'O lobo de Wall Street' deixa o leitor “sem fôlego”

Para João Paulo Cunha, livro de Jordan Belfort "é o exemplo da capacidade de fazer negócios que o autor tem"; "É uma peça de realidade, escrita em primeira pessoa, que às vezes parece ficção", completa o ex-deputado, em nova resenha

Para João Paulo Cunha, livro de Jordan Belfort "é o exemplo da capacidade de fazer negócios que o autor tem"; "É uma peça de realidade, escrita em primeira pessoa, que às vezes parece ficção", completa o ex-deputado, em nova resenha
Para João Paulo Cunha, livro de Jordan Belfort "é o exemplo da capacidade de fazer negócios que o autor tem"; "É uma peça de realidade, escrita em primeira pessoa, que às vezes parece ficção", completa o ex-deputado, em nova resenha (Foto: Ana Pupulin)


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247 – Um livro que deixa o leitor "sem fôlego". É como João Paulo Cunha descreve O Lobo de Wall Street, de Jordan Belfort, em nova resenha publicada em seu blog. Para ele, trata-se ainda de um "exemplo da capacidade de fazer negócios que o autor tem".

"Sua autobiografia, escrita de forma rápida e que deixa o leitor sem fôlego, mas querendo chegar ao fim com um pouco de ar, é uma peça de realidade, escrita em primeira pessoa, que às vezes parece ficção", descreve ele ainda.

Leia aqui e abaixo sua análise sobre o livro que virou filme estrelado por Leonardo DiCaprio:

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Resenha: O Lobo de Wall Street

29 de outubro de 2014

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Contém Spoiler

O livro "O Lobo de Wall Street", de Jordan Belfort, da Editora Planeta, que depois virou filme dirigido por Martin Scorsese tendo como papel principal Leonardo Di Caprio, é o exemplo da capacidade de fazer negócios que o autor tem. Efetivamente, Jordan Belfort tem tino para a coisa. É um grande vendedor.

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Sua autobiografia, escrita de forma rápida e que deixa o leitor sem fôlego, mas querendo chegar ao fim com um pouco de ar, é uma peça de realidade, escrita em primeira pessoa, que às vezes parece ficção. Começa pelo provocante nome alimentado pelo próprio Jordan: O Lobo de Wall Street. Ou seja: alguém como o animal que se adapta em qualquer clima, tem olfato apurado, é rápido, de boa visão e com pelugem que não deixa marcas. Esse animal passa a circular em Wall Street, o maior centro comercial e financeiro do mundo. É ali onde está a bolsa de valores de Nova Iorque.

Jordan Belfort é de uma família classe média. Inicia seus trabalhos em uma corretora, reparando bem nos colegas realizados e nos empresários já estabilizados. Encaixa pequenas humilhações sempre olhando para frente. Final da década de 80, começo de 90 o capitalismo flertava e casava com uma experiência de desregulamentação geral, negação dos direitos dos trabalhadores, redução do papel do estado e um frisson geral no mercado financeiro. Num ambiente assim era propicio o aparecimento daqueles que queriam o dinheiro fácil. Jordan estava na hora certa, no lugar certo e era o cara certo. Bom de conversa, agradável, carismático e agregador montou rapidamente sua empresa (o banco de investimento Stratton Oakmont), estruturou sua alcateia (Stratonistas) e foi atender os seus clientes (veja que ousadia) nos arredores de Wall Street. "Era uma época de ambição desenfreada, uma época de excesso libertino. Era a época dos yuppies". Como Lobo pai, Jordan ensina o espírito predador aos jovens que compõem sua alcateia.

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Os negócios especulativos, de "alavancagem", obscuros e enganosos (tudo próprio de um capitalismo sem parâmetros) prosperaram rapidamente e o dinheiro começa a jorrar. Jordan acumula uma grande fortuna rapidamente e em alguns momentos chega a desconhecer quanto. Junto com o dinheiro veio a ambição e a ganância, que são desejos subjetivos e inerentes ao espírito capitalista de querer sempre ter mais sem qualquer pudor e sem qualquer cerimônia. Em um ambiente de traições, mentiras e uma busca desmedida para ganhar, Jordan introjeta na cabeça de seus funcionários mais jovens (apesar de ele ser também muito jovem) que é preciso fazer o negócio, ganhar o cliente, fugir para frente sem medir as consequências.

