Bloco Soviético não sai no Carnaval deste ano: risco à vida

 O "Bloco Soviético", tradicional bloquinho de carnaval, que já chegou a arrastar 20 mil foliões de esquerda na capital paulista, declarou nesta terça-feira (8), em um comunicado intitulado "partiu Cuba", que "irá encerrar suas atividades"; o temor, segundo os organizadores, ocorre por conta da polarização política no País; "É colocar em risco físico integrantes e foliões, o que seria uma temeridade; a nota ainda diz que "não é mais engraçado brincar de comunismo recreativo quando a acusação de ser comunista se tornou efetivamente perigosa – por mais patético que isso seja – e é usada amplamente pelas forças políticas horríveis que ascenderam ao poder no país"

Bloco Soviético não sai no Carnaval deste ano: risco à vida
Bloco Soviético não sai no Carnaval deste ano: risco à vida (Foto: Reprodução)


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247 - O "Bloco Soviético", tradicional bloquinho de carnaval, que já chegou a arrastar 20 mil foliões de esquerda na capital paulista, declarou nesta terça-feira (8), em comunicado, que "irá encerrar suas atividades". O temor, segundo os organizadores, ocorre por conta da polarização política no País, "é colocar em risco físico integrantes e foliões, o que seria uma temeridade e, no limite, uma irresponsabilidade". A nota ainda afirma que "não é mais engraçado brincar de comunismo recreativo quando a acusação de ser comunista se tornou efetivamente perigosa – por mais patético que isso seja – e é usada amplamente pelas forças políticas horríveis que ascenderam ao poder no país". 

Os organizadores destacam o crescimento do bloco, que começou tímido, reunindo algumas dezenas de foliões. "saímos, pela primeira vez, com um aparelho de som dentro de um carrinho de feira. Fomos dos bares “Tubaína ao Coco”, da região central até a Santa Cecília, cantando a "Internacional". 

"O Bloco Soviético cresceu, até chegar ao Carnaval de 2017, quando homenageamos os 100 anos da Revolução Russa com um trio elétrico digno de uma estrela de Salvador e mais de 20 mil pessoas cantando e rindo com nossas marchinhas", diz um trecho do comunicado. 

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"É hora do Bloco Soviético sair de cena e partir pra Cuba, onde a esquerda é mais feliz, em busca da revolução", lamentam os organizadores. 

Leia a íntegra do comunicado dos organizadores do Bloco Soviético 

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PARTIU, CUBA!

No já saudoso ano de 2013, meia dúzia de foliões de esquerda decidiu fazer um Carnaval que permitisse rir de questões da nossa política. Bons tempos de liberdade e democracia.

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Pra quem não é daquela época, saímos, pela primeira vez, com um aparelho de som dentro de um carrinho de feira. Fomos dos bares “Tubaína ao Coco”, da região central até a Santa Cecília, cantando a "Internacional" e nossas paródias renovadas a cada ano, comentando os acontecimentos políticos do Brasil.

O Bloco Soviético cresceu, até chegar ao Carnaval de 2017, quando homenageamos os 100 anos da Revolução Russa com um trio elétrico digno de uma estrela de Salvador e mais de 20 mil pessoas cantando e rindo com nossas marchinhas.

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Desde então, muita coisa mudou na cidade de São Paulo e no Carnaval de rua paulistano. Depois de problemas burocráticos com a Prefeitura (trajeto, organização, segurança etc), optamos por não sair em 2018.

E eis que chegou a roda-viva das eleições e carregou o destino pra lá. Dada a mudança radical de contexto que vivemos de 2013 pra cá, achamos que nossa piada essencial se esgotou. Não é mais engraçado brincar de comunismo recreativo quando a acusação de ser comunista se tornou efetivamente perigosa – por mais patético que isso seja – e é usada amplamente pelas forças políticas horríveis que ascenderam ao poder no país.

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É hora do Bloco Soviético sair de cena e partir pra Cuba, onde a esquerda é mais feliz, em busca da revolução. Um desfile do nosso bloco a partir de agora, mesmo que clandestinamente, acabaria atraindo atenções sem espírito carnavalesco, colocando em risco físico integrantes e foliões, o que seria uma temeridade e, no limite, uma irresponsabilidade.

Nunca fomos profissionais de Carnaval e nem visamos dinheiro quando botamos nosso bloco na rua. É hora de virar essa bela página vermelha que escrevemos no Carnaval de São Paulo, com tanto esforço e alegria, e aproveitar a energia represada para passar a bola a outros grupos que surgirão com criações novas, levando em conta e se adequando à nova realidade que a cidade, o estado e o país vivem.

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Ficaremos torcendo para que o Carnaval de rua de São Paulo tenha força e espontaneidade. E que nossos amigos dos tantos outros blocos se divirtam e façam essa cidade ainda mais colorida e divertida, esquecendo por ao menos alguns dias esse ranço conservador normativo que tomou conta do país.

Agradecemos imensamente aos outros blocos não comerciais como nós, à banda - que é a melhor, mais talentosa, engajada e comprometida do mundo soviético - e, em especial e carinhosamente, agradecemos a vocês que nos seguiram e nos divertiram durante esses 5 anos e sempre compreenderam tão bem nossa crítica em forma de marchinha, samba, piada e festa.

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A todos os blocos não comerciais que queiram cantar nossas músicas, fiquem à vontade. Façam isso! Vão nos encher de alegria, força e orgulho!

Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás!
Hasta la victoria, camaradas!


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