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Temer deve atuar na sucessão de Cunha para evitar estragos na base

Para o editor da Reuters no Brasil Alexandre Caverni, se não agir na sucessão de Eduardo Cunha (PMDB), o governo interino de Michel Temer corre o risco de não conter a "trombada" entre o chamado centrão e a antiga oposição ao governo Dilma Rousseff; "Se os partidos governistas chegarem à eleição sem um mínimo de consenso, o lado derrotado pode guardar mágoas e rancores que são sempre perigosos em momentos de votações importantes", diz ele; trabalho do Palácio do Planalto é atuar para reduzir os postulantes 

Para o editor da Reuters no Brasil Alexandre Caverni, se não agir na sucessão de Eduardo Cunha (PMDB), o governo interino de Michel Temer corre o risco de não conter a "trombada" entre o chamado centrão e a antiga oposição ao governo Dilma Rousseff; "Se os partidos governistas chegarem à eleição sem um mínimo de consenso, o lado derrotado pode guardar mágoas e rancores que são sempre perigosos em momentos de votações importantes", diz ele; trabalho do Palácio do Planalto é atuar para reduzir os postulantes  (Foto: Aquiles Lins)
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Alexandre Caverni, editor da Reuters Brasil - O presidente interino Michel Temer precisa abandonar o discurso, mais retórico do que real, de que em assunto do Legislativo o Executivo não pode e não vai se intrometer, se quiser evitar estragos na base governista com a disputa pela sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara.

Com a renúncia anunciada na tarde desta quinta-feira, aumenta a urgência para o Palácio do Planalto entrar no jogo, porque a sucessão não é mais algo que vai acontecer em algum momento, ela está acontecendo agora.

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O maior perigo para Temer nessa disputa, ainda que não seja o único, é que aconteça uma forte trombada entre o chamado centrão e a antiga oposição ao governo da presidente afastada Dilma Rousseff, formada basicamente por PSDB, DEM e PPS, partidos que hoje não só apoiam o governo no Congresso, como ocupam ministérios.

Para se ter ideia desse risco, deputados dessas legendas já conversavam com parlamentares da nova oposição --formada por PT, PDT e PCdoB-- para discutir nomes e apoios para eleger alguém que não seja aliado de Cunha, antes mesmo de sua renúncia.

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Ainda que o agora ex-presidente da Câmara não controle todos os deputados do centrão, ele exerce uma forte influência sobre o bloco como um todo, daí que, para se apoiar um candidato que não seja ligado a Cunha, dificilmente se pode votar num deputado dos partidos do centrão.

E isso tudo sem falar no PMDB, de Temer e Cunha, que tem a maior bancada individual da Câmara e, por isso, poderia reivindicar, como fez em outros momentos, o direito tradicional de ter um dos seus deputados como presidente da Casa.

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Se a escolha de um peemedebista poderia parecer uma solução intermediária entre as duas posições, ela parece muito pouco provável agora que, além do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o PMDB ocupa a própria Presidência da República.

O possível tumulto em torno dessa disputa pode lembrar a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE), em 2005, quando Virgílio Guimarães insistiu em sua candidatura contra o também petista Luiz Eduardo Greenhalgh, nome escolhido como candidato oficial do partido naquela ocasião.

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Se o PT tivesse tido apenas um candidato, muito provavelmente teria conseguido elegê-lo como presidente. Mas com um independente e outros três nomes na disputa, a eleição foi para o segundo turno e oposição e baixo clero viram a oportunidade de dar um passa moleque no governo Lula. Com isso, Severino foi eleito.

Ainda que o deputado do PP não fosse de oposição ao governo e não tenha criado problemas para o Palácio do Planalto, sua eleição foi a primeira grande derrota política de Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país. Severino, envolvido num escândalo, acabou renunciando alguns meses depois de eleito.

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No cenário atual, com a correlação de forças existente na Câmara, o Palácio do Planalto poderá cantar vitória seja quem for o candidato que conseguir o cargo. Não existe nenhuma chance de um petista ou outro oposicionista ser eleito.

A questão é como vai se chegar ao final da disputa, se vão sobrar sequelas e quais elas serão. Se os partidos governistas chegarem à eleição sem um mínimo de consenso, o lado derrotado pode guardar mágoas e rancores que são sempre perigosos em momentos de votações importantes.

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Mas lembrando que Temer foi presidente da Câmara três vezes, ninguém mais qualificado do que ele para lidar com essa situação e se sair bem.

Além do presidente interino, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, têm enorme experiência parlamentar, sendo que o primeiro, conhecido como o homem das planilhas, é um especialista em fazer projeções no Congresso, vide seu trabalho na votação do impeachment de Dilma na Câmara.

O que precisa ser feito, se o governo quiser sair bem dessa história, não é impor um candidato a todos os grupos na disputa, evidentemente. O trabalho do Palácio do Planalto é atuar para reduzir os postulantes --fala-se até em 13 deputados buscando o cargo-- e costurar consensos mínimos em torno dos restantes.

Não é preciso, nem possível, uma unanimidade, mas Temer tem que garantir, pelo menos entre os candidatos com chance de vitória, nomes que sejam palatáveis para todas as alas governistas.

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