Simultaneamente aos ganhos extraordinários Jordan topa qualquer parada e faz do hedonismo sua busca suprema. Viagens, iates, carros e o sexo a qualquer preço (literalmente). Aventura-se nas drogas e vai a fundo ao buscar prazer que os ganhos surpreendentes lhe conferem. E para combater a ressaca de uma droga ou de uma bebedeira ele resolve tomar mais droga ou beber mais. Faz então, das drogas, do sexo e das relações corrompidas sua razão de vida.

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A família, ou melhor, a esposa, com todo o luxo e a comodidade que o dinheiro propicia, começa a perceber o vazio que uma vida de superfície gera. Além disto, começa ver no marido um dependente de vários tipos de droga que servem tanto para animá-lo como para acalmá-lo. Ou seja: precisa de droga o tempo todo. Assim as brigas aumentam e o casamento passa a ser um fardo.

Jordan Belfort acaba fazendo operações desastradas e ilegais e cai nas garras do Fisco americano por manipular o mercado de ações e sonegação. Por outro lado, seu vício cresce e contamina suas relações e os negócios das empresas. Tentando buscar caminhos para sair da encalacrada financeira, acaba se complicando mais e como consequência se entrega decisivamente ao vício.

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Resistindo a uma internação para dependentes de drogas, é carregado à força para uma clínica. Passado um tempo ele sai e vê seu império desmoronando, seu casamente em frangalhos e um mandato de prisão pronto para cumprir. Acaba aí a vida desvairada do Lobo de Wall Street (havia marcas em seus pêlos, seu olfato falhou e sua visão estava turvada) que se consumaria com quase dois anos de prisão.

O nome do livro leva o leitor a uma célere imaginação de alguém que, com as características de Lobo, vai mostrar o caminho dos grandes negócios: a energia cobiçosa do centro financeiro americano, suas sacanagens e suas personagens que operam no mundo todo, mexendo com muito dinheiro.

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Ilusão! O livro fala pouco dos caminhos das operações de Wall Street e dos bilhões de dólares negociados diariamente e conta muito das estripulias do Lobo com sexo, drogas e pouco Rock and Roll. Apesar disso, as operações assistidas são suficientes para ver negócios estranhos circulando pelas mesas e pelos telefones dos agentes das finanças da firma de Jordan.

O livro é bom de ler. Essa é a primeira parte da autobiografia espalhada pelos trinta e nove capítulos, prólogo e epílogo. Não é cansativa e, ao contrário, sua leitura é rápida e agradável. Às vezes é tão real que você enxerga o vazio (só ocupada com dinheiro e com drogas) que sobressai das conversas de Jordan. Um roteiro de "ricos e malucos" explicitado quando ele se gaba de enrolar a legislação americana e mostra sua relação, que afinal não levaria a bom lugar, com as drogas: "Na verdade, mesmo após três meses basicamente sem dormir – e mesmo depois das últimas 72 horas de total insanidade, tempo em que consumi 42 gramas de cocaína, 60 Ludes, 30 Xanax, 15 Valium, 10 Klonopin, 270 miligramas de morfina, 90 miligramas de Ambien e Paxil, prozac, Percocet, Pamelor, GHB e Deus sabe quanto álcool -, eu ainda sabia mais sobre burlar as leis imobiliárias americanas do que quase todas as outras pessoas do planeta."

Ele é muito bom vendedor e tirando proveito de sua experiência conseguiu dar um caráter universal para sua experiência, transformando sua história num roteiro de autoajuda, de técnicas de vendas, de empreendedorismo e saiu pelo mundo a dar palestras. Deixou, com o sabor de quero mais na boca e na cabeça dos leitores, os lances da disputa econômica e financeira de Wall Street e da rotina intrigante da bolsa de valores mais importante do mundo para o próximo livro "A caçada ao Lobo de Wall Street" que, certamente, irá gerar um novo filme e mais uma série de contratos para palestras pelo mundo afora, mostrando que, apesar de sua derrota naquela fase da vida, ele conseguiu manter o espírito animal de "fazedor" de negócios e organizador de suas alcateias que o alimentarão para as próximas aventuras.

João Paulo Cunha
Abril/2014

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