A direita não empolga o eleitorado

É surpreendente notar que, mesmo com a velha mídia batendo sistematicamente há anos no PT, alimentando uma forte rejeição ao partido e à presidente, o governo continua com boa aceitação no eleitorado

É surpreendente notar que, mesmo com a velha mídia batendo sistematicamente há anos no PT, alimentando uma forte rejeição ao partido e à presidente, o governo continua com boa aceitação no eleitorado
É surpreendente notar que, mesmo com a velha mídia batendo sistematicamente há anos no PT, alimentando uma forte rejeição ao partido e à presidente, o governo continua com boa aceitação no eleitorado (Foto: Rubens José da Silva)


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Faz tempo que ouvimos falar que o Brasil é cheio de paradoxos. A lembrança me ocorre na diminuição de representantes da direita no Congresso e Executivo. Enquanto assistimos a um recrudescimento de comportamentos reacionários e de enorme antipatia à mínima alusão a ideais socialistas, estranhamente a direita perde força parlamentar. Os dois maiores representantes do espectro político, PSDB e DEM, a cada eleição diminuem de cadeiras.

Apesar do descontentamento de muitos com o PT, a direita não consegue capitalizar e viabilizar nenhum projeto que empolgue o eleitorado.

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Porém, não podemos esquecer a empatia de muitos com um mundo dominado por Bolsonaros e Malafaias. Um mundo livre de "demônios", gays e socialistas, como apregoam. Impulsos que, infelizmente, reverberam destruindo o sentido plural da democracia.

Lembro que antigamente era grosseiro apresentar-se ideologicamente à direita numa roda de amigos. A crueldade e covardia da ditadura e demais pensamentos que lhe davam suporte tornaram-se indefensáveis.

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Os conservadores da época se queixavam de uma "patrulha ideológica" que, compreensivelmente, tinha lá suas razões, pois tudo era muito recente. Mas o fato é que havia um certo charme com a esquerda.

O presente pode não ser inversamente proporcional, mas a direita desavergonhou-se. Podemos citar, por exemplo, o sucesso de uma Raquel Sheherazade na televisão ou a acintosa franqueza de alguns militares nos depoimentos à Comissão da Verdade, uma ode ao antigo regime.

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Talvez a distância de quase trinta anos do fim da ditadura explique esse esquecimento de lutas e conquistas democráticas, esse desleixo com a importância do voto e do papel preponderante da mídia nos acontecimentos.

Os jovens de hoje têm pouco conhecimento da história política do país. Aliás, muitos ainda eram crianças quando o Brasil, nos anos 90, teve seu parque industrial sucateado e depois privatizado sem nenhum ganho para o povo e a nação. Tudo com total complacência da nossa imprensa.

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Há pessoas que estufam o peito para achincalhar o Bolsa Família, Minha Casa-Minha Vida e sistema de cotas; e ridicularizar Cuba, Venezuela, Bolívia, Argentina, qualquer conotação "vermelha", fazendo coro aos valores da mídia tradicional.

Hoje há um orgulho em mostrar-se de direita. O discurso do ódio ao PT virou status de maturidade política. Não basta discordar. O politicamente correto é ser incorreto, raivoso, debochado. Se antes havia a "esquerda festiva", para desqualificar seus simpatizantes, hoje galhofam da "esquerda caviar". Onze dos dez novos colunistas e comediantes seguem a regra do mercado: espinafrar Lula, PT e afins.

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É surpreendente notar que, mesmo com a velha mídia batendo sistematicamente há anos no PT, alimentando uma forte rejeição ao partido e à presidente, o governo continua com boa aceitação no eleitorado.

Alguns consideram isso um enigma, já que todos criticam o governo. Ora, faz parte da tradição do brasileiro falar mal do governante. Mas na hora da urna, tudo vai pra balança.

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Aí entra a contribuição da internet, fazendo o contraponto da (des)informação de uma imprensa que insufla uma crescente pauta conservadora em nossa sociedade, que distorce as políticas públicas adotadas e que não tem mais o mesmo alcance. O povo evoluiu.

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