Luís Costa Pinto prevê ‘avanço de ondas devastadoras’ em Brasília

"A tensão social, hoje tão perceptível no ar de Brasília como o odor de ozônio que corta a maresia em meio às tempestades litorâneas de relâmpago, avisa: o desemprego, cuja escalada explosiva não se encerrou e está longe disso seguirá em alta até maio, pelo menos e é o indicador mais marcante a ser perseguido e debelado", escreve o jornalista, para quem "nunca houve um verão como esse de 2017 em Brasília"; "Um desarranjo social poderá ser o catalisador de todos os elementos que tornam pesado o ar de Brasília nesse janeiro de 1 verão tão inusitado", diz

"A tensão social, hoje tão perceptível no ar de Brasília como o odor de ozônio que corta a maresia em meio às tempestades litorâneas de relâmpago, avisa: o desemprego, cuja escalada explosiva não se encerrou e está longe disso seguirá em alta até maio, pelo menos e é o indicador mais marcante a ser perseguido e debelado", escreve o jornalista, para quem "nunca houve um verão como esse de 2017 em Brasília"; "Um desarranjo social poderá ser o catalisador de todos os elementos que tornam pesado o ar de Brasília nesse janeiro de 1 verão tão inusitado", diz
"A tensão social, hoje tão perceptível no ar de Brasília como o odor de ozônio que corta a maresia em meio às tempestades litorâneas de relâmpago, avisa: o desemprego, cuja escalada explosiva não se encerrou e está longe disso seguirá em alta até maio, pelo menos e é o indicador mais marcante a ser perseguido e debelado", escreve o jornalista, para quem "nunca houve um verão como esse de 2017 em Brasília"; "Um desarranjo social poderá ser o catalisador de todos os elementos que tornam pesado o ar de Brasília nesse janeiro de 1 verão tão inusitado", diz (Foto: Gisele Federicce)


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Por Fernando Brito, do Tijolaço - Uma “raposa política” dos anos 60 e 70, Thales Ramalho, chamava de “flores do recesso” o que, depois, tomaria o nome de “factóide”. Eram assuntos que surgiam, vistosos, mas não tinham perenidade, desapareciam tão rapidamente quanto haviam surgido.

O que parece brotar neste verão brasiliense está bem longe de pertencer à mesma categoria, observa hoje o jornalista Luís Costa Pinto, que entende tanto de sinais de tempestade que foi o autor a entrevista com Pedro Collor, que levaria ao fim inglório do primeiro presidente eleito da redemocratização.

Recifense de coração, Costa Pinto também entende de manguezais. Seu artigo no Poder360, hoje, é luz sobre o lodaçal, e nele,  da profecia que diz ser, não há sinal senão aquilo que vê quem conhece o  o movimento das marés do Planalto Central do país.

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Profecia de um verão brasiliense

Luís Costa Pinto, no Poder360

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Nunca houve 1 verão como esse janeiro de 2017 em Brasília. Há no ar da capital da República uma tensão inaudita, 1 clima de mormaço abafado que prenuncia grandes tempestades no horizonte.

Na semana que passou houve Pollyannas de Palácio que saíram a público para falar de campanhas publicitárias oficiais destinadas a disseminar otimismo em razão da queda dos juros na taxa Selic e da notícia de 1 amansamento da taxa de inflação.

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Foram, contudo, episódios pontualmente alvissareiros derivados de acertos isolados da frente fiscalista do governo, mas incapazes de deter o avanço do aquecimento global do clima político no país.

A Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes assemelham-se às praias pré-tsunamis: o recuo surpreendente da maré fez crescer a faixa de areia e há desavisados vendo ali uma oportunidade para caminhar adiante no novo cenário. Quem olha no horizonte, contudo, vê o avanço das ondas devastadoras. E elas virão.

