Como pode justo William Bonner chamar alguém de “robô”?

Dezenas de milhares de pessoas manifestaram na internet que sentiram-se desrespeitadas pelo comportamento dos "âncoras" do JN. Bonner dizer que todas as pessoas que o criticaram são "robôs" ou "corruptos" ou "blogueiros sujos" é um desrespeito



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Se faltava prova da diferença com que o Jornal Nacional tratou os candidatos à Presidência da República ao longo das duas últimas semanas, mensagem que o "âncora" William Bonner postou no Twitter (vide imagem abaixo) em resposta à enxurrada de críticas que recebeu na internet por desrespeitar Dilma Rousseff (como pessoa), dirime a questão.

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Das quatro entrevistas que o telejornal apresentou, só a de Dilma Rousseff levou Bonner a se manifestar publicamente, apesar de, em sua mensagem no Twitter, ter tentado vender a tese de que as militâncias de todos os candidatos não gostaram do seu trabalho.

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Muitos se divertiram, em blogs e redes sociais, com a alusão de Bonner a "blogueiros sujos", expressão criada por José Serra na campanha eleitoral de 2010 para se referir aos blogueiros que se opuseram à sua candidatura presidencial e apoiaram a de Dilma Rousseff. Porém, o mais "espetacular" da assunção pelo âncora do JN de seu papel político é ter chamado de "robôs" aqueles que o criticaram.

O termo "Robot" apareceu na literatura de ficção científica nos primórdios do século XX. Em 1920, o dramaturgo tcheco Kapel Kapec escreveu a peça "R.U.R – Rossum Universal Robot". A palavra robô, portanto, derivou da palavra tcheca "Robota", sinônimo de trabalho escravo. Na peça, o cientista Rossum cria humanos mecanizados, os Robot, que exerciam funções repetitivas sob controle de seu criador.

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Dezenas de milhares de pessoas manifestaram na internet que sentiram-se desrespeitadas pelo comportamento dos "âncoras" do JN, que chegaram a pôr o dedo no rosto da presidente da República, que a interromperam 21 vezes contra 6 vezes com Aécio Neves e 7 com Eduardo Campos, que gastaram mais tempo interrompendo-a do que ela lhes respondendo.

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Bonner dizer que todas as pessoas que o criticaram são "robôs" ou "corruptos" ou "blogueiros sujos" é um desrespeito com o público, verdadeiro dono da concessão que a Globo recebeu da ditadura militar, mas que, ao fim e ao cabo, pertence à sociedade.

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Claro que alguns dos que sentiram-se desrespeitados pela agressão à presidente são militantes de partidos políticos, mas mesmo os militantes de partidos têm mais liberdade de expressão do que um âncora de telejornal. Sobretudo se for de um telejornal da Globo, pois nessa emissora a liberdade do jornalista simplesmente não existe. Sobretudo se for em questões políticas.

Sim, Bonner é o editor do Jornal Nacional, mas sua liberdade de expressão termina onde começa o ponto de vista dos três filhos de Roberto Marinho. Como editor do JN, ele tem toda liberdade de pautar o programa noticioso desde que não saia um milímetro das diretrizes que os funcionários graduados da Globo nem precisam receber, já que se destacaram na empresa pela capacidade de intuir o que o patrão quer.

Como se sabe, TelePromPter é uma engenhoca acoplada às câmeras de tevê que exibe o texto que o apresentador de telejornais deve ler. Âncoras dos telejornais da Globo – entre outros – são meros leitores do que aparece na telinha diante de si. Apesar de ser Booner quem escolhe o que vai ao ar no Jornal Nacional, ele escolhe o que o patrão quer que escolha. Ponto.

 

Os "blogueiros sujos" ou "robôs" aos quais se referiu o "robota" do JN, portanto, são livres para dizer o que pensam enquanto ele, Bonner, não é. Militantes partidários têm muito mais liberdade, pois todos os que conhecem de perto a política sabem que são sinônimo de rebeldia contra decisões de cúpula. Sobretudo no caso do PT.

Bonner considera o público formado por "Homers Simpsons", ou seja, por idiotas manipuláveis. Desse modo, crê que o Brasil não notou a diferença de tratamento aos candidatos a presidente. Subestimou o público em 2002, em 2006 e em 2010. De lá para cá, não aprendeu nada sobre aqueles aos quais se dirige toda noite. Azar dele. E do patrão.

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