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Vannuchi: em Nova York, Temer pega carona em Lula e contradiz Serra

O cientista político Paulo Vannuchi observa que parte da intervenção de Michel Temer conflita com a linha de atuação de seu ministro das Relações Exteriores, José Serra; “Ele manda um abraço ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelo avanço no acordo de paz negociado com as Farc. O problema é que Serra é muito alinhado ao ex-presidente Álvaro Uribe, que foi contrário ao acordo”, afirma; segundo Vannuchi, Temer também contradiz seu chanceler quando menciona “apoiar a integração latino-americana”

O cientista político Paulo Vannuchi observa que parte da intervenção de Michel Temer conflita com a linha de atuação de seu ministro das Relações Exteriores, José Serra; “Ele manda um abraço ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelo avanço no acordo de paz negociado com as Farc. O problema é que Serra é muito alinhado ao ex-presidente Álvaro Uribe, que foi contrário ao acordo”, afirma; segundo Vannuchi, Temer também contradiz seu chanceler quando menciona “apoiar a integração latino-americana” (Foto: Leonardo Attuch)
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Por Paulo Donizetti de Souza, da Rede Brasil Atual
 
Em seu discurso na abertura da 71ª Assembleia Geral da Nações Unidas, hoje (20), em Nova York, o presidente Michel Temer negou o golpe parlamentar que o levou ao poder no Brasil e ainda pegou “carona” em marcas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A avaliação é do cientista político Paulo Vannuchi, antecipando parte do comentário que fará amanhã naRádio Brasil Atual.

Para não cair na indiferença perante os chefes de Estado de todo o mundo, segundo Vannuchi, o discurso de Temer tem passagens em que ele parece se referir à gestão de Lula. “Por exemplo, quando ele fala da necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU, ou sobre papel do Brasil na negociação do acordo nuclear do Irã, ou sobre ‘isso que estamos fazendo’ no enfrentamento à pobreza. Ninguém apaga o esforço de Lula nesses temas. São marcas que fizeram do ex-presidente uma das principais lideranças mundiais ainda hoje”, diz.

O cientista político observa ainda que parte da intervenção de Michel Temer conflita com a linha de atuação de seu ministro das Relações Exteriores, José Serra. “Ele manda um abraço ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelo avanço no acordo de paz negociado com as Farc. O problema é que Serra é muito alinhado ao ex-presidente Álvaro Uribe, que foi contrário ao acordo”, afirma. Segundo Vannuchi, Temer também contradiz seu chanceler quando menciona “apoiar a integração latino-americana”.

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Um dos momentos mais delicados do pronunciamento, porém, na avaliação de Paulo Vannuchi, é quando Temer, argumentando que “a democracia está sendo respeitada” e empregando o termo “depuração” para classificar a crise política no Brasil, tenta descaracterizar o processo de golpe parlamentar que levou à deposição da presidenta Dilma Rousseff. “Isso quer dizer o que num governo em que quem manda é o Eduardo Cunha, para citar uma frase contundente da Dilma?”, questiona.

Antes do pronunciamento de Temer, diplomatas e ministros de Equador, Costa Rica, Bolívia, Cuba, Nicarágua e Venezuela se retiraram do salão onde ocorre a reunião. São países que se manifestaram publicamente, em diversas ocasiões, contra o processo de impeachment e também qualificaram o julgamento como um golpe de Estado.

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Paulo Vannuchi se diz ainda espantado pelo fato de Michel Temer recorrer a temas ligados aos direitos humanos por várias vezes. “Nós, que atuamos nessa área, sabemos que o assunto é forte nas Nações Unidas. Mas é curioso o Temer dizer que perseguições, prisões políticas e arbitrariedades ainda são recorrentes ‘em muitos quadrantes’”, diz o cientista político. “Perseguições são recorrentes inclusive no Brasil. A polícia de São Paulo tem reprimido manifestações pacíficas com bombas, gás, prisões e agressões, como aconteceu com o ex-senador Eduardo Suplicy e com a garota (Deborah Fabri) que perdeu a visão de um olho ao ser atingida por bala de borracha. Isso porque o governador, que tem poder para frear a violência, não o faz, agindo na contramão do que acontece na maioria dos países democráticos.”

Evento com Lula

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Por iniciativa da Confederação Sindical Internacional – presidida pelo professor brasileiro João Felício, com sede em Genebra –, o ex-presidente Lula foi convidado a participar de um evento paralelo à Assembleia Geral da ONU. O objetivo da reunião, com participação de sindicalistas do mundo todo, especialistas em direitos humanos e cobertura pela imprensa internacional, é explicar a denúncia encaminhada recentemente por Lula ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, baseada no pacto dos direitos civis e políticos (de 1966) da organização.

“Na atividade, os advogados britânicos Geoffrey Robertson e Nigel Rodley – autores da denúncia do ex-presidente na ONU – argumentarão que o maior líder político do país tem sido vítima de condenação prévia por parte de agentes do Estado brasileiro, que se deixaram mover por convicções políticas e até religiosas”, informa Vannuchi.

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Lula decidiu não viajar, em função de compromissos ligados às eleições municipais. Mas participa virtualmente da reunião por meio de teleconferência, agradece à solidariedade internacional e pede que ela “se volte para os direitos do povo brasileiro”. Segundo Vannuchi, em seu recurso à ONU o ex-presidente pede o direito à imparcialidade da Justiça. “Não se pode permitir que a mídia decida quem é culpado, imponha decisões ao Supremo Tribunal Federal e pratique seguidamente crimes de linchamento em capas de revista – com a omissão do Judiciário. Vivemos um momento em que é preciso realizar denúncias internacionais pela volta do Estado democrático de direito no Brasil”, diz o cientista político.

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