O estilo tucano de governar

O que surpreende, no artigo de FHC, é que ele não dedicou uma linha sequer ao vergonhoso massacre de professores do Paraná pelo governador tucano Beto Richa

Brasil, S
Brasil, S (Foto: Ribamar Fonseca)


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Atribui-se ao grande estadista britânico Winston Churchill a seguinte frase: "Deus limitou a inteligência, mas não limitou a burrice". E nem o cinismo, acrescentariam alguns após a leitura dos artigos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Doze anos depois de deixar o Palácio do Planalto, onde permaneceu oito anos – período marcado pelas privatizações que por pouco não deixaram o Brasil apenas com "o pau da bandeira", no dizer do ex-presidente Itamar Franco – o sociólogo agora não apenas enxerga corrupção no atual governo como, também, tem solução para todos os problemas do país.

Em recente artigo sob o título de "Desvendar a trama", publicado pelos jornalões, FHC acusa o ex-presidente Lula como o principal responsável pela corrupção na Petrobrás, pede à sociedade que o repudie e à Justiça para que não detenha as investigações antes de tudo apurado. Deixa-se trair, porém, pela consciência quando admite que "a raiz dos desmandos foi plantada antes da eleição da atual presidente", ou seja, no seu próprio governo, embora se esforce para situá-la no governo Lula. A propósito, vale lembrar uma declaração do senador Roberto Requião: "O Fernando Henrique, com a privataria, roubou 10 mil vezes mais do que qualquer possibilidade de desvio do governo Lula".

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Também não custa lembrar alguns fatos da era FHC pouco recomendáveis para quem agora aponta o dedo sujo para os outros e que poderiam igualmente ser passados a limpo: suborno de parlamentares para aprovar a emenda da reeleição; rombo de R$ 2 bilhões na Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia); desvio de R$ 1 bilhão e 400 milhões da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste); escândalos Marka-FonteCidam, Sivam e Proer; desvio de R$ 4 milhões e 500 mil do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador); denúncias de uso de caixa dois nas campanhas presidenciais de 1994 e 1998, etc. Esses lembretes constam do livro "O Príncipe da Privataria", do jornalista Palmério Dória.

Além de atacar Lula, cuja popularidade não consegue aceitar – sobretudo depois que as mais recentes pesquisas apontaram o metalúrgico como o melhor presidente do Brasil em toda a sua história – o que surpreende, no artigo de FHC, é que ele não dedicou uma linha sequer ao vergonhoso massacre de professores do Paraná pelo governador tucano Beto Richa. A exemplo dele, também silenciaram sobre o triste episódio, repudiado pela sociedade brasileira, os senadores Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, e Álvaro Dias, ambos muito falantes e presentes na mídia quando se trata de criticar o governo da presidenta Dilma Rousseff. Também estão vergonhosamente calados o sempre espalhafatoso Carlos Sampaio, os senadores Agripino Maia e Ronaldo Caiado, do DEM, e os deputados Roberto Freire e Rubem Bueno, do PPS.

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Quanto ao senador Álvaro Dias, há uma explicação para o fato de ele fingir-se de morto diante da truculência do governador Beto Richa: é que ele fez a mesma coisa quando governou o Paraná, igualmente usando a violência policial contra os professores. Diante disso não é difícil concluir, observando-se o comportamento truculento de governantes tucanos, que eles não sabem lidar com a democracia quando as manifestações populares são contrárias às suas ações. E nem quando os resultados das urnas lhes são adversos. Aliás, o próprio FHC, quando presidente, mandou bater até em índio durante uma visita à Bahia, pois também não sabia responder sem violência à "voz rouca das ruas".

A propósito, o jornalista Ricardo Kotscho disse em seu blog, "aos que não se conformam até hoje com a reeleição de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais", que "o modelo adotado pelo governador tucano Beto Richa para enfrentar uma greve de professores no Paraná, na última quarta-feira, dá uma boa ideia do que poderia estar acontecendo no Brasil se Aécio Neves tivesse vencido as eleições de 2014". Com efeito, não parece difícil imaginar os manifestantes do último dia 15 de março levando bordoadas de cassetetes, recebendo balas de borracha e sofrendo com spray de pimenta e gás lacrimogênio nos olhos. E mordidos pelos cães treinados da PM.

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Felizmente a presidenta Dilma Rousseff foi reeleita. Ela, que sempre se comportou como verdadeira democrata, afirmou nas redes sociais, contrariando os tucanos, que "o Brasil vive hoje em plena democracia. Por isso, temos de nos acostumar às vozes das ruas, aos pleitos dos trabalhadores. Temos de reconhecer como legítimas às reivindicações de todos os segmentos sociais da nossa população. Temos de nos acostumar a fazer isso sem violência e sem repressão. Nada melhor do que o diálogo franco e transparente entre o governo e a sociedade", acrescentou.

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