CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Mundo

Se Trump cair, Giuliani, o novo amigo dos Bolsonaro, pode ir em cana

"Giuliani é uma espécie de homem da machadinha de Trump. Um faz tudo. É o homem que resolve coisas que Trump não poderia resolver oficialmente na Casa Branca, por questões legais. Curiosamente, foi quem encontrou com Jair e Eduardo Bolsonaro em Nova York, na ausência do patrão", aponta reportagem do Viomundo

O presidente dos EUA, Barack Obama, está tentando criar no fim do seu mandato problemas para o futuro chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, ao adotar sanções contra a Rússia, disse o conselheiro de presidente eleito, ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani; "Nunca vi antes um presidente tentando criar tantos problemas para o seu sucessor", afirmou Giuliani à Fox News; segundo ele, Trump está sendo privado de "instrumentos de pressão" muito importantes nas relações com a Rússia (Foto: Romulo Faro)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Do Viomundo – Assessores do presidente Jair Bolsonaro chegaram a anunciar que ele teria um encontro, talvez um jantar em Nova York com Donald Trump.

Não aconteceu.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Não foi desprezo pelo brasileiro.

Trump sabia do vendaval que se avizinhava.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ele sabia que os democratas estavam se preparando para formalizar o início de investigações que podem resultar no impeachment do presidente dos Estados Unidos.

O motivo?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Uma ligação telefônica ao então recém-eleito presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na qual Trump pressionou o mandatário a trabalhar com o procurador-geral dos Estados Unidos, William P. Barr, para fazer investigações.

Um dos alvos seria Joe Biden, pré-candidato democrata à Casa Branca.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O filho de Biden, Hunter, é advogado, lobista e sócio de uma empresa de consultoria de nome Rosemont Seneca Partners.

Joe Biden serviu como vice-presidente dos Estados Unidos durante dois mandatos sob Barack Obama, até janeiro de 2017.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O GOLPE DE 2014

Em fevereiro de 2014, o presidente pró-Rússia da Ucrânia, Viktor Yanukovytch, foi derrubado por uma “revolução colorida”, um golpe pró-ocidental com as impressões digitais da CIA.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Por coincidência, naquele ano o filho de Joe Biden começou a trabalhar para uma empresa que produzia gás natural na Ucrânia — posição que manteve até este ano.

Há alguns meses, Joe Biden foi acusado de ter usado seu poder político para demitir um promotor ucraniano que investigava os negócios de Hunter e da empresa para a qual ele trabalhava na Ucrânia, a Burisma Holdings.

A ligação telefônica de Trump para Zelensky, em 25 de julho deste ano, chamou a atenção de uma autoridade de inteligência dos Estados Unidos.

Essa pessoa, ainda não identificada, fez uma reclamação formal contra Trump.

Ela não estava presente durante a ligação de Trump. Pode ter lido as notas taquigráficas ou ouvido falar delas.

As notas são feitas enquanto os dois presidentes conversam e vão para o arquivo marcadas como segredos de Estado.

As notas foram tornadas públicas por Trump como forma de se antecipar às investigações.

Quem denunciou a conversa tornou-se um whistleblower, um apitador, um denunciante.

A denúncia, antes de se tornar pública, foi enviada ao inspetor geral da comunidade de inteligência, que deveria encaminhá-la automaticamente ao Congresso.

Porém, o Departamento de Justiça (o Moro dos Estados Unidos) opinou no meio do caminho: a denúncia era irrelevante e deveria ser arquivada.

Quando o assunto tornou-se público, o Senado votou por unanimidade para que a denúncia do apitador fosse submetida ao VAR: o Comitê de Inteligência do Senado.

A denúncia do apitador, mais a transcrição do telefonema, demonstram que Trump pediu a um líder estrangeiro que fizesse uma investigação de interesse dele.

Apoiadores de Trump dizem que ele não foi específico.

Democratas dizem que, pelo contexto geral, Trump queria fazer uma troca: liberar o dinheiro para a Ucrânia em troca da investigação que prejudicasse democratas, Biden especificamente.

Dias antes da ligação, ele tinha congelado U$ 400 milhões em ajuda à Ucrânia.

Chama a atenção o fato de que Trump pediu um favor ao presidente eleito, assim mesmo, a favor,  logo depois de Zelensky ter falado em comprar mais mísseis anti-tanque Javelin dos Estados Unidos, o que dependeria de autorização de Trump.

Como se sabe, o regime de Kiev enfrenta uma guerra civil com rebeldes sustentados pela Rússia.

Ao longo da conversa, Donald Trump se refere várias vezes a seu advogado pessoal, o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani.

O HOMEM DA MACHADINHA

Giuliani é uma espécie de homem da machadinha de Trump.

Um faz tudo.

É o homem que resolve coisas que Trump não poderia resolver oficialmente na Casa Branca, por questões legais.

Curiosamente, foi quem encontrou com Jair e Eduardo Bolsonaro em Nova York, na ausência do patrão.

