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Poder

Mais um salto no escuro?

Eleitorado paulistano é pródigo em eleger surpresas; nos últimos 25 anos, a partir da ressurreição de Jânio Quadros na política, os até então desconhecidos Celso Pitta e Gilberto Kassab tiraram proveito dessa mania; agora é Russo, mano?

Mais um salto no escuro? (Foto: Divulgação)
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247 – O ex-presidente Jânio Quadros, pouco antes da eleição municipal de 1985, era um cadáver político. Recluso, sem diálogo com o establishment, lembrado apenas por uns poucos velhos amigos, foi retirado do ostracismo por um convite do PTB. Fez uma campanha na base de seu próprio folclore político, prometendo exercer um mandato sem programa de governo, mas com estilo pessoal, e terminou agraciado pelo eleitorado paulistano com um mandato de prefeito, para o qual bateu o então senador e futuro presidente Fernando Henrique.

A propensão dos paulistanos pela prática de saltos eleitorais no escuro se repetiu pelo menos mais duas vezes, com o também até então desconhecido Celso Pitta, puxado pelos tratores de obras do padrinho político Paulo Maluf, em 1997, e, mais recentemente, com Gilberto Kassab.

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O atual prefeito, que praticamente ninguém fora dos meandros da política conhecia até oito ano atrás, superou um veto inicial do à epoca candidato a prefeito José Serra para conseguir, com muita pressão, a vaga de vice em sua chapa. E de quase mantido no limbo, conquistou a confiança do próprio Serra, aproveitou o pulo de trampolim que este deu ao abandonar o mandato para eleger-se governador, dobrou o partido dos tucanos à sua vontade e termina agora seu mandato com baixos índices de aprovação popular.

A julgar pelos resultados das pesquisas Ibope e Datafolha, essa inclinação para eleger políticos de baixo índice de conhecimento inicial poderá passar a ser chamada até mesmo de obsessão. Isso porque Celso Russomano, do minúsculo e desconhecido PRB, virou hoje o favorito a vencer as eleições na capital da maior cidade do País. Ele conquistou dois mandatos de deputado federal a partir de uma tênue proposta de defesa do consumidor, de saída encarada mais como um pequeno gesto populista do que uma ação em profundidade. Agarrou-se, porém, a esta bandeira, tratou de prosseguir no mesmo rumo no exercício de seus mandatos e, impulsionado por programas de televisão, os quais nunca abriu mão, manteve seu espaço pessoal.

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Uma conjunção de fatores, como a ausência forçada da senadora Marta Suplicy na disputa, abriram um vácuo do tamanho de quase trinta por cento no eleitorado, que Russomano está se mostrando competente em ocupar. Com fortes ligações junto ao eleitorado das igrejas pentecostais, como a Universal do Reino de Deus, para a qual, por meio da TV Record, trabalhou, Russomano demonstra, no minuto anterior da inauguração do horário eleitoral gratuito, ter suas próprias bases. O político que não figurou, até seu crescimento nas pesquisas, em nenhuma análise do quadro político, agora já é visto como o homem a ser batido. Sua candidatura já demonstra mais solidez que a do próprio José Serra, que em sua soberba chegou a fazer um pacto de não agressão com o próprio Russomano, considerando-o mais como linha auxiliar a seus planos do que como adversário efetivo. Nos últimos dois meses, enquanto Serra perdeu quatro ponto no Datafolha, Russomano ganhou sete pontos.

A grande zebra desta eleição terá o desafio de superar, com seus dois minutos e meio no horário eleitoral gratuito, as máquinas de PSDB e PT, com mais de sete minutos cada uma. Sai, porém, com a vantagem de que não será atacado. Afinal, ele sempre foi, nesta eleição, o candidato para não ser levado a sério – e assim deverá ser considerado por mais algum tempo. O que os adversários não fizeram foi combinar com o eleitorado, cujo comichão de dar mais um salto no escuro se percebe a olhos vistos.

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