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Lula ao L’Humanité: não abandonaremos a luta

Texto de autoria do ex-presidente publicado no jornal francês faz um retrospecto de sua condição de preso político e da situação de crise no Brasil; "O Brasil atravessa um dos momentos mais críticos de sua história", avalia; neste momento de graves ameaças de direitos e à democracia, ele agradece aos atos ocorridos neste domingo 7, quando sua prisão completou um ano, e reafirma: "não abandonaremos a luta, até que o Brasil e os brasileiros voltem a ser felizes"

Lula ao L’Humanité: não abandonaremos a luta
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247 - O jornal francês L’Humanité publicou nesta segunda-feira 8 uma mensagem exclusiva do ex-presidente Lula, na data que marca um ano de sua prisão. No texto, ele faz um retrospecto de sua condição de preso político e da situação de crise no Brasil desde o golpe contra Dilma Rousseff. "O Brasil atravessa um dos momentos mais críticos de sua história", avalia. Neste momento de graves ameaças de direitos e à democracia, ele agradece aos atos ocorridos neste domingo 7 e reafirma: "não abandonaremos a luta, até que o Brasil e os brasileiros voltem a ser felizes".

Leia a íntegra:

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O mundo assiste hoje, com preocupação e tristeza, aos graves retrocessos que se sucedem no Brasil desde que o golpe parlamentar de 2016 rasgou a Constituição e os votos de 56 milhões de brasileiros e derrubou a presidenta Dilma Rousseff. Primeira mulher a ocupar a Presidência do país, Dilma foi eleita em 2010, reeleita em 2014 e afastada dois anos depois, sem qualquer ato ilícito cometido.

Desde então, o Brasil atravessa um dos momentos mais críticos de sua história. O processo de desenvolvimento com inclusão social iniciado em 2003, que tanta admiração despertou ao redor do planeta, foi violentamente interrompido. O país que resgatou da extrema pobreza milhões de pessoas, que tirou o Brasil do Mapa Mundial da Fome pela primeira vez em 500 anos, que exportou políticas sociais vitoriosas para o continente africano, que dialogou de igual para igual com as maiores potências mundiais e que lutou pela paz entre os povos é hoje o seu extremo oposto.

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Estou preso desde 7 de abril de 2018, sem nenhuma prova de qualquer crime cometido. Minha vida e a de meus familiares foi devassada. Minha residência foi invadida e revirada pela polícia. Anos e anos de investigação feroz não encontraram nenhum centavo irregular em minhas contas, cuja origem não possa ser comprovada, nenhuma evolução patrimonial incompatível com o fruto do meu trabalho. Nada de iates, mansões cinematográficas, malas de dinheiro, contas secretas: nada. Mesmo depois de ter sido presidente, voltei a morar no mesmo apartamento desprovido de qualquer luxo, na região metropolitana de São Paulo.

Fui condenado e preso por "atos indeterminados", figura inexistente na legislação penal brasileira. Apresentei farta documentação comprovando minha inocência. Meus acusadores, ao contrário, não encontraram uma única prova contra mim.

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Estou há um ano preso em isolamento, proibido de dar entrevistas. Fui impedido de disputar a eleição presidencial de 2018, quando todas as pesquisas de opinião pública indicavam o meu amplo favoritismo. Abriu-se assim o caminho para a vitória do candidato da extrema direita, notabilizado pelo discurso racista, homofóbico e misógino, e pela defesa intransigente da tortura e do regime totalitário instalado no Brasil pelo golpe militar e civil de 1964.

O juiz de primeira instância, que tantas injustiças cometeu contra mim e que me condenou sem provas, foi alçado ao cargo de ministro da Justiça do novo governo. É o chefe superior de minha carceragem, o que seria impensável no estado de direito constitucional e democrático. O atual presidente, eleito com base na divulgação maciça de fake news (mentiras) – mesmo modelo utilizado recentemente em outros países – acelerou o desmonte do estado de bem estar social implantado desde a chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder, em 2003.

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Políticas públicas que combinavam desenvolvimento econômico e justiça social foram abandonadas. Direitos trabalhistas históricos estão sendo revogados. Aprofundaram-se as desigualdades sociais. Milhões de pessoas foram empurrados para a extrema pobreza. O número de desempregados supera a marca de 13 milhões. A fome e a mortalidade infantil estão de volta. A busca pelo diálogo e pela paz foi substituída pelo discurso e a prática do ódio e da intolerância. O Brasil sangra.

Neste momento de imensa dor, causada não apenas pelas injustiças cometidas contra mim, mas sobretudo pelas graves ameaças à democracia e ao sofrimento imposto ao nosso povo, quero agradecer às manifestações de solidariedade que chegam de todas as partes do mundo. E reafirmar que não abandonaremos a luta, até que o Brasil e os brasileiros voltem a ser felizes.

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