Mercadante ao 247: “Sofro um ataque especulativo”
"Argumentos usados contra mim são incoerentes", reclama, sob fogo cruzado, o ministro da Educação; "Se dialogo, dizem que recuo, mas se apresento medidas, apareço como intransigente. Não há coerência na crítica", diz Aloízio Mercadante; "só quem propõe, discute e debate é o governo"; ele jura não ter articulado contra o ministro da Fazenda; "Conheço o Guido há 30 anos. Sempre fui solidário a ele e sempre serei"; informou que Espanha, Argentina e Portugal são os países com mais profissionais inscritos no Mais Médicos; negou afastamento em relação à presidente Dilma, mas não declarou apoio ao ministro Alexandre Padilha para o governo de São Paulo em 2014: "Ainda é cedo"
Marco Damiani _ 247 – O ministro Aloízio Mercadante não parece intranquilo com o momento do governo. "Faz parte", diz, sobre a saraivada de críticas a presidente Dilma Rousseff. "Só quem está dando resposta à crise, procurando conversar e propor medidas é o governo. É isso o que vai ficar quando for feita a narrativa desse período".
O ministro da Educação, alçado desde o início do ano a uma posição central na equipe presidencial, não parece estar muito preocupado com o embate de 2014, mostrando confiança.
"Vamos vencer o debate eleitoral-ideológico, somos quem mais ouve a sociedade e praticamos um governo popular".
Será, então, que a mensagem está sendo mal compreendida, como mostra a queda de Dilma nas pesquisas?
- A mídia é heterogênea na interpretação dos atos do governo. Na chamada grande imprensa temos mais problemas, mas ganhamos muito espaço nas redes sociais. A internet está sendo uma ferramenta fundamental de informação, e nesse campo a mensagem do governo chega melhor.
ATAQUE ESPECULATIVO - O ministro reclama mesmo é da maneira como vem sendo tratado. "Sou alvo de um ataque especulativo", afirma. "Quando dialogo, dizem que eu recuo, mas quando apresento medidas, fico como intransigente. Não há coerência nessa crítica. Assim não dá", reclama.
Mercadante inclui nesse ataque especulativo os fortes rumores de que teria feito uma reunião com o vice-presidente Michel Temer e o ministro da Aviação, Moreira Franco, para articular a derrubada do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Nada a ver, diz.
- Em cartas, as duas fontes dessa matéria que saiu na revista Veja desmente a revista. Não é uma coisa séria. Eu conheço o Guido há 30 anos, sempre fui solidário a ele serei. Numa reunião, em falei em tomarmos medidas, mas numa crise desse tamanha dizer isso não é crítica nenhuma, a distância é muito grande. O Guido sabe.
PADILHA AINDA NÃO - O ministro permanece na posição de não pensar em ser candidato a governador de São Paulo, em 2014. Mas, ao contrário do que se poderia supor, ele não está desde já fechado com a pré-candidatura de seu colega Alexandre Padilha, da Saúde.
- Eu ser candidato é matéria vencida. Há uma inclinação para o Padilha, mas ainda é cedo para vermos isso.
Há confiança, porém, em que o governo vença em 2014. "Vamos ganhar o debate eleitoral-ideológico. Nosso campo está bem delimitado. Todos os nossos projetos são populares Todos, inclusive, claro, o Mais Médicos foram discutidos com entidades da sociedade civil. Só quem está dialogando somos nós.
Por que, então, tanta confusão na compreensão das propostas e desgaste para o governo?
- Nós que nascemos nas ruas sabemos que tudo é feito com muito luta, nunca foi diferente. Estamos acostumados. Sempre enfrentamos esse debate, e temos vencido. Prova está no nosso governo popular de dez anos. Os avanços são impressionantes, diz o ministro, entusiasmado com o programa Mais Médicos, apesar de toda a grita da categoria:
- Temos 400 mil médicos no Brasil, e a maioria compreendeu que estamos fazendo um grande programa de medicina popular. Dos 1.841 municípios que se inscreveram, 63% ficam na Amazônia e no Semi-Árido nordestino. É para lá que levaremos os médicos.
Sobre a presença de médicos estrangeiros, ele trabalha com o dado de foram feitas inscrições de 43 países, com liderança para Espanha, Argentina e Portugal. Cuba teria ficada na quinta colocação.
A proposta de aumentar para dois anos o período de residência médica após a obtenção do diploma, segundo ele, atende "a uma reivindicação histórica da categoria". Estamos mudando todo o sistema, para formar médicos melhores.
MUDANÇA DE DEMOCRACIA - O ministro tem um diagnóstico particular sobres os protestos que pipocam no País.
- Estamos vivendo uma transição de uma democracia consumista, de expressão global, para uma democracia participativa. A demanda por melhores serviços pública é legítima.
Mas ele viu má vontade, nos meios de comunicação tradicionais, contra o governo:
- Foram 140 horas de tevê aberta durante 10 dias de convocação para um protesto. Foi uma avalanche, mas a narrativa desse período vai mostrar que nós somos os únicos a ter propostas para as ruas.
Mercadante não está preocupado com os rumores de que estaria em baixa com a presidente Dilma, em razão da repercussões de iniciativas como Mais Médicos:
- Eu fui chamado para ajudar no debate com a sociedade e o parlamento, para fortalecer nossos argumentos, para ajudar a propor soluções. Feito isso, eu retorno ao meu posto exclusivo de ministro da Educação. Isso sobre um afastamento da presidente não é verdadeiro. Na última viagem a São Paulo, ela me convidou duas vezes para ir junto, mas havia reuniões importantes em Brasília e a presidente compreendeu minhas razões. Não há nada disso.
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