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Poder

Nada a declarar

Jos Serra, imutvel, repete estratgia de exibir soberba e superioridade frente a apoiadores, adversrios e pblico; no aceita debates internos no PSDB sobre a cidade de So Paulo, ir procurar censurar perguntas de jornalistas e no deve detalhar programa de governo; espelhando Armando Falco ( dir.), nada a declarar

Nada a declarar (Foto: Felipe L. Gonçalves/Edição/247)
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Marco Damiani _247 – Nada específico a declarar. Já ficou clara, desde a primeira hora, a estratégia do tucano José Serra para sua campanha à Prefeitura de São Paulo. Em silêncio, recusando de saída qualquer debate interno no PSDB, escolhendo a dedo interlocutores confiáveis na mídia e sem intenção manifesta de apresentar algum tipo de programa de governo em detalhes, Serra pretende passar incólume sobre questões que ele julga comezinhas. O patamar em que o candidato quer situar a peleja é preferencialmente o nacional, o que irá direcionar suas declarações muito mais a críticas à política macroeconômica e ao PT do que para soluções a respeito da crescente poluição atmosférica na maior capital do país ou a acelerada deterioração das vias públicas. Vai ser algo como Brasil 8 X São Paulo 2.

Será apenas na televisão, quando contará com os recursos de fantasia eletrônica que serão feitos pela produtora GW – sua parceira permanente – para embalar um arremedo de programa de governo, que Serra poderá se prestar, enfim, a revelar algumas pinceladas do que acha certo fazer com São Paulo – e, ainda assim, sem qualquer garantia de que venha a executar o que prometeu, quando estiver no cargo.

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Depois de sepultar a ideia de qualquer debate programático e político no PSDB antes das prévias partidárias, Serra não tem a menor intenção de proporcionar entrevistas coletivas ou ceder grande espaços de sua agenda à imprensa. Ele poderá escolher, como é seu padrão, interlocutores especiais na mídia para dar seus recados - e, se preciso for, não deverá hesitar em barrar perguntas que lhe incomodem, durante momentos com profissionais não alinhados, como já fez em suas duas últimas campanhas presidenciais. Chega a ser engraçado. Você pergunta, ele vira para o outro lado e diz: "Essa pergunta eu não quero, é provocação". Um Armando Falcão pronto e acabado!

“Você sabe, Serra não gosta de ser prefeito. Esse negócio de muita pressão popular, entidades organizadas, os problemas nos bairros, isso não é do feitio dele”, dizia, num rápido deslocamento de carro oficial pela avenida 23 de Maio, o então secretário de Subprefeituras, Walter Feldman, no ano de 2006, quando Serra era prefeito. Hoje, o mesmo Feldman acaba de ser escalado para fazer parte da cúpula da campanha serrista.

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Os tucanos, àquela altura, estavam empenhados em criar um clima na opinião pública para Serra poder rasgar a promessa passada em cartório de não deixar a Prefeitura para concorrer ao governo do Estado. Era adequado, portanto, dizer que ele estava enfadado do cargo, mas com uma superdisposição de ser governador, isso sim!

Hoje, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já avisa que Serra tem, sim, todo o direito de, ao chegar à Prefeitura, objetivar outra vez o Planalto. Outro forte sinal de que as questões da cidade não estarão no foco do candidato, com a mira voltada para o alvo mais alto.

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“Serra erra. O eleitor quer discutir a cidade”, irrita-se um assessor tucano que tangencia o fechado círculo de poder em torno do candidato. Para esta fonte, a declaração do candidato segundo a qual será um “sonho” ser prefeito de São Paulo foi feita sob encomenda dos que lhe cobram uma postura menos distante do dia a dia da cidade.

Lá no comando serrista, porém, a certeza é a de que a estratégia de “nada específico a declarar” é mais que acertada. Primeiro, porque já deu certo. Com sua determinação de só enxergar “incúria”, como gosta de dizer, na estrutura de poder que pretende tomar do adversário – foi assim praticamente todo o tempo da campanha municipal de 2004 em relação à gestão da então prefeita Marta Suplicy -, Serra se absteve de fazer, naquela eleição, propostas objetivas para a cidade. Hoje, como o prefeito é seu aliado, discutir na campanha local a agenda nacional é uma alternativa e tanto, que o poupa de atacar Gilberto Kassab, de quem precisa, e, também, de defendê-lo acentuadamente, ele Kassab que tem sua popularidade em baixa. Os permanentes, até aqui, 3% do pré-candidato do PT, Fernando Haddad, igualmente reforçam essa linha de ação. Como anti-PT, Serra já subiu 9 pontos porcentuais no Datafolha, que não registrou, em seu último levantamento, publicado no domingo 4, nenhum reconhecimento do público que Haddad é o pró-PT.

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Além de ser antagônico ao governo federal, a postura discreta em público, que contrasta com suas tiradas de humor duvidoso a jornalistas, especialmente mulheres, nos bastidores, aliada à fama de economista sabichão, compõem o resto do figurino serrista talhado à classe média conservadora que deve, ainda este ano, decidir a eleição paulistana. Tem gente na campanha de Serra, e não pouca, já dizendo que nunca terá sido tão fácil.

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