Temer acredita ter um voto a mais do necessário para arquivar denúncia

O governo imagina ter garantidos apenas 34 votos favoráveis ao arquivamento da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, apenas um além da metade, em uma margem muito pequena para afastar preocupações; "Hoje temos garantidos 34. Trabalhamos para chegar a 42. O número que temos hoje preocupa, claro. Tanto que estamos trabalhando", disse a fonte

temer
temer (Foto: Leonardo Attuch)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O governo tem garantidos apenas 34 votos favoráveis ao arquivamento da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, apenas um além da metade, em uma margem muito pequena para afastar preocupações, disse à Reuters uma alta fonte do governo que acompanha o processo.

"Hoje temos garantidos 34. Trabalhamos para chegar a 42. O número que temos hoje preocupa, claro. Tanto que estamos trabalhando", disse a fonte.

continua após o anúncio

Essa conta, diz a fonte, já leva em conta a defecção do PSDB. Apesar de o partido ser da base e um dos mais beneficiados por cargos no governo, o Planalto conta com apenas um voto favorável entre os sete tucanos na CCJ, o do deputado Paulo Abi-Ackel (MG).

"A comissão é dominada pelos chamados 'cabeças-pretas'", disse a fonte, referindo-se ao grupo do PSDB que defende a saída da base do governo.

continua após o anúncio

A CCJ tem 66 membros e 34 é o mínimo necessário para o governo conseguir aprovar um relatório favorável na comissão e facilitar o caminho em plenário. Qualquer falta ou mudança na composição pode alterar o mapa traçado pelo governo.

Outras fontes governistas, no entanto, são menos otimistas e situam o cenário na comissão em torno de apenas 30 votos favoráveis.

continua após o anúncio

"É difícil ver no que vai dar isso agora. Uma coisa era antes da escolha do relator. Apesar do Sergio Zveiter (RJ) ser peemedebista, ele não é daquele PMDB original. Não dá para apostar que o relatório dele será favorável ao governo. E como derruba um relatório contra?", analisou uma outra fonte.

Apesar de também ter agradado à oposição, a base aliada elogiou a escolha de Zveiter para a relatoria do caso. Dizem que ele tem densidade jurídica suficiente --já foi presidente da seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)-- para rebater a denúncia.

continua após o anúncio

"Não vejo a mínima possibilidade de ele inventar provas", afirmou um dos vice-líderes do PMDB e indicado recentemente para a CCJ, o deputado Carlos Marun (MS). Ainda assim, a escolha foi vista com reticências pelo Planalto.

Zveiter é considerado "uma incógnita", disse uma fonte, nunca foi do grupo de Temer e não é "alinhado" com o Planalto, sempre foi visto como independente - o que neste caso, não é uma boa qualidade na visão do governo.

continua após o anúncio

ROMARIA

Com os riscos no Congresso, o Planalto entrou com força em uma operação para salvar o mandato de Temer, com o próprio presidente entrando em campo para conquistar votos de indecisos na comissão.

continua após o anúncio

Durante esta terça-feira, o presidente recebeu pelo menos 27 deputados e sete senadores, de acordo com a agenda oficial, sendo que seis deputados recebidos pelo presidente são titulares da CCJ e outros cinco, suplentes.

Já com uma agenda divulgada na véspera que ia das 8h30 às 21h30, com 21 parlamentares, Temer inclui mais 13 ao longo do dia

continua após o anúncio

Nos encontros, de acordo com fontes presentes às conversas, Temer ouviu mais do que falou, dando espaço para que os parlamentares apresentassem seus pedidos. Presentes à maioria das conversas, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, anotavam os pedidos.

Ao longo do dia, deputados governistas deram indicações, em manifestações na tarde desta terça, que vão procurar desqualificar na CCJ a acusação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer como forma de barrar a autorização da denúncia.

O principal argumento usado pelos aliados do presidente é que Janot tem declarado guerra ao governo e ao Congresso e que a aceitação do pedido daria margem para mais desgaste de ambas as instituições.

A ideia é acelerar a tramitação do processo garantindo quorum em todas as sessões a fim de assegurar a votação do caso na quarta-feira da próxima semana na comissão e, dois dias depois, em plenário. Para tanto, haverá a convocação da base para dar quorum para contar os prazos regimentais e, em outra frente atuar para acelerar a defesa.

O advogado de Temer, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, apresentará a defesa escrita do presidente nesta quarta-feira às 15h. O Planalto quer que Mariz faça a sustentação oral da defesa na CCJ, avaliando que isso daria mais força às teses da defesa.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247