A PF pode ser um FBI?

De volta aos holofotes, a Polícia Federal busca agora sua autonomia, com mandatos fixos para seus dirigentes e orçamento próprio



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Os homens de preto, que andavam sumidos, voltaram com tudo. E, em poucos dias, deflagraram duas operações que ainda vão dar muito o que falar. A primeira, batizada como Porto Seguro, desarticulou uma quadrilha infiltrada na máquina pública, que negociava pareceres jurídicos – e, pela primeira vez, um mandado de busca e apreensão foi cumprido num escritório da presidência da República. A outra, chamada de Durkheim, desmontou um esquema de extorsão que envolvia até policiais federais. Dados sigilosos, de personagens públicos, como o prefeito Gilberto Kassab e o senador Eduardo Braga, eram negociados livremente no submundo do crime.

À frente dessas duas operações, esteve o mesmo personagem: o delegado Roberto Troncon, que comanda a superintendência da Polícia Federal, em São Paulo. Tido como um dos quadros mais preparados da corporação, Troncon também encarna um antigo sonho da categoria: a autonomia em relação ao governo. Isso significa que a PF, hoje subordinada ao Ministério da Justiça, passaria a gerir seu próprio orçamento, assim como o Ministério Público. Seus dirigentes, ainda que indicados pela presidência da República, teriam mandatos fixos e só poderiam ser substituídos em casos extremos.

O modelo, inspirado no Federal Bureau of Investigation, o FBI, foi objeto de um trabalho acadêmico de Troncon, em parceria com os delegados Fernando Duran e Grivaldo Andrade, intitulado "Autonomia Funcional e Administrativa da Polícia Federal". 

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Essa proposta foi lançada em 1994 pela primeira vez pelo agente Francisco Garisto, primeiro presidente da Federação Nacional da Polícia Federal. Não prosperou porque os governos jamais admitiram perder o controle da instituição. Na era FHC, operações mais complexas eram raras. Com Lula, a PF trabalhou muito mais, mas também foi acusada de ser instrumentalizada para agir contra adversários políticos.

Agora, pela primeira vez, a PF deflagrou uma operação que atingiu a presidência da República. E a presidente Dilma transmitiu uma mensagem clara: ninguém está acima da lei. Criticado por não prevenir o Palácio do Planalto, o ministro José Eduardo Cardozo se defendeu. "Quando a PF atingiu o governo, dizem que o ministro perdeu o controle; quando é contra, falam que está sendo instrumentalizada".

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Ao que tudo indica, a instituição deu seu maior salto em relação à independência e à autonomia. Mas isso só será possível se a PF tiver uma corregedoria independente e se estiver submetida ao controle do Poder Judiciário, que puna eventuais abusos.

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