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    O ano em que Dilma chorou

    Notabilizada por sua dureza enquanto ministra do governo Lula, presidenteda Repblicadeixou a emoo transparecer em cinco eventos pblicos durante seu primeiro ano de governo; nos bastidores, contudo, rigidez continua a mesma

    O ano em que Dilma chorou (Foto: Divulgação)

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    Rodolfo Borges _247 – Em maio de 2008, a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff foi confrontada publicamente sobre a forma como se comportou sob tortura. E não fraquejou. Questionada pelo senador Agripino Maia (DEM-RN) sobre as mentiras que contou sob tortura para proteger os colegas de resistência à ditadura, Dilma foi firme e, sem titubear, fez um discurso que consolidou sua imagem de mulher forte. Imagem que ganhou contornos mais suaves durante seu primeiro ano de governo.

    Dilma teve dificuldade para segurar as lágrimas desde seu primeiro dia como presidente e demonstrou emoção em cinco eventos públicos ao longo de 2011. O primeiro choro foi contido com dificuldade durante seu discurso de posse no Congresso Nacional, no dia 1º de janeiro de 2011. “Estendo minha mão para os partidos de oposição e aqueles que não me acompanharam nessa jornada. Sou a presidenta de todos os brasileiros”, disse a presidente, embargando a voz e contendo as lágrimas.

    Lágrimas que a presidente tentou sem sucesso segurar em abril, quando chorou e pediu um minuto de silêncio ao comentar a chacina de 13 crianças em uma escola municipal de Realengo, no Rio de Janeiro. Dilma voltou a se emocionar em julho, durante visita ao Morro do Alemão, Rio de Janeiro, e em novembro, enquanto lançava o programa Viver Sem Limites, para pessoas com deficiência. “Todos eles são muito especiais. Queria dizer que hoje esse é um momento em que vale a pena ser presidente”, disse a presidente, mais uma vez com a voz embargada, olhando para as filhas do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e do deputado federal Romário (PSB-RJ).

    A presidente ainda se emocionou em público mais uma vez em dezembro, ao falar sobre as vítimas da ditadura militar durante entrega de prêmio de direitos humanos ao Instituto Vladimir Herzog. Quem convive com Dilma intra-Palácio do Planalto, contudo, garante que a rigidez permanece a mesma. Como presidente, ela cobra com a mesma firmeza da época de ministra-chefe da Casa Civil, só que com ainda mais legitimidade. E ai de quem não demonstrar eficiência.

    Mas o que aparece para a população é essa presidente sensível, e a manifestação de sentimentos em público contribuiu, junto com as roupas bem cortadas, a maquiagem e o novo penteado, para compor uma nova Dilma. Em entrevista ao Fantástico, a presidente atribuiu as mudanças – principalmente as físicas – às exigências do cargo. Seja qual for o motivo, o benefício para sua imagem é inquestionável. Segundo pesquisa CNI/Ibope, 72% dos brasileiros aprovaram a presidente neste primeiro ano de governo. Se a boa imagem não contribuiu diretamente para a satisfação popular, com certeza também não atrapalhou.

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