que Bolsonaro ameaçou copiar, mas não levou adiante.

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Uma das queixas de Trump, repetidas pelo presidente brasileiro, seria uma suposta influência exagerada da China sobre a organização.

Enquanto Xi Jinping defendia a organização, Bolsonaro afirmou: “Desde o início critiquei também a politização do vírus e o pretenso monopólio do conhecimento por parte da OMS, que necessita urgentemente sim de reformas.”

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O presidente brasileiro ainda pediu, mais uma vez, uma reforma na OMC.

“A reforma da OMC é fundamental para retomada do crescimento econômico global. É necessário prestigiar propostas de redução dos subsídios para bens agrícolas com a mesma ênfase que alguns países buscam promover o comércio de bens industriais”, afirmou.

Tema recorrente da diplomacia brasileira, alterações na OMC chegaram a um impasse com um bloqueio nas negociações imposto por exigências do governo Trump.

Em relação ao Meio Ambiente, as diferenças entre China e Brasil também apareceram. Enquanto o presidente chinês prometeu transformar seu país em uma economia neutra em emissão de carbono até 2060 e defendeu a implementação do Acordo de Paris --do qual Bolsonaro também já considerou sair-- o presidente brasileiro usou seu discurso para dizer que iria revelar países que comprariam madeira extraída ilegalmente do Brasil. 

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