Moro deve ser afastado da Lava Jato após farsa contra cunhada de Vaccari

O mínimo que se espera das autoridades é que procedam com responsabilidade e critério. Do juiz que conduz as investigações, muito mais. Deste, espera-se absoluta isenção, serenidade e paciência. Por isso se chama juiz, não promotor

O mínimo que se espera das autoridades é que procedam com responsabilidade e critério. Do juiz que conduz as investigações, muito mais. Deste, espera-se absoluta isenção, serenidade e paciência. Por isso se chama juiz, não promotor
O mínimo que se espera das autoridades é que procedam com responsabilidade e critério. Do juiz que conduz as investigações, muito mais. Deste, espera-se absoluta isenção, serenidade e paciência. Por isso se chama juiz, não promotor (Foto: Eduardo Guimarães)


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No último dia 16 de abril, um dia após a prisão do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a imprensa anunciou a prisão da cunhada dele, Marice Correia de Lima, e também que ela já estaria sendo considerada “foragida”.

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No mesmo dia, o advogado de Marice divulgou nota afirmando que ela estava participando de um congresso no Panamá e que decidiu voltar ao Brasil assim que soube do pedido de prisão.

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Quatro dias depois, a mesma imprensa anuncia que o juiz Sergio Moro decidiu prorrogar por mais cinco dias a prisão de Marice porque ela teria mentido.

Como se vê na imagem acima, Moro tomou essa decisão dizendo que as imagens de uma câmera de um caixa-eletrônico mostrando uma mulher parecida com Marice depositando dinheiro na conta da esposa de Vaccari não deixavam “qualquer margem para dúvida” de que se trataria “da mesma pessoa”, ou seja, da irmã de Vaccari, de modo que Marice teria “mentido” ao dizer que não fez depósitos na conta da irmã.

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O que se supõe que ocorreu: a Polícia verificou os estratos da conta da esposa de Vaccari, detectou um depósito em caixa-eletrônico e pediu as imagens da câmera que todo caixa-eletrônico tem filmando o movimento em torno de si.

Tudo muito fácil. E, de fato, Marice e Giselda Rousie de Lima, irmã dela e esposa de Vaccari, são extremamente parecidas nos traços faciais. Porém, só uma análise muito açodada – ou mal-intencionada – dessas imagens faria alguém dizer que “não deixam qualquer margem para dúvida”.

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Para encarcerar uma pessoa, o mínimo que se espera das autoridades é que procedam com responsabilidade e critério. Do juiz que conduz as investigações, muito mais. Deste, espera-se absoluta isenção, serenidade e paciência. Por isso se chama juiz, não promotor, que tem a missão de acusar, não de analisar os dois lados da moeda.

A declaração de Moro sobre não haver “qualquer dúvida” de que a mulher filmada fazendo depósito no caixa-eletrônico seria a cunhada de Vaccari revela um juiz sem critério, sem isenção, sem serenidade, enfim, sem condições de conduzir essa investigação.

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Uma análise superficial das fisionomias de Marice e Giselda basta para mostrar que, apesar de terem traços faciais parecidos, é muito fácil notar as diferenças. Comparemos as imagens das duas mulheres.

É fácil notar que, além do corte e da cor diferente dos cabelos de ambas, elas têm porte físico bastante diverso. Marice é mais alta e esguia, tem cabelos avermelhados e curtos, enquanto que Giselda é mais baixa, usa óculos, tem corte e cor de cabelo diferente e é mais “cheinha”.

Após o advogado de Marice declarar que a foto da mulher no caixa-eletrônico não é de Marice e, sim, da irmã dela, Moro aparece na imprensa se fazendo de inocente em relação à sua escandalosa falta de critério para dar uma declaração peremptória como a de que a imagem daquele mesmo caixa-eletrônico não deixaria “qualquer margem para dúvida”.

Folha de São Paulo

23 de abril de 2015

Juiz agora questiona vídeo que levou à nova prisão da cunhada de Vaccari

Após prorrogar a prisão da cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e afirmar que uma das provas contra ela “não deixava margem para dúvidas”, o juiz Sergio Moro pediu para que a polícia esclareça o principal motivo que levou Marice Correa Lima a continuar presa: o vídeo de uma agência bancária.

Moro quer saber quem de fato aparece nas imagens, feitas em março, que mostram uma pessoa realizando depósitos na conta da mulher de Vaccari, Giselda de Lima.

Os procuradores a identificaram como Marice, e a acusaram de ter mentido em depoimento à polícia sobre nunca ter feito depósitos na conta de sua irmã Giselda.

[…]

Porém, segundo o advogado de Marice, Claudio Pimentel, quem aparece no vídeo é a própria Giselda, que se parece muito com a irmã.

Como se vê na reportagem acima, Moro está dando uma de joão-sem-braço.

O juiz quer que “a polícia esclareça o principal motivo que levou Marice Correa de Lima a continuar presa”? Ora, o principal motivo é que ele prorrogou a prisão dela sob o argumento de que as imagens do caixa-eletrônico não deixariam “qualquer margem para dúvida”, ora.

Moro “quer saber quem de fato aparece nas imagens”? Ora, mas ele não disse que tais imagens “não deixam qualquer margem para dúvida”?

Moro está fazendo o país inteiro de palhaço. Está fazendo a Justiça de idiota. Está transformando a Justiça em Injustiça. Esse episódio que protagonizou fez cair de vez a sua máscara. Ele não tem mais condições de conduzir a Operação Lava Jato.

Em qualquer país sério, um juiz que colocasse na cadeia uma pessoa sem o mínimo amparo em provas, seria afastado do caso. Marice foi presa justamente por conta dessa imagem do caixa-eletrônico.

Será que Polícia, MP e Moro são tão incompetentes que não se deram conta de que a esposa de Vaccari e a cunhada dele são parecidas? Como pode um juiz federal ser tão irresponsável a ponto de qualificar como acima de dúvidas imagens tão duvidosas como a do caixa-eletrônico?

Quando se diz que há violações graves dos direitos civis de pessoas no âmbito da operação Lava Jato, não é brincadeira. Esse episódio é a prova que faltava de que o processo está sendo conduzido por juiz, policiais e procuradores que querem aparecer e que agem sob viés político.

Marice, cunhada de Vaccari, bem como o próprio podem ser considerados presos políticos. O PT, a defesa de Vaccari e a de Marice deveriam levar esses fatos a fóruns internacionais. Deveriam denunciar ao mundo que há uma ditadura judicial no Brasil.

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