Moro e Lava Jato se contradizem em defesa sobre vazamentos

Os vazamentos de conversas do então juiz Sérgio Moro com integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná em 2017, revelados pelo The Intercept Brasil desde o último dia 9, têm provocado reações contraditórias entre aqueles que são acusados de conluio e perseguição ao ex-presidente Lula; alegações vão desde mensagens falsas, retiradas de contexto ou fruto de ação de hackers



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Brasil de Fato - Os vazamentos de conversas do então juiz Sérgio Moro com integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná em 2017, revelados pelo The Intercept Brasil desde o último dia 9, têm provocado reações contraditórias entre aqueles que são acusados de conluio e perseguição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro (PSL), adotou primeiramente a estratégia de minimizar a relevância das reportagens, sem colocar em xeque a veracidade do material. No dia seguinte aos primeiros vazamentos, o ex-juiz disse que suas falas foram "retiradas de contexto" e que "não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado".

Em entrevista ao Estadão, na noite de quinta-feira (13), ele apresentou duas argumentações paralelas. A primeira dá a entender que as mensagens divulgadas pelo The Intercept poderiam ser falsas. "Não posso reconhecer a autenticidade dessas mensagens", disse. "Não sei, por exemplo, como é que atribuíram aquelas mensagens a Moro, de onde que veio isso, esse Moro, da onde que veio o Deltan [Dallagnol, coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato no Paraná]".

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No entanto, na mesma entrevista, o ex-juiz volta a sustentar a hipótese de que as conversas carecem de contexto e relativiza a importância das mensagens trocadas com integrantes da Lava Jato. "Se os fatos são tão graves como eles dizem que são, até agora não vislumbrei essa gravidade", completa.

O próprio The Intercept Brasil, em sua reportagem mais recente, ressalta essa contradição: uma vez que as mensagens são falsas, como poderiam ter sido "retiradas de contexto"?

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No dia seguinte, após cerimônia na Polícia Rodoviária Federal, em Brasília (DF), Moro admite ter indicado ao procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal (MPF), uma pessoa "aparentemente disposta" a falar sobre imóveis relacionados ao ex-presidente Lula. "Eu recebi aquela informação, e aí sim, vamos dizer, foi até um descuido meu, apenas passei pelo aplicativo", confessou.

A hipótese do hacker

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Na segunda-feira (10) pós-vazamento, a força-tarefa da Lava Jato emitiu nota na qual diz ter sido alvo de um ataque hacker. Em nenhum momento, o portal The Intercept Brasil disse ter obtido o material por meio de hacker ou profissional com especialidade semelhante. O premiado jornalista Glenn Greenwald lançou mão de um expediente comum no jornalismo, que é garantir que seu informante seja mantido em anonimato.

"[As reportagens foram] Produzidas a partir de arquivos enormes e inéditos — incluindo mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens — enviados por uma fonte anônima", explicaram os editores do portal ao lançar a série.

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Apesar da preocupação com a segurança dos procuradores, expressa na nota da força-tarefa, Dallagnol se negou a entregar seu celular para ser periciado pela PF, dificultando o diagnóstico da suposta invasão do aparelho.

O também procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, interlocutor de Moro no vazamento mais recente, optou pela linha argumentativa de questionar a autenticidade do material divulgado pelo The Intercept: "Desconheço completamente as mensagens citadas", disse em nota oficial publicada na noite da última sexta-feira (14).

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A versão de Lima entra em choque com a nota da força-tarefa que ele integra: se as reportagens foram baseadas na atuação de um hacker, então o conteúdo seria original – o problema estaria nos meios de obtenção das conversas.

Questionado por internautas sobre a fragilidade da argumentação, Lima voltou a apresentar argumentos conflitantes em uma nova postagem nas redes sociais, às 14h de sábado (15): "Não reconheço qualquer diálogo. Não devemos acreditar no greenwaldismo, nesse esforço de desinformação e difamação. Esse pseudo jornalista deve entregar o meio pelo qual recebeu, se é que recebeu, o material para ser periciado", finalizou.

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Na manhã deste domingo (16), o The Intercept Brasil publicou um editorial respondendo às polêmicas e ironizando a hipótese levantada pela Lava Jato e pela Rede Globo. "A grande preocupação dos envolvidos agora, com ajuda da Rede Globo – já que não podem negar seus malfeitos – é com o 'hacker'. E também nunca vimos tantos jornalistas interessados mais em descobrir a fonte de uma informação do que com a informação em si. Nós jamais falamos em hacker. Nós não falamos sobre nossa fonte. Nunca", ressaltam os editores do portal.

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