Sobre crise, preconceito e hipocrisia

Lamentavelmente para muitos países desenvolvidos, a crise chegou pesada. Graças aos governos Lula e Dilma, não passamos pelas dificuldades que outros passaram

Lamentavelmente para muitos países desenvolvidos, a crise chegou pesada. Graças aos governos Lula e Dilma, não passamos pelas dificuldades que outros passaram
Lamentavelmente para muitos países desenvolvidos, a crise chegou pesada. Graças aos governos Lula e Dilma, não passamos pelas dificuldades que outros passaram (Foto: Washington Luiz de Araújo)


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Em 1998, de férias, fui a Barcelona. Como tenho o hábito de criar rotina, nos dias de semana que passei por lá tomei café da manhã no mesmo local. Café com leite e tortilhas era a minha pedida. Sentava , fazia o pedido. O dono do estabelecimento colocava a xícara e a tortilha no balcão, dava a volta e me entregava. Lá pelo quarto dia, como já me achava íntimo da casa, levantei –me, peguei o desjejum e levei até minha mesa. O dono veio até a mim, pegou a xícara de café com leite e a tortilha, pousou-as no balcão, pegou-as novamente e então pôs na minha mesa. Atônito, ouvi a indagação: "O senhor é sul-americano, não é?" Confirmei, e veio o sermão: "Vocês da América do Sul confundem as coisas. A minha função aqui é colocar o seu pedido na sua mesa. Isso não é função do cliente. E tem mais: não gosto da América do Sul. Lá tem muita miséria e não gosto de miséria". Ouvi toda a bronca, levantei-me, paguei a conta e saí. Que hipócrita! Se não gostava de sul-americano, por que aceitava o dinheiro de um mísero representante da terra, como eu?

Conto esta história porque tenho lido sobre a crise na Espanha e em outros países "mais avançados" que o Brasil. Quando se deu esse quase diálogo, o presidente Fernando Henrique Cardoso estava no poder havia quatro anos e já tinha comprado e recebido sua reeleição. Realmente, a crise estava das maiores em nosso país. Espanhóis, outros europeus e estadunidenses davam as costas para um Brasil perdedor, ajoelhado aos pés do deus FMI.

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No entanto, lamentavelmente para muitos países desenvolvidos, a crise chegou pesada. Graças aos governos Lula e Dilma, não passamos pelas dificuldades que outros passaram. Por exemplo, leio que 25% da população espanhola está desempregada, que quase um milhão que morava naquele país de lá saiu, à procura de emprego e de uma vida melhor. Muitos vieram, inclusive, para o Brasil. Para não ficar somente na Espanha, leio ainda que nos Estados Unidos mais de 45 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. Mais ou menos o número daqueles que saíram da pobreza no Brasil nos últimos 13 anos.

Portanto, a crise pintada pelos meios de comunicação tradicionais e parcela da oposição não existe, se comparada ao que acontece naqueles países acostumados com a abastança. Ao contrário do homem espanhol que me vendeu durante dias café com leite e tortilha em Barcelona, não deixo de gostar de nenhum povo ou lugar por estar na miséria. Pelo contrário, quero que todos tenham seus empregos garantidos, sua pujança aumentada, para que possam, como sempre pregou Luiz Inácio Lula da Silva, fazer, ao menos, três refeições ao dia.

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Que não voltemos aos tempos de FHC e que a Europa e os Estados Unidos voltem à tranquilidade econômica vivida por eles até os idos da década de 90. É o que desejo. Um mundo melhor também depende do quão generosos conseguimos ser em nossos sentimentos pelos outros. E me convenci, há tempos, de que isso é fruto de um aprendizado que se fortalece no dia a dia, nas situações mais prosaicas, às vezes dentro de um pequeno restaurante de esquina, tomando café da manhã.

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