A omissão nos governos e o caos na segurança

O crime hoje está organizado no Brasil. Ninguém mais discute isso. Mas e o aparato estatal de segurança, está igualmente organizado?



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Hoje não é preciso ser nenhum sociólogo, psicólogo, militar, policial, advogado, juiz, promotor, jornalista ou qualquer especialista ou consultor em segurança para concordar que a segurança pública no Brasil está um caos completo em todos os estados. Uns mais, outros menos, mas todos vivem uma situação caótica nessa área tão sensível.

Os corruptos e bandidos de todas as grifes, ao contrário dos estados e governo federal, se organizaram e estão cada vez mais fortes para fazer o enfrentamento contra os organismos policiais desorganizados dos estados e federal. O crime hoje está organizado no Brasil. Ninguém mais discute isso. O aparato estatal de segurança está igualmente organizado?

Quando atuam para praticar a corrupção contra os governos, possuem organizações e agem de forma semelhante às máfias italiana, japonesa, chinesa ou russa. Contam com a ajuda de advogados famosos e caríssimos, bancos oficiais e particulares, empreiteiras bandidas que são sempre nominadas com envolvimentos em corrupção, e o mais constante, contam com a cumplicidade de políticos, servidores públicos e até com a "simpatia" de muitos membros do judiciário e das direções de policias.

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No caso dos criminosos, ditos comuns, a organização hoje já da mostra de uma alta sofisticação e organização. Estão organizados em grupos como o PCC, CV, ADA e outros que se complementam para a pratica de crimes. Os grandes líderes dessas facções criminosas estão todos "presos" e comandam as atividades criminosas de dentro das cadeias. Essa é a prova maior da falência do Estado e do governo federal, essa é a prova da omissão maior. Senão vejamos:

O que tem feito os governos estaduais e federal para enfrentar as sofisticadas organizações criminosas no Brasil?

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Não consigo vislumbrar uma medida estatal eficaz na área de segurança pública, mas consigo com muita facilidade mostrar a omissão, os erros e a passividade explícita dos governos estaduais e federal.

Antes de pensar em renovar a frota de veículos, comprar novos armamentos, aviões, helicópteros e materiais sofisticados de escutas telefônicas e de ambientes, os parvos e idiotas dirigentes da segurança pública estadual e federal deveriam pensar na efetiva mudança nos treinamentos e na valorização do efetivo humano policial e nessa área os governos são perversos e altamente omissos.

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Não é preciso ser muito inteligente para perceber a verdade dos fatos, é só relembrar como  os governos da Bahia e do Rio de Janeiro trataram os policiais militares, civis e bombeiros, quando eles protestaram por melhorias salariais e melhores condições de trabalho.

Para analisar como trata a segurança pública, o governo federal é só ver como ele lutou contra a aprovação da PEC-300 e como ele está tratando os policiais federais que fizeram recentemente uma greve de setenta dias por uma reestruturação salutar da Polícia Federal.

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A PEC-300, para que todos saibam, aprovaria um piso salarial digno e não aviltante para todos os policiais militares do Brasil, o que traria uma motivação substancial para os policiais e seria o início de uma reestruturação real das policias, que deveria em seguida modernizar os cursos de formações e aprimoramentos das corregedorias de polícia, além, é claro, das necessárias fusões das policias civis e militares de todo o Brasil, que estão sempre brigando entre si.

Essa PEC-300, ao invés de ser apoiada, foi atacada de forma irascível pelos governadores estaduais e pelo governo federal. Isso é lutar para construir ou destruir a segurança pública?

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Os governadores do Rio de Janeiro e da Bahia, ao invés de dialogar e discutir a péssima situação da segurança pública com os representantes dos policiais em greve, de uma forma hitleriana e insana, mandou prender os policiais que protestavam por um salário digno e por uma segurança pública mais organizada. Quem faz isso quer melhorar a segurança pública?

O governo federal, com o apoio incondicional dos delegados de polícia federal, atacaram de todas as formas os EPAs (Escrivães, Papiloscopistas e Agentes) que estavam fazendo greve legalmente permitida pela constituição federal. Os EPAs faziam greve como forma de luta para se alcançar a verdadeira reestruturação da Polícia Federal, para transformá-la nos moldes do FBI americano, o que é uma promessa de campanha de Lula desde 2002.

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Os Escrivães, papiloscopistas e agentes da PF (EPAs) querem uma revolução salutar e necessária na segurança pública do país. Querem a modernização do falido inquérito policial que gera apenas 6% de condenações para os indiciados em crimes. Os EPAs querem a abertura da verdadeira "CAIXA PRETA" que é hoje a Polícia Federal sob o comando de delegados de polícia, que se unem em todo o país para barrarem qualquer avanço e modernidade no catastrófico sistema de segurança pública, tanto federal como estadual.

A criação da CPI da Polícia Federal foi proposta nessa semana pelo presidente da FENAPEF-Federação Nacional dos Policiais Federais, Marcos Wink, e já foi aceita por vários deputados e senadores, dentre eles, destaca-se o deputado delegado Protógenes, que já está colhendo as assinaturas necessárias para a instalação da CPI, que terá como meta a investigação de possíveis desmandos que podem estar ocorrendo na Polícia Federal, assim como estudar a sua reestruturação.

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Diante da greve dos policiais federais  e dos trabalhos para a reestruturação da PF e da luta pela criação da CPI da PF objetivo dos EPAs que verdadeiramente impulsionam e carregam a polícia federal "nas costas", em termos de trabalho, o que o governo trabalhista do PT fez através de seu ministro da justiça e do diretor da PF?

