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Mundo

Trump pode tomar medidas bombásticas na reta final de seu mandato

Medidas como perdoar Snowden, atacar o Irã, reduzir o número de militares ao redor do mundo e uma possível ofensiva final contra a China podem ser implementadas no próximo mês

Donald Trump (Foto: Carlos Barria/Reuters)
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Sputnik - Visivelmente frustrado com a derrota nas eleições norte-americanas, o "imprevisível" Donald Trump tem algumas semanas para deixar a sua marca na história e causar dores de cabeça para a futura administração estadunidense.

Durante seus quatro anos na Casa Branca, Donald Trump construiu a fama de ser imprevisível, agindo puramente de acordo com seu julgamento pessoal no trato de temas estatais.

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O mandatário não esconde sua frustração com a provável derrota que sofreu nas eleições presidenciais de novembro. Um "mal perdedor", segundo sua ex-mulher, Ivana Trump, ele pode tomar algumas medidas para dificultar a vida da administração que o sucederá, liderada pelo democrata Joe Biden.

Apesar da derrota, Trump continua sendo uma figura política forte, e essas últimas semanas na Casa Branca podem fornecer uma oportunidade para que ele prepare sua campanha Trump 2024.

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Quais medidas o presidente norte-americano pode tomar antes de deixar o cargo? Quais as cartas que Trump ainda tem na manga?

Perdoar Edward Snowden

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Uma das prerrogativas mais poderosas que Trump tem nas mãos é o poder de perdoar cidadãos norte-americanos. A lista de pessoas que podem ser laureadas com essa garantia legal é grande, mas nenhum tão surpreendente quanto o delator Edward Snowden.

Em 2013, Snowden abandonou seu posto na Agência Nacional de Segurança dos EUA munido de milhares de documentos secretos que provaram a existência de um programa de vigilância que espionava cidadãos norte-americanos ilegalmente.

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"Snowden é procurado nos EUA, acusado de crimes previstos no Ato de Espionagem", disse o doutor em filosofia pela Universidade de Wayne, Joshua Guitar à Sputnik Brasil. 

De acordo com o especialista, "funcionários do Estado norte-americano já disseram que ele teria acesso a um julgamento justo, mas de acordo com o Ato de Espionagem, existe uma grande possibilidade de isso não acontecer".

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"Snowden poderia ser preso imediatamente sem um julgamento, e inclusive ser executado", disse Guitar.

Em agosto deste ano, o presidente dos EUA chegou a sugerir que Snowden voltasse aos EUA. Mais tarde, disse que consideraria conceder perdão ao ex-agente do governo americano.

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Para Guitar, "Trump é bastante imprevisível", mas poderia considerar que um perdão a Snowden agiria em seu favor.

"Caso Trump esteja tentando deixar uma marca positiva antes de deixar a Casa Branca [...] essa concessão poderia soar bem à opinião pública", acredita Guitar.

Por outro lado, Trump poderia usar o perdão para desacreditar os democratas, principalmente o provável próximo presidente dos EUA, Joe Biden, que ocupava o cargo de vice-presidente quando Snowden vazou os documentos secretos.

"Isso poderia ser interpretado como uma afronta à administração Obama, em relação a qual Trump não tem demonstrado muita cordialidade", disse Guitar.

No entanto, o especialista não está confiante de que Trump vai perdoar o delator, uma vez que há "muita ambiguidade" em relação a Snowden nos EUA.

Atacar o Irã

A notícia mais preocupante desde a provável derrota de Trump nas eleições foi a de que ele considerou iniciar um ataque militar contra o Irã.

Nesta segunda-feira (16), o jornal The New Tork Times reportou que Trump aventou a ideia após ter acesso a relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica, que apontavam para o aumento dos estoques de urânio enriquecido no país persa.

Um ataque contra o Irã teria o condão de desencadear uma grave crise no Oriente Médio, que teria de ser resolvida pela administração de Joe Biden.

Além disso, os EUA teriam que investir pesados recursos militares para proteger suas tropas estacionadas no Oriente Médio.

