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Poder

Temer tem estratégia inspirada em Maquiavel

O interino Michel Temer deixou claro que age como uma raposa política e segue os conselhos do pensador italiano Maquiavel, ao prometer "medidas impopulares a partir de um certo momento"; a lógica é clara: na interinidade, gastança e "pacotes de bondades"; após a eventual aprovação do impeachment, arrocho fiscal; o erro de Temer, no entanto, é abrir suas cartas, revelando ao público a lógica de sua ação política; para Fernando Brito, editor do Tijolaço, Temer deixou claro que comete um estelionato, gastando agora o que terá que gastar depois; "O Brasil é o único país do mundo onde a mídia aceita – quando não aplaude – um estelionato anunciado", diz ele

O interino Michel Temer deixou claro que age como uma raposa política e segue os conselhos do pensador italiano Maquiavel, ao prometer "medidas impopulares a partir de um certo momento"; a lógica é clara: na interinidade, gastança e "pacotes de bondades"; após a eventual aprovação do impeachment, arrocho fiscal; o erro de Temer, no entanto, é abrir suas cartas, revelando ao público a lógica de sua ação política; para Fernando Brito, editor do Tijolaço, Temer deixou claro que comete um estelionato, gastando agora o que terá que gastar depois; "O Brasil é o único país do mundo onde a mídia aceita – quando não aplaude – um estelionato anunciado", diz ele (Foto: Leonardo Attuch)
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247 – Em seu clássico O Príncipe, o pensador Nicolau Maquiavel sugeria aos governantes que se inspirassem em qualidades dos animais para conquistar e manter o poder. A raposa, notória por sua astúcia e sua capacidade de reconhecer armadilhas, despertava especial admiração no escritor italiano.

No Brasil, o interino Michel Temer, conhecido como velha raposa política, parece ter se inspirado na lógica maquiavélica para conquistar de vez o poder. Depois de articular a queda de Dilma Rousseff, em parceria com o aliado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), num processo que a acusa de cometer atos de irresponsabilidade fiscal, Temer ampliou o rombo para R$ 170 bilhões. Mas o fez atribuindo a gastança à "herança" recebida de Dilma.

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Como esse discurso é frágil, diante das evidências que a própria equipe de Temer tem contribuído para elevar o déficit (leia mais sobre a decepção de analistas econômicos com Henrique Meirelles), Temer promete ao mercado tomar medidas impopulares "a partir de certo momento". Ou seja: durante a interinidade, abrem-se os cofres. Depois, quando o poder deixar de ser provisório, virão os ajustes e o pacote de maldades.

Foi exatamente isso o que Temer sinalizou ao participar de um evento do agronegócio em São Paulo, na manhã de ontem. “Estamos em um sistema de contenção. A contenção não começou a aparecer. Por isso a importância desse documento, assim como já aconteceu com a indústria, com o comércio varejista. Esse apoio é fundamental, porque a partir de certo começaremos com medidas, digamos assim, mais impopulares”, afirmou, sem explicar quais serão essas ações.

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O erro de Temer, no entanto, é abrir suas cartas, revelando ao público a lógica de sua ação política. Para Fernando Brito, editor do Tijolaço, Temer deixou claro que comete um estelionato, gastando agora o que terá que gastar depois.

Leia, abaixo, análise de Fernando Brito:

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O estelionato anunciado: “teremos medidas impopulares, em certo momento”, diz Temer

Por Fernando Brito, editor do Tijolaço 

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Não é sério, mesmo.

Em qualquer país do mundo, neste momento, o presidente (atual e pretendente a futuro) Michel Temer estaria sendo duramente cobrado a esclarecer quais serão as “medidas impopulares” que disse que tomará “a partir de certo momento”.

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Que medidas?

Que momento?

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O momento, óbvio, é aquele em que veja confirmado o seu mandato sem voto.

As medidas, embora nem tanto, têm um cardápio antecipado pelo “programa do golpe” , o cardápio de maldades servido no tal “Ponte para o Futuro” com que Temer apresentou-se ao “eleitorado” empresarial: desvinculação das aposentadorias do mínimo, aumento da idade, perda de direitos trabalhistas da CLT e por aí vai, além dos cortes em saúde e educação implícitos no projeto de “metas orçamentárias”.

Mesmo aceitando os argumentos de quem acha isso necessário, como aceitar que seja tratado da base do “finja que não sabe”?

Pior ainda porque, até agora, em lugar de austeridade, o que se vê é uma explosão de gastos, depois de passar a ser virtude o que com Dilma era pecado: viva o “rombo salvador” de R$ 170,5  bi!

Só a Folha considerou digno de dar chamada – assim mesmo na economia, não na política – ao farto absurdo de  um presidente da República dizer a empresários do agronegócio que virá arrocho logo depois de conseguir os votos para permanecer no cargo.

E ser, claro, efusivamente aplaudido, porque a impopularidade não será para os latifundiários da soja, da cana e do boi.

O Brasil é o único país do mundo onde a mídia aceita – quando não aplaude – um estelionato anunciado.



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