Dealers e Floormans em Las Vegas, aqui governamos

A nova onda dos jornalões comerciais é a conversa de "Dilma bolivariana", ensaio já efetuado por Gilmar Mendes em seus discursos politiqueiros, em pleno STF, abertamente contra um partido político que, "por acaso", é o mais votado



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Para começo de conversa, vamos botar um pingo no "i". Quando o ex-presidente Hugo Chávez criou o termo "bolivariano", remeteu-se ao legado de Simón Bolívar, que propugnou por uma América integrada de ponta a ponta, como um único país, consciente da irmandade entre seus povos. O mesmo criador deste termo ganhou três eleições presidenciais, um plebiscito, um referendo. Sem contar seu triunfal retorno ao Palácio Miraflores no contra-golpe de 2002. Seu legado elegeu o atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Tudo organizado por uma Justiça Eleitoral reconhecida pela ONU e pelo ex-presidente estadunidense Jimmy Carter como um exemplo internacional. Assim, direitinha, muito respeito, pois não estamos falando de Pinochets, Videlas, Geisels, Fujimoris, De La Rúas.

Digo isso porque a nova onda dos jornalões comerciais é a conversa de "Dilma bolivariana", ensaio já efetuado por Gilmar Mendes em seus discursos politiqueiros, em pleno Supremo Tribunal Federal, abertamente contra um partido político que, "por acaso", é o mais votado do parlamento e elegeu os últimos três chefes da República; e no colonismo/editorialismo de quinta, que tratou da Política Nacional de Participação Social sem se dar ao trabalho de ler a Constituição - que diz que o PT não a assinou (mentira!), mas até hoje não a engoliu de verdade - e o que acontece desde então em termos de gestão conselhista e participativa no Brasil. Ser "bolivariano" não é uma ofensa, portanto. Embora não faça parte do léxico que usamos na disputa política por aqui.

E o pretexto é o caso Santander. Quanto a isso, a presidenta já respondeu muito bem e o próprio banco, demitindo os executivos que quiseram dar orientações políticas a seus clientes de alta renda. Sim, porque além de tudo mentiram. O Brasil mantém crescimento econômico, mercado de consumo de massa (não deu um passo atrás nas políticas sociais e na valorização do salário mínimo), crédito e avança em novas rotas comerciais, assim como segue investindo em infraestrutura. Os investimentos diretos superam os 60 bilhões de dólares, temos a quinta maior reserva internacional (US$ 380 bilhões), superior à dívida externa pública e privada, sendo que destas (36% do PIB e não mais 55% da Era FHC), só 7,6% vencem no curto prazo. Não há cenário para qualquer crise de graves proporções.

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O papo todo é tão furado quanto os mesmos jornalões tratarem das negociações da Argentina com os fundos abutres como se fosse um "calote" generalizado, quando é para a NML Capital, Elliott Capital Management e a Aurelius Capital Management, 7% que não aceitaram sequer negociar com uma nação que, à época, estava passando pela mais grave crise de sua história, obrigado e imposto por um juiz distrital estadunidense que se arroga acima dos países, suas soberanias nacionais e populares, diga-se! Ou quando prevêem, para o mesmo caso, uma possível crise política, com direito à profecias sobre queda do governo ou o surgimento de um de coalizão nacional.

Tudo matéria paga além-fronteiras e além-mar misturada com desejo, nada de informação. Mas, claro, uma insinuação de agenda política. Novamente, o casamento dos jornais que "noticiam" desde "fontes" em agências internacionais bem pagas por bancos e corporações, com estes próprios, que, desesperadamente, saem da casinha para fazer política, pois o mundo já quer saber de outras coisas, como bem demonstrou a Cúpula dos BRICS, e muitos já sabem o papel daninho que tais instituições cumprem na economia, haja vista o Santander (e muitos outros) ter os lucros que tem no Brasil e conspirar contra a presidenta do país.

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É a mesma sem-vergonice da Standard & Poors rebaixando a economia brasileira para azeitar o "caso Petrobrás", a The Economist atacando o ministro Guido Mantega ou, agora, o FMI falando da nossa "vulnerabilidade" (ora, quem pediu opinião para este refugo ultrapassado do moribundo sistema Bretton Woods?). Não é técnica nem nada parecido. É a vontade de governar as democracias desde meia dúzia de executivos e milionários como fizeram na Itália de Mário Monti, o primeiro-ministro "técnico" que vergou aquela grande democracia às sevícias da Troika, como um bom filho da Goldman Sachs.

Quando o demissionário (ufa!) Alexandre Schwartsman sai em defesa do informe do banco espanhol dizendo que "a percepção é que uma mudança de orientação de política econômica terá efeitos positivos sobre as empresas brasileiras, em particular as sujeitas a controle acionário governamental" se comporta como o floorman da roleta, pois tal "percepção" nada mais é do que a especulação pagando notícias especializadas para derrubar preços de ações, e não especializadas, para tentar favorecer, junto aos cidadãos em geral, seus empregados políticos.

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E justamente estes (a oposição lato senso), para não perderem a mãozinha, embarcam na novela a ponto do venerável Merval Pereira, "imortal" que escreve compêndio de artigos, puxar a defesa do banco. Nem o banco o pediu, mas é ruim demais ter seu candidato enrolado tendo que explicar um aeroporto fraudulento construído com dinheiro público em área familiar, não podendo mais sequer superar este tema e retomar sua agenda de terrorismo, preconceito e mentira. Ainda mais com outro jornalão oposicionista lançando-lhe cascas de banana, diz-se, a mando de um "economista" que calcula milhões de votos ao senado como trampolim para uma disputa presidencial fora do ciclo de reeleição, com mandato na câmara alta garantindo que não haverá perda de espaço político.

A questão, enfim, é: banco não pode dar opinião política, é diferente de jornal, que é louvável quando declara suas preferências porque para de enganar seus leitores com a quimera da imparcialidade. Se der, isso tem que ser analisado projetando os impactos econômicos que pode causar e, se constatando que as bases são sofistas e as previsões levianas, seja, sim, punido, porque, inclusive, induz seus clientes ao erro. E não venham com conversa de "liberdade econômica", porque é o destino de gente de carne e osso, com nome, sobrenome e endereço que está em jogo. Não estes investidores de alta renda, que não seriam assim tão atingidos, mas dos que sofreriam as consequências desta cassinagem. Liberdade econômica é analisar com seriedade a economia nacional e investir, considerando, inclusive, a bússola dos investimentos públicos. Liberdade econômica são consumidores, sejam pessoas físicas ou jurídicas, ou ainda instituições, reagirem a isso pulando fora do Banco. É tão legítimo quanto boicotar grife de roupa que usa trabalho escravo ou enlatados transgênicos. Mas, neste ramo - o da indústria "armamentista" da bomba de trilhões de dólares - como se disse num filme, a questão não é dinheiro (porque se tem muito), mas o "jogo". Mesmo jogo este que leva à chuva de notícias manipuladas contra os argentinos.

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Em Las Vegas, amiguinhos, aqui não. Ou, como diz Carlinhos Gouveia de Mello, o problema não é Estado demais, mas ainda Estado de menos. Por aqui temos governo, temos partidos, temos instituições e sociedade civil. E temos uma economia forte e tê-la custou sangue, suor e lágrimas de muitas gerações. Não serão dealers e floormans que ditarão as regras do "jogo".

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