Assessores próximos ao presidente, como o secretário de Estado Mike Pompeo, e o secretário interino de Defesa, Christopher C. Miller, teriam dissuadido o presidente da ideia "bombástica".

Segundo a reportagem, no entanto, Trump se convenceu da necessidade de tomar medidas contra o Irã, ainda que indiretamente, antes de deixar a Casa Branca.

Seu provável alvo será a milícia houthi, ou Ansar Allah, que recebe auxílio do Irã em sua luta contra coalisão multinacional liderada pela Arábia Saudita no Iêmen.

Nesta terça-feira (17), a revista Foreign Policy revelou que Trump poderá incluir a milícia na lista de organizações terroristas, o que dificultará o envio de ajuda humanitária para a população iemenita.

De acordo com a revista, organizações humanitárias norte-americanas tentaram dissuadir o presidente, aparentemente sem sucesso.

Reduzir tropas nas 'guerras intermináveis'

Antes de sair do cargo, Trump decidiu cumprir promessa de campanha realizada em 2016 e reduzir drasticamente o contingente militar norte-americano no Iraque e Afeganistão.

Nesta terça-feira (17), a administração norte-americana anunciou plano de retirada a ser implementado até o dia 15 de janeiro. No Afeganistão, o contingente será reduzido de 4.500 para 2.500 militares, o menor número em 20 anos de conflito.

"Isso é consistente com nossos planos e objetivos estratégicos estabelecidos, apoiados pelo povo americano, e não significa uma mudança na política ou nos objetivos dos EUA", insistiu o secretário interino de Defesa, Christopher C. Miller, durante coletiva de imprensa.

Mas a redução foi mal recebida por líderes do Partido Republicano e pelo secretário-geral da OTAN.

"É muito importante que não tenhamos nenhuma mudança tremenda nas políticas externa e de defesa dos EUA, incluindo reduções drásticas de contingentes militares no Afeganistão e no Iraque", disse o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell.

O secretário-geral da ONU, Jens Stoltenberg, lembrou os resultados da decisão de Barack Obama de retirar tropas do Iraque de maneira abrupta, que, segundo ele, teria levado ao fortalecimento de grupos como o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em muitos outros países).

"O preço de retirar [tropas] muito cedo [...] pode ser muito alto. O Afeganistão corre o risco de voltar a ser uma plataforma para terroristas internacionais planejarem e organizarem ataques em nossos países", alertou Stoltenberg durante entrevista à CNN.

O representante especial para o Afeganistão da presidência da Rússia, Zamir Kabulov, disse à Sputnik que, apesar de a medida de Trump não ser decisiva no campo de batalha, "pessoas interessadas em Cabul ainda têm esperança de que [Joe] Biden cancele" a medida.

Ofensiva final contra a China

Cartada final de Trump bastante esperada entre os especialistas é uma última rodada de sanções contra a China.

Nesta segunda-feira (16), o portal Axios reportou que o presidente deve introduzir "uma série de políticas linha-dura" contra Pequim antes de 20 de janeiro.

O pacote deve incluir sanções contra empresas e alto funcionários do governo de Pequim, citando alegadas violações aos direitos humanos cometidos em Hong Kong e Xinjian.

A novidade seria um boicote norte-americano à indústria pesqueira chinesa, em função do "uso crescente de mão de obra forçada" no setor.

A intenção da administração Trump seria, segundo o portal, dificultar uma mudança de rumos na política norte-americana para a China por parte de Joe Biden.

"Modificar as ações históricas do presidente Trump [em relação à China] será um suicídio político para futuros presidentes norte-americanos", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Ullyot, ao Axios.

Apesar da retórica dura, por enquanto, as decisões tomadas por Trump em seus últimos suspiros como presidente ainda não desencadearam grave crise internacional.

Até o momento da publicação deste artigo, faltam 62 dias, 14 horas e 40 minutos para Trump deixar a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2021, de acordo com o site timeanddate.

A corrida pela Casa Branca aponta, até o presente momento, vitória do candidato Joe Biden, com 290 delegados no Colégio Eleitoral contra 217 de seu rival e atual presidente dos EUA, Donald Trump.

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