Temer admite que demora na saída de Geddel prejudicou o governo
O presidente Michel Temer admitiu neste domingo que a demora no pedido de demissão do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima foi prejudicial ao governo e aumentou a temperatura da crise; "Eu sou obrigado a concordar que a demora não foi útil. Se não tivesse demorado teria sido melhor, mas também não causa prejuízos de monta", disse o presidente em entrevista coletiva no Palácio do Planalto
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Reuters - O presidente Michel Temer admitiu neste domingo que a demora no pedido de demissão do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima foi prejudicial ao governo e aumentou a temperatura da crise, e classificou de "indigno" o fato de o pivô do caso, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, ter gravado conversa com o presidente.
"Eu sou obrigado a concordar que a demora não foi útil. Se não tivesse demorado teria sido melhor, mas também não causa prejuízos de monta", disse o presidente em entrevista coletiva no Palácio do Planalto. "É claro que ganhou uma dimensão extraordinária, porque colocou a crise, usando a expressão dele (de Geddel), a crise no meu colo".
Temer creditou às conversas que teve com Geddel o seu pedido de demissão, na última sexta-feira, após uma polêmica envolvendo uma obra de um prédio em Salvador do interesse do ex-ministro. "Eu sei como conduzir esses diálogos de modo a gerar pedido de demissão", afirmou.
No entanto, emissários do presidente tentaram por mais de uma semana convencer Geddel a pedir demissão, sem sucesso. O ex-ministro, envolvido nas delações da operação Lava Jato, temia a perda do foro privilegiado e resistia aos apelos.
A carta de demissão só foi apresentada na última sexta-feira, depois da revelação de que Calero havia prestado depoimento à Polícia Federal e envolvido o próprio Temer e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, no caso. Perguntado se via razão para demitir Padilha por seu envolvimento na crise, Temer descartou completamente.
Durante a entrevista, Temer insistiu que suas conversas com Calero se resumiram a tentar arbitrar um conflito. "Havia um conflito de órgãos da administração, entre o Iphan da Bahia e o Iphan nacional. Eu disse a ele que fizesse o que achasse melhor", afirmou.
Segundo o presidente, Calero lhe disse que não queria tomar uma decisão, e atribui a isso a sugestão que deu ao então ministro de levar o caso à Advocacia-Geral da União (AGU).
"Se ele gravou mesmo eu espero que logo venha à luz. Os senhores vão verificar que eu estava arbitrando conflitos. A coisa que mais fiz na vida foi arbitrar conflitos. É uma tarefa indispensável para um presidente da República", afirmou, acrescentando que é cobrado muitas vezes para que seja mais "autoritário", e cobre e determine mais.
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