O contágio chegou ao emprego e à renda

As 250 mil demissões na construção civil são o sinal mais evidente de que a Lava Jato pode quebrar o País – o que talvez seja o desejo secreto de parte da oposição

As 250 mil demissões na construção civil são o sinal mais evidente de que a Lava Jato pode quebrar o País – o que talvez seja o desejo secreto de parte da oposição
As 250 mil demissões na construção civil são o sinal mais evidente de que a Lava Jato pode quebrar o País – o que talvez seja o desejo secreto de parte da oposição (Foto: Leonardo Attuch)


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Os dados sobre o mercado de trabalho divulgados nesta semana foram devastadores. Ao mesmo tempo em que o desemprego saltou de 5,3% para 5,9%, entre janeiro e fevereiro, a renda do trabalhador registrou a primeira queda desde 2011. O epicentro dessa crise é a construção, onde nada menos que 250 mil pessoas foram demitidas nos últimos meses. Sem crédito, as empreiteiras já paralisaram pelo menos trinta grandes obras de infraestrutura no País. E a recuperação judicial parece ser o caminho inevitável de empresas que, até ontem, exibiam solidez financeira e reconhecimento nacional e internacional. As primeiras a pedir proteção contra credores foram a Alumini e a Galvão Engenharia. Ao que tudo indica, a próxima será a OAS, responsável, recentemente, pela construção do novo terminal internacional do aeroporto de Guarulhos (SP).

A causa principal desse colapso da engenharia brasileira é uma só: a Operação Lava Jato, que, recentemente, completou um ano. E não apenas porque seis empresas, escolhidas entre um universo de mais de vinte companhias que também fazem parte do mesmo suposto cartel, tiveram suas lideranças encarceradas e, assim, perderam crédito e condições de competitividade. O pano de fundo da crise é também a guerra política, verbalizada com clareza pelo ex-governador paulista Alberto Goldman. Segundo ele, uma das condições para um eventual impedimento de Dilma Rousseff é a deterioração econômica. Portanto, quanto pior, melhor.

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No Ministério Público, o primeiro a falar sobre o impacto econômico da Lava Jato foi o procurador Deltan Dallagnol, em entrevista à jornalista Miriam Leitão, da Globonews. Disse ele, com razão, que países com maiores índices de corrupção crescem menos. Disse ainda, ao falar das demissões, que talvez seja o momento de dar "um passo atrás, para depois dar cinco passos à frente". O problema é que ninguém é capaz de medir, neste momento, qual é a dimensão do "passo atrás". Até agora, o cenário que se desenha para o pós-Lava Jato poderá ser até pior do que o atual. Como apenas seis entre mais de vinte empresas foram punidas e, além disso, só as que não e submeteram a delações estão sendo empurradas para o precipício, o resultado final poderá ser um país com um setor de construção ainda mais cartelizado.

Fora da construção, o impacto mais agudo vem sendo sentido na indústria naval – o que já compromete a imagem externa do País. Na semana passada, o governo japonês fez chegar ao ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto, uma reclamação sobre os três estaleiros japoneses que se implantaram no País, subcontratados pela empresa Sete Brasil. Os três fazem parte de consórcios que têm R$ 1,3 bilhão a receber, mas que não foram pagos em razão também da Lava Jato – como o lendário Pedro Barusco também atuou na empresa, a Sete se tornou radioativa.

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Se houvesse no Brasil de hoje um mínimo de visão de futuro, as lideranças responsáveis do País estariam buscando o diálogo, e não o confronto. Chega a ser chocante o silêncio de lideranças empresariais, em especial da CNI, que assistem impassíveis ao desmoronamento da indústria naval. Cabe um registro positivo ao posicionamento dos líderes da CUT e da Força Sindical, que já protestaram contra o impacto negativo da Lava Jato no lombo dos trabalhadores. Quem resumiu tudo foi o jornalista Fernando Gabeira. Ao 'sangrar' o governo Dilma, o Brasil também sangra com Dilma. "Arrisca-se a morrer exangue", disse ele.

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