Mandou cortar o ponto de todos os grevistas, mandou abrir processos administrativos internos contra quem estava fazendo uso de seu direito constitucional de greve e liberdade de expressão, mandou também transferir de local de trabalho, os líderes da greve. Se não mandaram pessoalmente  são omissos ou coniventes, uma vez que já foram amplamente avisados dos abusos e assédios praticados pelos dirigentes da PF.

O governo trabalhista, que antigamente usava a greve para seus objetivos políticos, agora, manda execrar e punir os que fazem hoje o que ensinaram ontem.

O sociólogo Ricardo Brisolla Balestreri, quando foi diretor da SENASP-Secretaria Nacional da Segurança Pública, tentou enfrentar o lobby feroz dos delegados de polícia, em busca de fazer melhoras na segurança pública do Brasil. O governo federal, que é refém dos delegados de polícia, não deu o apoio necessário e ele acabou sendo afastado do cargo. O mesmo ocorreu no inicio do governo Lula com o especialista em segurança, sociólogo Luís Eduardo Soares. Não se pode reestruturar nada em termos de segurança pública. Quem tenta sucumbe, por isso temos essa segurança pública antiga, desorganizada, mortal e ultrapassada.

Os governos estadual e federal não estão de fato preocupados com as mortes e execuções que estão ocorrendo em São Paulo, estão muito mais preocupados na disputa política fratricida que é praticada pelo Partido dos Trabalhadores e pelos Tucanos do PSDB.

Policiais militares estão sendo executados por bandidos nas portas de suas casas e na frente dos filhos em São Paulo, por determinação de presidiários. Todos os dias uma média de 15 mortes violentas são computadas em São Paulo todos os dias e os governos agora fingem que estão "preocupados" e "unidos".

O governo tucano de São Paulo ficou um mês para decidir se aceitava a ajuda do governo federal petista. As mortes se multiplicavam e multiplicam nas ruas de São Paulo e o parvo secretário de segurança pública, Antônio Ferreira Pinto, com a arrogância dos incompetentes, e atiçados pelos delegados de polícia estaduais, dizia que São Paulo não "precisava da ajuda de ninguém".

O governador é apelidado de "chuchu" e não é por conta da sua aparência, mas sim pela demora como age diante de problemas. Prova disso é que só depois de algum tempo resolveu calar o seu irado e descontrolado secretário de Segurança, que de segurança não entende quase nada. E assim finalmente o "chuchu" tucano acabou aceitando a ajuda do governo federal do PT para combater os bandidos organizados. Qual ajuda?

O governo federal, com o não menos arrogante ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ofereceu a ajuda da Polícia Federal para atuar contra os criminosos que estão amedrontando o povo e acuando a polícia e o governo de São Paulo, mas não contou ao governador tucano que a Polícia Federal está esfacelada administrativamente e a relação entre os EPAs (escrivães, papiloscopistas e agentes federais) e os delegados da PF já está à beira do confronto físico. O respeito entre essas funções na PF acabou tem muito tempo.

O ministro da Justiça, muito mais para "humilhar" os tucanos, ofereceu uma Polícia Federal que está para explodir administrativamente. Os delegados da PF, para não perderem um comando que não possuem mais na prática, ameaçam os EPAs com processos e inquéritos policiais, além de transferências dos locais de trabalho. Mas isso não está resolvendo em nada, pelo contrário, essa vendeta idiota é o mesmo que usar gasolina para apagar o fogo.

Para pararem definitivamente a PF, os EPAS hoje não precisam recorrer a uma nova greve. Os erros administrativos internos são tantos que para obstaculizar as "ordens" dos delegados da PF é só os EPAs exigirem que sejam cumpridas todas as leis, decretos e instruções normativas existentes.

Os EPAs ainda estão ajudando e trabalhando, porque muitos acham que São Paulo realmente precisa da ajuda da Polícia Federal e estão agindo muito mais com o coração, coisa que o governo federal e estadual nunca fizeram para resolver os problemas nefastos da segurança pública, tanto em nível estadual como federal.

Na pressa e na emoção, o governo do estado de São Paulo anunciou essa semana a realização de concurso para mais de mil vagas de investigador da Polícia Civil, exigindo o nível superior para o ingresso e com R$ 2.200,00 reais de salário bruto (com descontos sobrará R$ 1.900,00). Quem aceita arriscar a vida pelas ruas de São Paulo e ser executado apenas pelo fato de ser policial com uma remuneração dessa? Muitos entram e já pensam em uma forma de fazer "bicos" ou em alguma verba "extra" em decorrência do trabalho.

Como ter uma polícia organizada e eficaz agindo dessa forma?

Os políticos estão se lixando para o serviço de segurança pública que a população precisa. Eles possuem carros blindados e seguranças e, além do mais, a maioria esmagadora dos donos de empresas de segurança é de políticos, militares, delegados (aposentados ou não) e familiares. Em tese, quanto pior o serviço estatal de segurança, melhor será para os lucros das empresas de segurança privada.

Enfim, essa encenação de união entre policiais civis, militares e federais é muito mais para dar uma "satisfação" à população que está morrendo nas ruas de São Paulo. Não acredito que os coronéis da PM, delegados da Polícia Civil e da Polícia Federal colocarão de lado as suas vaidades exacerbadas pelas disputas pessoais das atribuições. Não acredito nessa verdadeira "lata de caranguejos" que os políticos deram o nome de força conjunta. Só acredito que possa haver força conjunta quando os objetivos, inclusive os políticos, forem iguais.

Essa força conjunta somente poderá apresentar algum resultado prático se os policiais de verdade, federais e estaduais, levarem em conta que não estarão trabalhando para os delegados, secretários, governadores, ministros ou diretores de polícia, mas sim para o amedrontado povo paulista que paga com muito suor os impostos que sustentam o aparato policial. Só assim!

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