Marta muda o jogo em São Paulo

Ex-prefeita divide o campo popular, toma votos do PSDB e faz isso sem brigar com o ex-presidente Lula



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Pode até ser que Marta Suplicy tenha passado um pouco do ponto no seu ritual de despedida do PT, o partido que a fez deputada federal, prefeita de São Paulo, ministra duas vezes e senadora. Para alguns, bastaria sair de forma elegante, sem ‘cuspir no prato em que comeu’. É inegável, no entanto, que Marta mudou o jogo eleitoral em São Paulo, a maior cidade do País, criando seríssimas dificuldades para o prefeito Fernando Haddad e para um PT já atolado em problemas, num território onde a legenda é cada vez mais hostilizada.

Nas últimas quatro eleições que disputou, Marta sempre teve mais de 2 milhões de votos. Na disputa passada em 2012, quando foi preterida por Fernando Haddad, uma pesquisa Datafolha a apontava como “a melhor prefeita da história de São Paulo”, na lembrança dos eleitores. Só não foi candidata porque o PT avaliou que sua alta rejeição a derrotaria no segundo turno. Agora, Marta tentará dar o troco, mostrando que a rejeição não é dela, mas sim do partido. Ao se descolar do PT, Marta, a aristocrata que “traiu a elite”, poderá se reconciliar com o eleitorado mais próspero, sem romper seus vínculos com a periferia, onde reina absoluta.

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Nos últimos dias, antes de anunciar sua saída do PT, Marta fez périplos por bairros como São Miguel, Jaçanã, Tremembé e São Mateus, sendo recebida como popstar. No imaginário, especialmente das mulheres, Marta é a prefeita que implantou os CEUs (Centros Educacionais Unificados), oásis de inclusão social nas periferias, e que deu uniformes e transporte escolar às crianças. Recentemente, participou de um evento itinerante promovido pela Câmara Municipal de São Paulo, em que 13 de 15 oradores defenderam sua volta.

Os próximos passos de Marta devem ser a filiação ao PSB e um “ataque especulativo” às alianças de Haddad. O atual prefeito fez do peemedebista Gabriel Chalita seu secretário de Educação, mas a senadora tem mantido um estreito relacionamento com o vice-presidente Michel Temer, presidente do PMDB, partido ao qual ela pretende oferecer a vaga de vice na sua chapa. A senadora busca o centro e engana-se quem pensa que ela buscará alianças mais à direita.

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Marta sabe que o PSDB terá candidato próprio e seu núcleo mais próximo aposta que o nome será o do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), muito bem votado quando se elegeu e que ganhou projeção sendo vice na chapa de Aécio. É contra ele que ela imagina disputar um eventual segundo turno. Por isso mesmo, nas suas últimas declarações, Marta bateu duro no PT, mas não fez uma crítica sequer ao ex-presidente Lula. Um movimento de quem não dinamitou todas as pontes. 

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