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Poder

Negromonte caiu detonado pelo fogo amigo

Negromonte foi infeliz. Buliu com cobra (altamente venenosa), eliminou quaisquer condições de uma recomposição, cavou a sepultura

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O ministro Mário Negromonte deixa o Ministério das Cidades dizendo-se em paz com a consciência e tranqüilo sobre os motivos que inviabilizaram a sua permanência, a questão política. Ele asumiu o Ministério em janeiro de 2011, no início do Governo Dilma, após ter articulado para tomar o lugar de Márcio Fortes, que não gostou. Assim, já entrou pisando em palha seca. Piorou quando o governo anunciou o contigenciamento de R$ 50 bilhões. O Ministério das Cidades perdeu a fatia maior, R$ 8,5 bilhões, ele ficou sem gás para adocicar a boca dos eventuais insatisfeitos.

Na primeira trombada, no caso, com o deputado federal e ex-governador Paulo Maluf, de São Paulo, por nomeações de cargos no Ministério, a fagulha virou incêndio. Negromonte disparou:

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- Tem gente no PP que não tem currículo. Tem folha corrida.

É verdade. Fosse o Brasil um país minimamente sério quando se trata de corruptos travestidos de representantes públicos, Maluf jamais estaria na Câmara dos Deputados. Mas como está, é do partido dele e faz parte do jogo, Negromonte foi infeliz. Buliu com cobra (altamente venenosa), eliminou quaisquer condições de uma recomposição, cavou a sepultura.

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Iniciou-se aquele joguinho: aliados do PP passavam para a imprensa denúncias envolvendo supostas irregularidades no Ministério. Muitas delas carentes de informações complementares. E fatos que na Bahia foram rotineiros, viraram escândalos vindo do Mato Grosso.

O PLANALTO NO FOGO AMIGO

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A primeira das denuncias foi a mudança do modal para a Copa de Mato Grosso, de BRT para VLT. Foi a mesmíssima coisa que aconteceu com Salvador. O Ministério das Cidades já tinha alocado, para a capital baiana, R$ 545 milhões para a implantação do BRT, mas o governador Jaques Wagner preferiu metrô, obra de R$ 1,5 bilhão. Deu Wagner, só com a chiada dos empresários de ônibus, sem escândalos.

A tramitação burocrática determina, como no caso baiano, o envio ao Palácio do Planalto, que manda para o Ministério do Planejamento, que manda para o Ministério das Cidades executar. Assim também foi no Mato Grosso. O deputado João Leão, amigo e aliado de Negromonte, não pede reservas:

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- Foi ordem do Planalto. Se falcatrua houve, foi lá.

Foi disso que Negromonte julgou-se cheio: o fogo partia da bancada do PP (que deveria defendê-lo) e o Planalto carimbava (se é que não ajudava a jogar lenha na fogueira). E o ministro era obrigado a ficar calado. Quando falava, explicando a situação, não tinha eco.

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Cássio Peixoto, chefe de gabinete de Negromonte, demitido na semana passada, foi vítima disso. Tudo o que fez foi cumprir ordens, segundo Leão. Nada há quem aponte irregularidades nos atos dele, a não ser a zuada midiática.

No caso dos lobistas com os quais o ministro se reuniu, ao que dizem os aliados de Negromonte, não houve acordo, não houve licitação, muito menos contrato. Apenas conversa. Mas para quem não tem base política, toda formiga é gigante. E em tais circunstâncias, não há ocupante de cargo público que resista.

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Em dezembro Mário Negromonte pediu ao presidente do partido, o senador carioca Francisco Dornelles, para reunir a bancada. Disse que não seria colhido de surpresa na reforma ministerial e pediu: ou apoio explícito ou o boné. Todos os 38 dos 44 deputados e senadores presentes assinaram um documento de apoio.

Era um apoio cartorial.

IMPLICAÇÕES ELEITORAIS

Até que ponto a saída de Negromonte prejudica o PP na Bahia? Assim que Geddel abandonou a barca de Jaques Wagner o PP tornou-se o seu mais forte aliado. Ocupou o lugar. E o fez com tanta gula que obrigou Wagner a produzir um contraponto político através de Otto Alencar, o vice-governador, agora o maior aliado na ponga de arrebanhar para o governo o que restava de carlistas órfãos.

Nas urnas de 2012, as lideranças do partido avaliam que o impacto será mínimo por uma razão objetiva: as eleições municipais obedecem a uma lógica própria.

Um exemplo cabal é Feira de Santana. Lá, Dilma ganhou, Jaques Wagner também. O grosso das lideranças que ganharam notoriedade do ponto de vista estadual estão com o governo. O prefeito Tarcízio Pimenta, agora no PDT, mas que em 2008 elegeu-se pelo DEM e até 2010 lá estava, e o deputado Zé Neto pelo PDT, formam a dupla governista com potencial eleitoral. Mesmo assim, o ex-prefeito Zé Ronaldo lidera as pesquisas com mais de 70%, tudo indicando que vai vencer no primeiro turno.

Já com relação a 2014, aparentemente sim, o partido. Claro, muito vai depender de como o PP se sairá nas urnas de 2012. Mas também é óbvio que se ele fosse um ministro forte, que saísse do governo como liderança credenciada a voar alto, seria outra coisa.

Ao contrário, saiu pela porta do lado.

Conversou com Dilma, agradeceu. Disse que não conseguiu a pacificação política que ela própria pediu em março, quando estourou a primeira briga.

E assim se despediu.

A BAHIA NÃO PERDE

O deputado João Leão, fiel escudeiro de Negromonte, com quem divide um apartamento em Brasília, largou a Casa Civil da Prefeitura de Salvador e passou a semana inteira na capital federal

Brasília. Missão principal: acompanhar os últimos passos do amigo como ministro. 

Nas reuniões de bancada para discutir nomes o dele foi até cogitado. Não quis nem falar no assunto. Acha que ministro no Governo Dilma não tem autonomia, é engessado, tudo dependente do Planalto.

Até a hora em que Negromonte pediu demissão o nome mais cotado era o do deputado Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba, líder da bancada, que por sinal, responde processo na justiça federal por improbidade administrativa. O Planalto já avaliou a situação, ao que se diz.

A Bahia perde? Palavra com João Leão:

- Não. Quando íamos pedir verbas para a Bahia Mário se enchia de dedos. Tinha medo que dissessem que ele estava protegendo a Bahia. Eu vi o trabalho que deu para ele liberar as verbas do metrô de Salvador, mesmo estando autorizadas pelo Orçamento da União. Agora, não. Com o próximo ministro poderemos dar murro na mesa.

Em suma, não era um ministro como Geddel, na Integração, que liberou o que quis para onde quis. Não tinha força.

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