Pedro Simon e Cristovam Buarque: o que é isso (ex)companheiros?

Senadores, o que está em jogo nessa disputa eleitoral são dois projetos antagônicos. Não enxergar isso é ingenuidade ou má-fé



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Em discursos da tribuna do Senado Federal, proferidos no dia 14 de outubro, os senadores Pedro Simon e Cristovam Buarque fizeram um verdadeiro contorcionismo para justificar suas adesões ao projeto do tucano Aécio Neves.

O "velho" Simon iniciou seu discurso tentando justificar sua adesão ao "tucano almofadinha" sob o argumento que a "derrota de Dilma Roussef hoje será muito boa para o PT e para o Brasil" e após fazer um histórico da luta pela democratização do Brasil, dos governos neoliberais do PSDB, do ciclo dos governos Lula e Dilma, expressar indignação seletiva a casos de corrupção (somente lembrando por ele os ligados a membros do PT) afirmou que "o Aécio está dizendo na carta (que enviou à Marina) e afirmando, perante si e perante Deus (?), que ele não é mais o candidato do PSDB (...). Não tem PSDB; tem um homem que representa as oposições, um homem que representa a mudança, as modificações. Eu acho que ganhar o Aécio, com essa responsabilidade de buscar os melhores, os mais capazes, os mais competentes, é bom para o Brasil. E eu acho que o PT em proposição em fazer oposição a esse governo é bom para o Brasil e é bom para o PT (...)O Aécio governará com a Nação, governará com os competentes...".

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É a falácia do discurso "marineiro" do tal "governar com os bons"! Será que em Minas os governos do Aécio foi o governo "dos bons" e dos "competentes", independentemente de "cor partidária"? Todo partido, seja o PT, PSDB, PCdoB, PMDB, etc., que ganhar uma eleição vai governar com os aliados que ajudaram a ganhar ou com novos aliados. Essa estória de "governar com os melhores" é apenas retórica para tentar enganar o eleitor mais incauto, coisa que o Senador Pedro Simon sabe de cor e salteado.

Já o senador Cristovam, depois de atacar maldosa e impiedosamente entidades de passado e presente ligados às lutas populares e democráticas, tais como o MST, a CUT e a UNE, afirmando que tais entidades "vivem nos porões dos Palácios", fundamenta sua opção em também tucanar pelo argumento insensato da necessidade de "arejar a democracia, porque chega um governo novo". E, prosseguindo, pasmem: "não é nem porque ele é melhor ou pior. É porque é novo."!

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Senador Simon, me diga sinceramente: os casos de corrupção, essa praga que infelizmente ocorre aqui e alhures, inclusive nos tempos dos governos do PT (que ingenuamente tinha como fundamento o discurso da tal "ética na política", sem compreender que a corrupção, em especial no sistema capitalista, não será estancada num passe de mágica) não foram maiores do que os ocorridos durante os governos passados, sejam os das colônias, os do império, os dos militares, os dos neoliberais do tucano Fernando Henrique Cardoso e de seus correligionários, a exemplo dos casos SIVAM, Pasta Rosa, aprovação da reeleição de FHC, entrega do patrimônio nacional (tais como a Vale do Rio Doce, o sistema de telefonia, etc.), o "Mensalão tucano-mineiro", os escândalos do Metrô de São Paulo e Brasília, entre outros, os quais o Senhor deliberadamente deixou de mencionar?

Na verdade, Senador, há duas grandes diferenças entres eles: a) os valores envolvidos são infinitamente maiores nos escândalos ligados ao tucanato; b) somente houveram apurações, julgamentos, condenações e prisões nos casos ligados aos governos de Lula e Dilma. É como a presidenta Dilma costuma dizer:"na época dos tucanos, os malfeitos eram escondidos debaixo do tapete ou engavetados pelo Engavetador-Geral da República da época".

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Outra questão, senador Pedro Simon: com toda sua idade e experiência política, Vossa Excelência acredita mesmo que o candidato Aécio deixou de ser PSDB, defensor das políticas neoliberais, privatistas, somente porque ele enviou uma Carta à Marina Silva, para que ela pudesse justificar a seus eleitores que ele estava assumindo alguns compromissos defendidos por ela? Cravar que Aécio é "o candidato das mudanças, que vai governar com a Nação", é tripudiar sobre a inteligência dos eleitores e eleitores Senador! É o mesmo que acreditar em Papai Noel, gnomo, saci ou mula-sem-cabeça. Menos, Pedro Simon, menos, Pedro Simon.

Quanto ao senador Cristovam Buarque e sua acusação às entidades do movimento popular e democrático de viverem "nos porões dos Palácios", é uma infâmia. Diferentemente da época do tucanato que criminalizava os movimentos sociais, entidades como o MST (Movimento dos Sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes), UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), CONAN (Confederação Nacional das Associações de Moradores) MPL (Movimento Passe Livre), CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura), entidades ligadas às mulheres, ao movimento negro, aos quilombolas, aos índios, ao seguimento LGBT, e muitas outras, frequentam, desde o começo dos governos democráticos e populares de Lula e Dilma, é o salão nobre do Gabinete Presidencial. Espaço que historicamente sempre fora freqüentado somente pelas entidades patronais, por banqueiros, latifundiários, representantes de corporações internacionais, etc.

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Também afirmar que tais entidades não participaram das "Jornadas de Junho/13" é outra grande falácia, pois todas essas entidades estavam lá, levantando suas bandeiras históricas. Se não tiveram maior visibilidade foi porque a mídia hegemônica procurava esconder suas bandeiras ou porque determinados grupelhos fascistas insultavam, com apoio midiático, os militantes dessas entidades. Eu mesmo, aqui em Mato Grosso durante a maior manifestação ocorrida em Cuiabá, tive que socorrer um dirigente da UNE, que, pelo simples fato de empunhar uma bandeira da entidade, estava prestes a ser agredido por um grupelho fascistas que gritava "sem partido, sem partido, sem partido" e insuflava os demais manifestantes a se voltarem contra o militante estudantil ligado à UNE.

Sobre o argumento do tal "arejamento da democracia", através da simples troca de comando, mesmo que seja por um governante pior, como admitiu o senador pedetista neotucano, é melhor nem levá-lo a sério, ante a sua total desfaçatez! Talvez aí esteja o motivo porque parte do seu eleitorado não ter compreendido essa nova posição, como reconheceu o próprio senador Cristovam em seu pronunciamento.

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A bem da verdade, esses dois senadores, os quais eu tinham na minha conta como políticos que nutria grande admiração, desde meus tempos de estudante secundarista no final da década de 70, depois de já idosos (onde normalmente a maioria das pessoas tornam-se mais sábias) resolvem renegar todo um passado de lutas e compromissos ao lado da maioria do povo brasileiro e, vergonhosamente, capitulam ante mais um engodo da velha política das elites, travestido de novo e de moderno.

Final melancólico de 2 ex-democratas e patriotas!

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Senadores Pedro Simon e Cristovam Buarque: o que está em jogo nessa disputa eleitoral são dois projetos antagônicos: o liderado por Dilma, das forças democráticas e populares, que se propõe avançar nas mudanças e nas transformações que o Brasil e o povo brasileiro exigem; e o outro, liderado por Aécio, nucleado pelas forças neoliberais, privatistas, entreguistas, elitistas, anti-avanços sociais, que não aceitam que a maioria do povo possa escolher e construir o seu próprio futuro. Não enxergar isso é ingenuidade ou má-fé.

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