Na oportunidade, Giuliani fez rasgados elogios a Bolsonaro.

“Bolsonaro é um homem extraordinário e o Brasil tem muita sorte em tê-lo”, disse Giuliani a repórteres.

“Eu o vejo como um líder para a América do Sul”, afirmou o ex-prefeito de Nova York, depois do encontro privado com o presidente e o futuro embaixador do Brasil em Washington.

Giuliani, no entanto, pode estar enrolado.

Ele será um dos alvos na investigação de Donald Trump.

Giuliani pode ser para Trump o que foi Bob Haldeman para Richard Nixon.

Nixon foi o presidente dos Estados Unidos que renunciou em 1973 para não ser cassado pelo Congresso.

Haldeman ocupava um cargo formal na Casa Branca: chefe da Casa Civil.

Foi ele quem ouviu calado o pedido de Nixon para colocar pressão no FBI e interromper a investigação do escândalo de Watergate.

Watergate é o nome de um prédio em Washington, a capital dos Estados Unidos, onde ficava a sede do Partido Democrata.

Assessores de Nixon, do Partido Republicano, organizaram um furto à sede dos rivais para obter informações sigilosas.

Nixon e sua turma tentaram abafar o escândalo.

Haldeman foi condenado por perjúrio, conspiração e obstrução de Justiça. Passou 18 meses na cadeia.

Haldeman não era um dos plumbers de Nixon, um dos fixers, um dos “encanadores” do chefão.

Giuliani está mais para esta função: um operador, o cara que atua no limite legal, que manda o recado, que assume o que o capo não pode assumir.

Por isso, tudo o que ele disser aos Bolsonaro deve ser levado muito a sério. Vem da suíte presidencial.

A situação legal de Giuliani não é tão grave, hoje, porque ele não tem cargo no governo.

Mas depois de Donald Trump ele certamente será o primeiro alvo.

As perguntas que já estão circulando sobre o “novo” grande amigo de Jair e Eduardo Bolsonaro:

— Giuliani tentou obter alguma coisa de valor para Trump — como informação que poderia ferir um opositor político — de uma fonte estrangeira, em violação da lei eleitoral?

— Ele se envolveu em suborno ao sugerir que algo de valor — como ajuda militar à Ucrânia — seria dado em troca da investigação da família Biden?

— Ele se envolveu numa questão de política externa dos Estados Unidos como cidadão privado, o que é proibido pela Lei Logan?

— Ele pode ser definido como co-conspirador numa tentativa ampla de fraudar ou tentar interferir nas eleições presidenciais de 2020?

Por enquanto, tudo o que se tem contra Giuliani, além das menções feitas a ele na conversa telefônica entre Trump e o presidente eleito da Ucrânia, é uma cronologia constrangedora, publicada pelo diário britânico Guardian:

7 de abril: Giuliani acusa Biden de, enquanto vice-presidente dos Estados Unidos, pressionar pela demissão de um promotor da Ucrânia que investigava seu filho.

25 de abril: Biden lança sua campanha à Casa Branca

Primeiro de maio: Segundo o New York Times, Giuliani pressiona a Ucrânia a conduzir uma nova investigação sobre Joe e Hunter Biden e liga para Donald Trump para informá-lo a respeito.

10 de maio: Giuliani cancela viagem que faria à Ucrânia alegando que alguém poderia dizer que seria “impróprio” pressionar o presidente eleito.

20 de maio: Zelensky assume o poder.

25 de maio: Trump liga para Zelensky.

12 de agosto: Integrante da comunidade de inteligência denuncia a ligação de Trump ao presidente da Ucrânia.

21 de agosto: Giuliani revela que viajou para Madri e encontrou com Andriy Yermak, assessor de Zelensky, para pedir a ele que investigasse Joe e Hunter Biden. Afirma que viajou na condição de “cidadão privado”, mas que o encontro foi acertado por Kurt Volker, “representante especial” dos Estados Unidos em Kiev. Giuliani não contou se levou documentos obtidos pelos “encanadores” de Trump para entregar a Yermak.

9 de setembro: Democratas pedem informações à Casa Branca sobre qualquer tentativa de Trump de colocar pressão na Ucrânia para ajudar em sua reeleição. A carta acusa Trump e Giuliani de agirem por fora de “canais diplomáticos e policiais legais” (feito a Lava Jato, acrescenta o Viomundo).

13 de setembro: Adam Schiff, líder democrata do Comitê de Inteligência da Câmara, faz pedido formal para que a Casa Branca entregue a da reclamação feita pelo whistleblower. O diretor de inteligência nacional, indicado por Trump, se nega.

18 de setembro: O Washington Post revela que a reclamação do apitador se refere a um telefonema entre Trump e um líder estrangeiro.

19 de setembro: Em entrevista à rede CNN, Giuliani nega veementemente que tenha feito qualquer pedido à Ucrânia para investigar Joe e Hunter Biden. Trinta segundos depois, volta atrás: “Naturalmente, pedi”.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO