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Poder

“Quem apoia Franco apoiaria golpe no Brasil”

Ao 247, senador Roberto Requião (PMDB-PR) critica o conterrâneo Álvaro Dias (PSDB) e diz que o grupo que está extasiado com com a deposição de Fernando Lugo da presidência paraguaia é o mesmo que aplaudiu a deposição de João Goulart no Brasil

“Quem apoia Franco apoiaria golpe no Brasil” (Foto: Edição/247)
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Heberth Xavier_247 - No mesmo dia em que o senador tucano Álvaro Dias (PR) foi à tribuna defender a deposição do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, seu colega de Parlamento, Roberto Requião (PMDB), conterrâneo de Dias, respondeu em defesa do presidente deposto.

Também da tribuna do Senado, Requião usou da ironia para classificar como golpe o que seu conterrâneo minimizou como um mero instrumento democrático de troca de poder: “Num processo de multa de trânsito, o cidadão paraguaio tem dez dias para apresentar sua defesa e mais cinco para um recurso”, disse Requião. Como se sabe, Lugo teve apenas 18 horas para defender-se no processo de impeachment levado a cabo pelo Congresso paraguaio - tempo, segundo Álvaro Dias, mais do que suficiente.

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Depois, em entrevista ao 247, Requião foi além e disse lamentar que o golpismo começa a espalhar-se pela América Latina, com a ajuda brasileira. “Quem apoia Franco (Federico Franco, o vice de Lugo que tomou o poder no Paraguai) apoiaria um golpe no Brasil”, disse Requião. “A direita e os jornalões louvam o golpe paraguaio como louvaram o golpe contra Goulart, em 64.”

Na virada de março para abril de 1964, militares tiraram do poder o então presidente João Goulart, que pertencia ao PTB fundado por Getúlio Vargas. Na época, defensores do golpe defenderam-no com o argumento de que a deposição estaria garantindo a democracia no país - os militares só deixaram o poder, em eleição indireta, 21 anos depois, período no qual liberdades básicas do cidadão foram suprimidas.

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Requião também falou sobre as críticas à posição brasileira de apoiar a suspensão do Paraguai do Mercosul e, além disso, defender a inclusão da Venezuela no bloco. “A turma que agora posa de defensora do Mercosul até há pouco tempo criticava o bloco econômico da América do Sul”, afirmou o senador ao 247. “Ela defendia a Alca, os interesses americanos.”

O senador e ex-governador paranaense, que gosta de uma boa polêmica, citou, em seu discurso na tribuna, uma expressão usada pelo jornalista e blogueiro Luis Nassif: o “liberalismo de jabuticaba”. Seria uma maneira sui generis de professar as ideias liberais sem condenar golpes à democracia, como os que frequentemente ocorrem na América Latina. Requião não poupou a mídia em sua crítica, citando as Organizações Globo, a Folha de S. Paulo e o Estadão como “useiros e vozeiros porta-vozes desse jabuticabismo”.

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O senador passa então a traçar os paralelos entre os dois golpes, o brasileiro e o paraguaio:

“A farsa do dia 25 de junho de 2012, em Assunção, em sua essência, pouco difere da farsa do dia 1º de abril de 1964, produzida exatamente neste plenário.”

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“Desta cadeira, declarou-se vaga a Presidência da República e empossou-se aquele que seria o sucessor ‘legal’ do presidente declarado impedido. Enfim, tudo dentro da mais estrita legalidade, obedecidos todos os ritos constitucionais. Como no dia 25 de junho, em Assunção.”

“Lá e cá, tínhamos um presidente populista, como dizem e como diziam os nossos pundonorosos liberais. Classificar um governante de populista é, desde sempre, o argumento de quem não tem votos, como observou  Samuel Pinheiro Guimarães, tão acostumado aos golpes nestes tristes trópicos.”

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“Lá e cá, dizem nossos udenistas, os presidentes desafiaram as Forças Armadas. Lugo, permitindo uma manifestação popular em um quartel; Goulart, participando de ato político de soldados, cabos e sargentos.”

“Lá e cá, a imprensa transformou-se em partido político, liderando o golpe; no Paraguai, o ABC Collor e quetais; no Brasil, o Globo, o Estadão, o Jornal do  Brasil, o Correio da Manhã e seus   abomináveis editoriais que gritavam “Basta” e “Fora”, conclamando os militares à deposição do presidente Goulart.”

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“Esse paralelismo, essas semelhanças não são ao acaso. Os mesmos elementos, as mesmas induções vamos encontrar nos golpes no Chile, na Argentina, no Uruguai, na Bolívia, no Peru e, mais recentemente na Venezuela e em Honduras. A crônica dessas golpes, é, monotonamente, a mesma.”

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