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Há notícia de 1 número sensivelmente elevado de policiais e delegados federais, além de procuradores, trabalhando na cidade em época de férias. Recalls de delações premiadas como as de executivos das empreiteiras Camargo Correa e Andrade Gutierrez e mergulhos profundos nas águas turvas das delações dos 77 acionistas e executivos da Odebrecht podem explicar essa revoada de andorinhas nos céus do cerrado brasiliense.

A desagregação evidente da base parlamentar que viabilizou a deposição da presidente Dilma Rousseff e a ausência absoluta de novos projetos nacionais de poder que antagonizem a raiz social do projeto deposto, que mesmo carcomida pelos fungos da corrupção e pelo arrivismo sindicalista conferiam sustentação e legitimidade ao governo anterior, forçam o recrudescimento do pessimismo nos que miram o horizonte sem o auxílio das bulas farsescas do Dr. Pangloss.

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No mangue da política brasiliense sobram caranguejos – que andam para trás e se escondem na lama para evitar a captura dos que lhes procuram – e tornam-se cada vez mais escassos os vaga-lumes que insistem em iluminar os buracos sombrios e escuros em que se metem os protagonistas de ocasião. Caranguejos são áulicos. Vaga-lumes podem se revelar profetas. Profetas do caos, mas profetas.

Em meio a tantos sinais patentes de que nunca houve 1 verão como esse de 2017 em Brasília o ministro da Justiça parece apartado do mundo real. Ante as chantagens tragicamente bárbaras que assolam o sistema penitenciário e jurídico brasileiro, expondo corpos decapitados nas sucessivas rebeliões executadas por facções criminosas, Alexandre de Moraes assemelha-se a 1 delirante que assiste a Feios, Sujos e Malvados, de Ettore Scola, mas sai do cinema jurando ter visto La La Land, o musical contemporâneo de Damien Chazelle. Moraes é inepto, inapto e precisa ser interditado. Os caranguejos, contudo, escondem isso do chefe.

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No recuo da maré os caranguejos também parecem ter invadido o Congresso Nacional e sentem-se em casa no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Ali, onde se urdiu a queda do regime anterior sob o comando de Eduardo Cunha, e onde se viabilizou a costura parlamentar responsável por conferir trégua a Michel Temer e produzir vitórias legislativas que deram fôlego ao atual regime mesmo sob o sol incinerador de reputações da Lava Jato com Rodrigo Maia, há prenúncio de tempestade.

Maia deve vencer a disputa para o comando da Câmara. Mas a ilegalidade de suas manobras eivará de ilegitimidade o novo mandato na Presidência da Casa e isso o enfraquecerá no jogo parlamentar. O segundo mandato dele será uma sombra pálida do primeiro e as concessões já feitas para viabilizá-lo trarão, a médio prazo, mais problemas do que soluções para o governo. Na lama do Congresso os vaga-lumes vêm sendo vencidos pelos caranguejos. Maia não compreendeu ainda que a praia larga por onde passeia hoje, exibindo seu caminhão de votos, é sinal dos vagalhões do tsunami vindouro.

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As Pollyanas palacianas aprenderão a decifrar os sinais – na marra, mas aprenderão.

A tensão social, hoje tão perceptível no ar de Brasília como o odor de ozônio que corta a maresia em meio às tempestades litorâneas de relâmpago, avisa: o desemprego, cuja escalada explosiva não se encerrou e está longe disso seguirá em alta até maio, pelo menos e é o indicador mais marcante a ser perseguido e debelado. A queda da inflação é reflexo da estagnação econômica e a redução da taxa de juro básico da economia, mesmo bem-vinda, não será capaz de conter o deslocamento das calotas políticas. Elas estão em rota de colisão. 1 desarranjo social poderá ser o catalisador de todos os elementos que tornam pesado o ar de Brasília nesse janeiro de 1 verão tão inusitado.

Quando o céu cair as andorinhas desse arremedo de profecia dirão que fizeram verão. Os caranguejos morrerão afogados na lama. E os vaga-lumes voarão para iluminar outras pontes sob a acusação de que só lançam luzes para engenharias de obras feitas.

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