Impulsos fatais
Strauss-Kahn não precisava da camareira, nem Palocci daquele apartamento
Sábio é o homem que sabe controlar suas paixões, seus impulsos. Isso mora na filosofia desde os tempos de Platão e Aristóteles. E o que são essas paixões? Poder, dinheiro, sexo... Veja o caso de Dominique Strauss-Kahn. No sábado, lá estava ele na sala vip da Air France, já tomando seu champanhe, prestes a embarcar de Washington para a Paris, quando, de repente, sai algemado do aeroporto. Tudo porque não resistiu aos encantos de uma camareira de hotel. Estupro? Sexo consensual? Quem saberá a verdade?
Na França, Strauss-Kahn é chamado de “chaud lapin”, ou coelhinho quente. Esse apelido decorre de seus impulsos irrefreáveis pelo sexo oposto. E ele, que foi um ótimo diretor-gerente do FMI durante a crise internacional e seria o principal nome da esquerda na disputa presidencial francesa, agora vê tudo ruir da cela de uma cadeia. Os socialistas poderão dizer que foi complô, que a camareira foi uma Mata Hari plantada por Nicolas Sarkozy (como Beyoncé diante do Inspetor Clouseau no filme “A Pantera Cor de Rosa 2”), mas o fato é que Strauss-Kahn já era. Para sempre.
Tome-se agora o exemplo do ministro da Casa Civil, Antônio Palocci. O que menos importa é saber se sua atividade de consultor foi lícita ou não – ainda que ele trafegasse numa zona bem cinzenta. Deputados federais, a princípio, são eleitos para defender interesses difusos, de toda a sociedade, e não particulares, de determinados clientes.
Pelo governo Dilma, Palocci aparentemente já foi absolvido. Mas será que ele precisava mesmo de um apartamento de R$ 6,6 milhões e 505 metros quadrados no bairro mais nobre de São Paulo? Que impulso foi esse que o levou a adquirir um imóvel tão vistoso, quando qualquer amador sabe que a política não combina com sinais exteriores de riqueza? Segundo o colunista Elio Gaspari, que publicou artigo sobre o caso nesta quarta-feira no Globo e na Folha de S.Paulo, Palocci gosta de viver perigosamente.
Bom, impulsos fatais dão nisso. Strauss-Kahn se foi e Palocci, mesmo permanecendo no governo, será um ministro bem mais fraco do que gostaria. Um devedor daquelas cobras criadas que querem salvá-lo de uma convocação na Câmara dos Deputados para depois apresentar a fatura.
Controlem-se, poderosos.
Leonardo Attuch é jornalista e idealizador do Brasil 247
Twitter: @leoattuch_247 / @brasil247
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